São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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FUTEBOL

Treinador, que assinou até 2005, aceita salário menor e comissão técnica do clube e não terá palavra final em reforços

São Paulo apresenta Leão "domesticado"

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Emerson Leão, 55, aceitou ganhar menos, não levar comissão técnica e ser apenas técnico de futebol. Desmarcou o dentista em Belo Horizonte e cancelou viagem à sua fazenda em Barra do Garça, no interior de Mato Grosso.
Depois de tudo isso, ele foi apresentado ontem como novo técnico do São Paulo, com quem já "namorava", segundo ele mesmo disse, há algumas décadas.
"Felizmente acertamos tudo", disse o técnico, ao assumir o terceiro clube neste Brasileiro -os outros foram Santos e Cruzeiro.
Na noite de quinta-feira, Leão foi à casa do vice-presidente de futebol do São Paulo, Juvenal Juvêncio. Lá estava também o presidente do clube, Marcelo Portugal Gouvêa. Após algumas horas de conversa, eles chegaram a um acordo. O martelo foi batido ontem pela manhã, no CT.
Coincidência ou não, um dia antes o treinador encerrou negociações com um clube japonês.
Leão assinou contrato até o final de 2005 e receberá R$ 110 mil mensais, valor bem inferior ao que ganhava em seus dois últimos clubes, Cruzeiro e Santos -entre R$ 150 mil e R$ 200 mil por mês.
"Eu procuro sempre me tornar um técnico barato. E técnico barato é aquele que dá retorno."
O acerto financeiro, porém, não foi o que mais pesou para as partes selarem o "matrimônio".
Leão, famoso pelo gênio forte, concordou com as exigências da cúpula são-paulina. No Morumbi, será "apenas" o técnico, e não terá atribuições de gerente de futebol, como no Santos. Não será dele a palavra final em contratações. Os cartolas ainda disseram que não vão tolerar que o novo técnico critique outros departamentos do clube, como fez Cuca.
"O Leão é muito inteligente, ele sabe das coisas. O futebol não tem segredos. O fato de ele não querer levar comissão técnica facilitou muito também", disse Juvêncio.
Com Leão, chega só seu fiel escudeiro, o auxiliar-técnico e preparador de goleiros Pedro Santilli.
"Já há algum tempo eu deixei de carregar casa nas costas", disse o técnico, que trabalhará diretamente com o auxiliar-técnico Milton Cruz, o preparador físico Carlinhos Neves e o preparador de goleiros Haroldo Courbacier, todos do estafe são-paulino.
Ao acertar com o São Paulo, a primeira atitude de Leão foi telefonar para Cuca, seu antecessor, que entregou o cargo anteontem.
"Tracei um perfil psicológico e técnico dos atletas", disse Cuca, que aprovou seu substituto.
"Ele me passou os problemas, mas também as soluções, o lado bom do time. O São Paulo está a apenas seis pontos do líder, mas está todo mundo apavorado. Isso é um sinal muito bom", disse Leão, que já comandou seu primeiro treino ontem.
"O time precisa de um choque. E o Leão será ideal para isso", acredita Juvenal Juvêncio, que comparou o estilo do novo treinador ao de Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei.


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