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JOGO QUALQUER
No ABC, nem ambulante fatura
DA REPORTAGEM LOCAL
No mundo real, as coisas são diferentes. Muito diferentes.
A começar pela chegada ao estádio. Nas ruas e avenidas que dão
acesso ao Anacleto Campanella,
em São Caetano, nenhuma indicação, nenhum policial orientando veículos e torcedores.
Na hora de parar o carro, são
duas as opções. Pagar R$ 5 para
estacionar na garagem de uma
das casas vizinhas ou ficar na mão
dos flanelinhas: "Deixa R$ 2 aí,
doutor". Estacionamento credenciado é um sonho distante.
A informalidade em torno do
estádio fica por aí. E não é mérito
da polícia ou da fiscalização. É um
sintoma da falta de torcida.
Eram 16h10, ontem, sol a pino
no ABC, pouco menos de uma
hora para o início de São Caetano
x Juventude. Com movimento
fraco, não havia uma única barraquinha em torno do estádio.
No comércio oficial, no entanto,
havia algumas opções gastronômicas para os torcedores de estômago forte. E todas bem distintas
daquelas do jogo modelo.
Na padaria diante do estádio, a
menos de 50 m do portão principal, uma costela de porco exposta
no balcão era, digamos, curiosa. O
sanduíche de pernil, a R$ 3,20,
certamente não havia passado pelo crivo da vigilância sanitária.
E era ali que acontecia uma verdadeira festa da cerveja. Desrespeitando a lei que proíbe venda de
bebidas alcoólicas a menos de 200
m do estádio, a tal padaria estava
lotada de torcedores.
Bebidas destiladas também
eram vendidas sem restrições
-um copo com dois dedinhos de
cachaça saía por R$ 1,50.
Repetindo uma cena vista no
Pacaembu, os cambistas deram as
caras em São Caetano. Sob vista
grossa da PM, ofereciam ingressos para quem se dirigia aos portões do Anacleto Campanella.
O resultado financeiro, porém,
foi bem diferente. Ontem, no
ABC, eles amargaram prejuízo: as
filas nas bilheterias eram pequenas, sobraram lugares no estádio,
e os cambistas tiveram que vender entradas abaixo do preço.
Dentro do estádio, as diferenças
com o jogo modelo do Ministério
dos Esportes continuavam.
Não há, por exemplo, como numerar as cadeiras do Anacleto
Campanella. Simplesmente porque o estádio não tem cadeiras.
Apesar de o domingo no ABC
ter sido diferente daquele planejado pelo ministério, os torcedores
não reclamaram. Para Fernando
Palma Canepa, o Cabelo, presidente da torcida organizada Sangue Azul, tudo estava ótimo.
"O que a gente quer é que a
Consul [patrocinadora do time"
sorteie umas geladeiras e uns fogões de segunda linha aqui no estádio. Aí, quem sabe, a torcida
não aumenta?"
(FSX)
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