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JOGO MODELO
No Pacaembu, mercado dá lucro
DA REPORTAGEM LOCAL
"É R$ 20 (sic). Você pode fazer
um rolo com o walk-man?"
A vida do cambista, assim como
de todos os "profissionais" da
economia informal, é bastante lucrativa no Pacaembu. Ingressos
são vendidos sem nenhum problema por preços 100% maiores
que o do produto original.
Especialmente nos jogos do Corinthians, a procura é enorme, assim como a pressa, que impede o
torcedor de ficar uma hora em
uma fila que é quase sempre furada por um atravessador.
A reportagem da Folha, que
acompanhou como torcedor a
derrota do Corinthians por 2 a 0
para o Fluminense no jogo modelo, foi abordada por pelo menos
dez cambistas diferentes no tempo em que ficou na fila para comprar ingresso (40 minutos).
Na hora da compra oficial, espera de 20 minutos para a "chegada"
de mais entradas -cambistas
têm dezenas de ingressos, para todos os setores, na mão.
Mesmo com carteira de estudante, não foi possível pagar
meia. "Não tem mais ingresso de
estudante", disse a bilheteira.
As barracas de lanches cadastradas pela prefeitura cobram
mais caro, mas lucram bem. "A
gente paga R$ 365 mil para a prefeitura a cada três meses. Mas vale
a pena. A gente tira uma boa grana", disse um vendedor que preferiu não se identificar.
Os flanelinhas pedem alto. Nos
primeiros contatos, o valor pedido é R$ 10. Com "choro", é possível deixar o veículo em lugar perigoso por R$ 5 "apenas".
Com o enorme calor de ontem
no Pacaembu -a organização ignorou o horário de verão e "cozinhou" os torcedores com o jogo
às 16h-, água, sorvete e cerveja
eram vendidos em grande quantidade. Todos os produtos não
saem por menos de R$ 1.
Pelas próprias catracas que ficam com os ingressos -o torcedor não ganha nenhum comprovante da compra da entrada-
passam, ou melhor "pulam", vários ambulantes. Esses também se
movimentam, ou melhor se arriscam, entre um setor e outro.
Por sorte, a reportagem conseguiu entrar no setor lilás do Pacaembu após dez minutos de jogo. A fila que ficou para trás, quilométrica, garantia para muitos
apenas o segundo tempo.
A segunda etapa, aliás, foi toda
vista de pé. Os assentos, sujos e
quebrados pelas pisadas, são ignorados pela torcida. O banheiro,
em péssimo estado, também não
é recomendável porque o torcedor pode perder o lugar na volta.
Na saída, pelo menos havia algumas promoções. A economia
informal costuma baratear os
produtos, mas as liquidações
após os jogos de futebol são impressionantes.
(RBU)
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