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OLIMPÍADA
Participação em poucas provas tirou chances do país de obter melhor posição no quadro de medalhas dos Jogos
Erro estratégico condena Brasil olímpico
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma radiografia nos resultados
da Olimpíada de Sydney mostra
que o fracasso brasileiro na competição tem suas raízes na formação da delegação.
Ao contrário da impressão causada pelo quadro de medalhas,
em que ficou no 52º lugar, o Brasil
teve um aproveitamento de conquistas não muito distante do registrado por nações que ficaram
entre as mais premiadas, como
Cuba, Romênia e Bulgária.
Por incrível que pareça, o Brasil
teve em Sydney uma das delegações com o maior número de atletas com uma medalha no peito.
Dos 205 integrantes da equipe
formada pelo COB, 47 voltaram
para casa depois de uma escala no
pódio, o que significa um índice
de 23%, superior ao de várias nações com melhores posições no
quadro de premiações.
É o caso, por exemplo, da Romênia. Mesmo ganhando mais do
que o dobro de medalhas brasileiras (26), os europeus tiveram uma
proporção de atletas premiados
bem menor -só 18% da delegação foram ao pódio.
Até entre as maiores potências
esportivas do planeta a proporção
de premiados na equipe fica próxima da registrada pelo Brasil -a
Austrália só teve 25% da sua delegação recebendo uma medalha
nos Jogos que hospedou.
O que era para ser motivo de orgulho mostra, na verdade, o
quanto o projeto olímpico brasileiro não beneficia a conquista de
um grande número de medalhas.
Apostando em esportes coletivos e provas de revezamento, o
país teve na Olimpíada de Sydney
um dos menores índices de medalhas disputadas.
Mesmo levando 205 atletas para
Sydney, o Brasil só tinha condições de ganhar 108 medalhas.
Com apenas 95 inscritos, a Bulgária participou de 97 provas.
O México, que também ficou na
frente do Brasil no quadro de medalhas, disputou 81 medalhas
com 79 competidores.
Dessa forma, o que parece um
resultado desastroso do Brasil se
torna muito mais ameno quando
se compara o índice de medalhas
conquistadas por provas disputadas pelos atletas do país.
Como foi ao pódio 12 vezes, a
delegação brasileira teve um
aproveitamento de uma medalha
para nove provas disputadas.
Se tivesse o mesmo desempenho que a Romênia (uma medalha para cada sete provas disputadas), o Brasil teria mais quatro
medalhas nos Jogos de Sydney, o
que ainda o deixaria longe do total de premiações de nações com
delegações de tamanho parecido,
como Holanda e Cuba.
Além do baixo número de provas disputadas por inscritos, o
Brasil sofre uma falta de atletas
com bom desempenho em provas
individuais. Das 12 medalhas do
país em Sydney, só três, ou 25%,
foram em disputas em que os medalhistas concorreram sozinhos.
Na composição das premiações
da Austrália, a participação das
provas individuais chega a 55%,
número que salta para 75% no caso da Coréia do Sul.
O Brasil também não conseguiu
produzir em Sydney um atleta
que conseguisse conquistar mais
de uma medalha, como aconteceu com a Holanda, em que apenas três competidores, na natação
e no ciclismo, ganharam 12 medalhas, o mesmo que o obtido pelos
205 brasileiros.
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