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FUTEBOL
Treinador, que assinou até 2005, aceita salário menor e comissão técnica do clube e não terá palavra final em reforços
São Paulo apresenta Leão "domesticado"
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Emerson Leão, 55, aceitou ganhar menos, não levar comissão
técnica e ser apenas técnico de futebol. Desmarcou o dentista em
Belo Horizonte e cancelou viagem
à sua fazenda em Barra do Garça,
no interior de Mato Grosso.
Depois de tudo isso, ele foi apresentado ontem como novo técnico do São Paulo, com quem já
"namorava", segundo ele mesmo
disse, há algumas décadas.
"Felizmente acertamos tudo",
disse o técnico, ao assumir o terceiro clube neste Brasileiro -os
outros foram Santos e Cruzeiro.
Na noite de quinta-feira, Leão
foi à casa do vice-presidente de futebol do São Paulo, Juvenal Juvêncio. Lá estava também o presidente do clube, Marcelo Portugal
Gouvêa. Após algumas horas de
conversa, eles chegaram a um
acordo. O martelo foi batido ontem pela manhã, no CT.
Coincidência ou não, um dia
antes o treinador encerrou negociações com um clube japonês.
Leão assinou contrato até o final
de 2005 e receberá R$ 110 mil
mensais, valor bem inferior ao
que ganhava em seus dois últimos
clubes, Cruzeiro e Santos -entre
R$ 150 mil e R$ 200 mil por mês.
"Eu procuro sempre me tornar
um técnico barato. E técnico barato é aquele que dá retorno."
O acerto financeiro, porém, não
foi o que mais pesou para as partes selarem o "matrimônio".
Leão, famoso pelo gênio forte,
concordou com as exigências da
cúpula são-paulina. No Morumbi, será "apenas" o técnico, e não
terá atribuições de gerente de futebol, como no Santos. Não será
dele a palavra final em contratações. Os cartolas ainda disseram
que não vão tolerar que o novo
técnico critique outros departamentos do clube, como fez Cuca.
"O Leão é muito inteligente, ele
sabe das coisas. O futebol não tem
segredos. O fato de ele não querer
levar comissão técnica facilitou
muito também", disse Juvêncio.
Com Leão, chega só seu fiel escudeiro, o auxiliar-técnico e preparador de goleiros Pedro Santilli.
"Já há algum tempo eu deixei de
carregar casa nas costas", disse o
técnico, que trabalhará diretamente com o auxiliar-técnico Milton Cruz, o preparador físico Carlinhos Neves e o preparador de
goleiros Haroldo Courbacier, todos do estafe são-paulino.
Ao acertar com o São Paulo, a
primeira atitude de Leão foi telefonar para Cuca, seu antecessor,
que entregou o cargo anteontem.
"Tracei um perfil psicológico e
técnico dos atletas", disse Cuca,
que aprovou seu substituto.
"Ele me passou os problemas,
mas também as soluções, o lado
bom do time. O São Paulo está a
apenas seis pontos do líder, mas
está todo mundo apavorado. Isso
é um sinal muito bom", disse
Leão, que já comandou seu primeiro treino ontem.
"O time precisa de um choque.
E o Leão será ideal para isso",
acredita Juvenal Juvêncio, que
comparou o estilo do novo treinador ao de Bernardinho, técnico da
seleção masculina de vôlei.
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