São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2008

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"As viagens foram intensas e loucas"

Logística da Liga Mundial de vôlei dividiu grupo e prejudicou preparação da seleção masculina, afirma Bernardinho

Treinador relembra Atenas, quando equipe também caiu perto do início dos Jogos, e aposta em ganho de ritmo até os mata-matas


DO ENVIADO A TÓQUIO

Bernardo Rezende, 48, o Bernardinho, treinador da seleção masculina de vôlei, diz não saber se o time vive hoje um momento melhor ou pior do que às vésperas da Olimpíada de Atenas, há quatro anos, quando a equipe obteve o bi olímpico.
Ele reconhece, porém, que houve problemas na preparação para Pequim. E insiste que é necessário adotar uma outra atitude para ter sucesso na China. A seguir, trechos da entrevista, concedida no hotel da seleção, em Tóquio.
(LUÍS FERRARI)

 


MUDANÇA DE PLANOS
Substancialmente, não. Claro que a atitude como um todo, a postura como um todo, muda. Porque foi mais que um tropeço. Foi um grande tropeço, derrotas que geraram questionamentos, dúvidas. E estamos trabalhando para crescer a partir disso. Que isso nos faça buscar com a intensidade devida as soluções. Mas o planejamento em si está mantido.

DÚVIDAS
É um momento realmente importante, depois de duas derrotas seguidas. Isso gera algumas dúvidas e convicções para outras equipes. É difícil lidar com isso. Mas não é a primeira vez que esse grupo encara dificuldades e tem que saber sair delas. O importante é que treinemos bem para que a convicção de que temos condições seja retomada. Ninguém desaprende, o time não cai tanto de padrão em uma semana.

PREPARAÇÃO
Claro que não tivemos na fase preparatória um volume bom de jogos ou de trabalho para que pudéssemos ter um time mais consistente. Alguns jogadores vieram de lesões, casos do Rodrigão e do Giba. Mas também tivemos, por questão da logística da Liga [Mundial], que dividir o grupo, já que as viagens eram intensas e absolutamente loucas, da Europa para a América do Sul, para a Europa de novo, para voltar...

UNIDADE
O grupo acabou ficando separado. Não deu para dar o volume e a quantidade necessária de trabalho para o grupo todo apresentar aquela unidade, o ajuste que queríamos. Os treinos antes da estréia serão importantes para que a gente sinta de novo aquela convicção de que o time está crescendo.

OBRIGAÇÃO
Derrotas podem acontecer. A gente analisa um 3 a 0, foi um jogo difícil, mas foram dois pontos no primeiro set, dois pontos no terceiro set. A gente esteve na frente nos dois sets, então tem um quê mesmo de buscar de novo aquela convicção de fechar o jogo e não sentir tanto a responsabilidade de enfrentar essa obrigação de ganhar. Não temos essa obrigação de ganhar. Temos a obrigação de fazer o nosso melhor sempre. A cobrança é enorme internamente, mas essa obrigação que se criou fora sabemos que é ilusória, porque não existe o automático da vitória, e sim a luta por ela.

CONVICÇÃO
Existe já um sistema, que precisa ser ajustado para trazer de volta a convicção. Essa semana, até a estréia, obviamente não é um tempo excessivo. Mas, pensando nos jogos eliminatórios, a partir das quartas-de-final, a gente tem 20 dias praticamente. É um tempo em que podemos ir ganhando o ritmo necessário para chegar bem à fase mais importante, que é a fase eliminatória, quando quem perder volta pra casa.

ATENAS-2004
Essas coisas são engraçadas. Depois da primeira vitória contra a Rússia no Rio, um companheiro seu perguntou se o Brasil chegava mais preparado para Pequim do que esteve para Atenas. É difícil dizer. Perdemos um amistoso para a França a uma semana da estréia em Atenas. Foi um jogo em que realmente jogaram muito melhor e nos suplantaram. O time acabou estreando bem, apesar de perder um set para a Austrália, o que foi chato. Mas ganhou confiança para partir em busca da medalha. É difícil comparar se estamos melhores ou não.

PADRÃO
Ao longo dos quatro anos, e nos últimos dois em especial, pelas mudanças que aconteceram [saiu o levantador Ricardinho], continuamos num bom padrão, com muitos títulos. E na fase inicial da Liga tivemos jogos bons e razoáveis, que nos davam confiança de um crescimento e de uma boa preparação. Tivemos o tropeço, e agora temos que sair dessa condição em que a gente mesmo se pôs.

NA INTERNET
www.folha.com.br/082161
ouça trechos da entrevista



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