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BASQUETE NO MUNDO
A primeira vez
MELCHIADES FILHO
No próximo dia 13, o basquete
terá motivos para afugentar a
ressaca pela fraca campanha no
Mundial de Atenas: o 50º aniversário do bronze na Olimpíada de Londres, a segunda conquista olímpica da história do
Brasil (o tiro obtivera ouro,
prata e bronze em 1920).
Infelizmente, os relatos da imprensa da época são pobres
-assim como os arquivos das
entidades esportivas nacionais.
Sabe-se que, por causa de contusões, o Brasil pisou a quadra
para enfrentar o México, em 13
de agosto de 1948, com um time
misto, usando três reservas.
Com um time mais alto, o adversário aproveitou para disparar, fechando o primeiro tempo
com 25 a 17 no placar.
Na segunda etapa, já com os
titulares Alfredo, Algodão e
Massinet na partida, os brasileiros se recuperaram. Anotaram os primeiros nove pontos
do período, assumindo a dianteira pela primeira vez.
O resto do jogo foi uma disputa feroz, com quase 20 inversões
de liderança. Mas, numa demonstração de fôlego psicológico (o que vem faltando ao Brasil no Mundial-98), a seleção
conseguiu novo espasmo ofensivo no fim, marcando 10 dos últimos 11 pontos do 52 x 47.
Alfredo foi o cestinha, com 26
pontos. A Massinet coube o episódio mais folclórico dos Jogos
-na briga por um rebote, teve
o calção inteirinho rasgado e
precisou correr ao vestiário.
A medalha ajudou a popularizar o esporte no país e estimulou o nascimento da geração
que chegaria ao bi mundial na
virada dos anos 50/60.
Serviu também para criar
uma hegemonia das Américas
no basquete. Está certo que os
europeus penavam, atordoados
pelos efeitos da Segunda Guerra
Mundial. Mas o fato é que 5 das
8 seleções nas quartas-de-final
eram americanas. E o título
acabou nas mãos dos EUA, que,
invictos e engatinhando havia
apenas um ano no profissionalismo do esporte, massacraram
a França na decisão, 65 x 21.
1948 1
Desacreditada por ter perdido o Sul-Americano um ano
antes, em pleno Rio, a seleção
brasileira foi formada somente
20 dias antes da viagem para
Londres. A correria quase custou ao time sua grande estrela.
Alfredo, considerado um dos
cinco melhores jogadores da
Olimpíada, só teve regularizada sua documentação na véspera do embarque, mesmo assim porque o então presidente
da República, Eurico Gaspar
Dutra, mexeu pauzinhos.
1948 2
O técnico da seleção olímpica
de bronze, Moacyr Daiuto, alcançaria um ouro 15 anos depois, no Mundial do Rio. Em
1970, na Iugoslávia, fez de novo um trabalho brilhante, atingindo o vice-campeonato.
Com tudo isso, e um cartel de
98 títulos por clubes no país,
Daiuto morreu em 1995, aos 75
anos, no esquecimento, para
variar. Merecia estátua.
E-mail melk@uol.com.br
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