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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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TÊNIS

Ele, ele... E ele

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O Brasil abre, mais uma vez, a temporada na elite, no Grupo Mundial da Copa Davis, felizmente. Mais uma vez, infelizmente, a estréia é fora do país.
Mais uma vez, obviamente, o piso escolhido pelos adversários, o carpete, é muito diferente de um saibro, que nos daria conforto, um pouco de segurança. Discretamente, mais uma vez, a outra equipe, desta vez formada pelos suecos, sai com uma ligeira dose de favoritismo.
E, mais uma vez, realmente, as esperanças nacionais estão depositadas todas sobre os ombros de Gustavo Kuerten. Infelizmente (ou felizmente?).
Se Kuerten não estiver em um bom fim de semana, três dias de muita inspiração, com seu talento habitual, as chances do Brasil, a partir desta sexta-feira, em Helsinborg, não são grandes. São, honestamente, muito pequenas, algo quase perto do impossível.
Mas, se Kuerten estiver em uma boa fase, ufa!, aí o Brasil terá alguma chance contra a Suécia. Ex-número um do mundo, ele pode ganhar os seus dois jogos e ser decisivo também nas duplas. Uma surpresa aqui (com André Sá), outra surpresa acolá (com Jonas Bjorkman), e pronto: o Brasil vai às quartas-de-final. Mais uma vez, é Guga ou eles.
 
Há dois anos, a esta coluna, John Fitzgerald, o capitão australiano, revelou o que os rivais fazem para enfrentar e vencer um confronto com os brasileiros: jogam o que podem nas duplas.
Explicação: perder dois jogos para Gustavo Kuerten, no saibro, no carpete, no tapete ou na grama, não é vergonhoso para nenhum tenista no mundo. Ganhar os outros dois jogos de simples, seja contra Fernando Meligeni, André Sá ou Flávio Saretta, é dever de casa, pura obrigação.
Logo, com duas vitórias e duas derrotas de cada lado, o jogo que decide é o de duplas. Tomara que André Sá, na simples, enterre de vez essa maldita lógica e tática adversária.
 
Mats Wilander, ex-número um do mundo e capitão da equipe sueca, tem muitos defeitos, mas "ser bobo" não é um deles. Vai fazer esse óbvio: escalar, no primeiro dia, não o seu segundo melhor tenista, mas aquele que conseguirá resistir mais tempo a Kuerten, se possível levando a partida para o quinto, longo, desgastante e decisivo set. Porque os suecos, como os australianos, os franceses e os espanhóis, terão como estratégia cansar, cansar e cansar Kuerten no primeiro dia. E jogar todas as bolas sobre ele no jogo de duplas, no sábado.
Se tudo isso der certo, Kuerten jogará contra Enqvist, no domingo, bastante desgastado. Terá jogado horas e horas na sexta, terá jogado uma partida de duplas intensa no sábado. Estará sob pressão, precisando ganhar para ainda respirar. Aí, pensam os suecos, Enqvist, descansado, com apenas um jogo de três sets na sexta, pode fechar o confronto em 3 a 1.
Mas, mesmo que falhe, os frios e calculistas suecos sabem que o quinto jogo colocaria um experiente Bjorkman, em casa, contra Sá. Ponto garantido, pensam sempre os rivais. Afinal, fala o mundo inteiro, o Brasil é time de um jogador só: Gustavo Kuerten.
Talvez, algum dia, Sá, Saretta, Mello ou Zé prove que não é bem assim. Pode ser agora. Pode ser nunca.

A volta
Pela primeira vez desde outubro de 2001, Lindsay Davenport conquista um título. Bateu Monica Seles na final em Tóquio. Mostra que está recuperada da cirurgia no joelho. Davenport aproveitou para soltar o verbo contra Martina Hingis. Quando perguntaram se ela acredita na sua volta, disse que não. "Acho que ela não quer voltar a jogar para perder de tenistas das quais jamais perdeu."

A vinda
O espanhol Emílio Sánchez estará neste fim de semana em São Paulo ministrando clínica para juvenis e palestra para treinadores. Ex-top ten, tem uma das academias mais badaladas da Europa.

O começo
O Pinheiros (SP) abre segunda o primeiro torneio future no país. Vai até dia 16 e terá, no saibro, tenistas em início de carreira e juvenis em transição. Na outra semana, o circuito vai para Goiás.

E-mail reandaku@uol.com.br


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