São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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JOGO MODELO

No Pacaembu, mercado dá lucro

DA REPORTAGEM LOCAL

"É R$ 20 (sic). Você pode fazer um rolo com o walk-man?"
A vida do cambista, assim como de todos os "profissionais" da economia informal, é bastante lucrativa no Pacaembu. Ingressos são vendidos sem nenhum problema por preços 100% maiores que o do produto original.
Especialmente nos jogos do Corinthians, a procura é enorme, assim como a pressa, que impede o torcedor de ficar uma hora em uma fila que é quase sempre furada por um atravessador.
A reportagem da Folha, que acompanhou como torcedor a derrota do Corinthians por 2 a 0 para o Fluminense no jogo modelo, foi abordada por pelo menos dez cambistas diferentes no tempo em que ficou na fila para comprar ingresso (40 minutos).
Na hora da compra oficial, espera de 20 minutos para a "chegada" de mais entradas -cambistas têm dezenas de ingressos, para todos os setores, na mão.
Mesmo com carteira de estudante, não foi possível pagar meia. "Não tem mais ingresso de estudante", disse a bilheteira.
As barracas de lanches cadastradas pela prefeitura cobram mais caro, mas lucram bem. "A gente paga R$ 365 mil para a prefeitura a cada três meses. Mas vale a pena. A gente tira uma boa grana", disse um vendedor que preferiu não se identificar.
Os flanelinhas pedem alto. Nos primeiros contatos, o valor pedido é R$ 10. Com "choro", é possível deixar o veículo em lugar perigoso por R$ 5 "apenas".
Com o enorme calor de ontem no Pacaembu -a organização ignorou o horário de verão e "cozinhou" os torcedores com o jogo às 16h-, água, sorvete e cerveja eram vendidos em grande quantidade. Todos os produtos não saem por menos de R$ 1.
Pelas próprias catracas que ficam com os ingressos -o torcedor não ganha nenhum comprovante da compra da entrada- passam, ou melhor "pulam", vários ambulantes. Esses também se movimentam, ou melhor se arriscam, entre um setor e outro.
Por sorte, a reportagem conseguiu entrar no setor lilás do Pacaembu após dez minutos de jogo. A fila que ficou para trás, quilométrica, garantia para muitos apenas o segundo tempo.
A segunda etapa, aliás, foi toda vista de pé. Os assentos, sujos e quebrados pelas pisadas, são ignorados pela torcida. O banheiro, em péssimo estado, também não é recomendável porque o torcedor pode perder o lugar na volta.
Na saída, pelo menos havia algumas promoções. A economia informal costuma baratear os produtos, mas as liquidações após os jogos de futebol são impressionantes. (RBU)


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