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AÇÃO
"Nasci de novo"
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Há cerca de seis meses divulguei aqui, sob o título
"Inimigo invisível", as dificuldades enfrentadas pelos participantes do Eco Challenge, corrida de
aventura disputada em Fiji, na
qual 80 participantes foram parar
no hospital. Em particular, o drama do brasileiro Alexandre Freitas, 40, que, quatro dias após concluir a prova, foi internado, entrou em coma e ficou meses entre
a vida e a morte. Nesta semana,
com o auxílio de sua fonoaudióloga, ditou o texto a seguir para
sua colega Patrícia Croci:
"Minha luta pela vida é longa,
mas estou confiante na vitória. O
apoio dos meus familiares e amigos tem sido importante para a
minha recuperação e sei que tenho dado muito trabalho a todos.
A minha história é única: em outubro de 2002, durante uma competição nas Ilhas Fiji, fui infectado por um parasita endêmico da
região (Angiostrongylus cantonensis), provavelmente através
da ingestão de verduras cruas ou
peixes mal cozidos. O parasita
alojou-se no tronco da medula.
Durante dois meses e meio, fiquei
inconsciente e permaneci na UTI
(primeiro, em um hospital na
Austrália, depois transferido para
o Brasil). Quando acordei, constatei que conseguia apenas mexer
meus olhos. Nada mais. O fato
mais doloroso era que eu tinha
consciência das minhas limitações, mas não conseguia reagir.
Apesar das dificuldades, meu
maior tesouro estava preservado:
minha consciência. Hoje sou assistido em casa. Meu quadro
atual é de meningite eosinófila:
eu não ando, não enxergo as coisas com nitidez, não degluto normalmente e não falo sem o auxílio de uma válvula. Tenho que
reaprender a viver. Minha visão
foi extremamente prejudicada
por uma úlcera de córnea. Outro
agravante é que dependo de um
aparelho para respirar. Isso me
prende muito. Sou uma pessoa
bastante determinada, tenho certeza de que vou me recuperar totalmente e, para isso, levarei o
tempo que for necessário. Tenho
consciência de que sobrevivi apenas por ser uma pessoa de hábitos
saudáveis. Sei, também, que para
melhorar tenho que me esforçar
muito, por isso me aplico com
afinco aos exercícios de fonoaudiologia e fisioterapia, sem reclamar da dor ou do cansaço. Por vezes, acordo durante a madrugada
para me exercitar sozinho. Já consigo ficar de pé com o auxílio de
enfermeiros. Acredito que a fase
crítica já foi superada. Sei que,
agora, minha luta depende muito
mais de mim do que de médicos,
fonoaudiólogos, fisioterapeutas e
enfermeiros que me assistem, mas
reconheço que ainda necessito deles. Agradeço a todos que têm me
ajudado, em especial aos meus
pais, Henrique e Vera, minha irmã, Vera Helena, meus filhos,
Amanda e Rodrigo, minha esposa, Elza, amigos e familiares. Estou determinado a voltar às atividades brevemente."
Alexandre é o principal responsável pelo desenvolvimento da
corrida de aventura no Brasil.
Com recursos próprios e muita
determinação, ele fundou a EMA
(Expedição Mata Atlântica) e
viabilizou as primeiras competições. Não tenho dúvida de que ele
vai vencer mais essa.
WCT - Tavarua
O atual campeão mundial, o havaiano Andy Irons, com atuação brilhante na final, contra Cory Lopez, venceu a quarta etapa do tour, sua
segunda no ano, e disparou na liderança do Mundial de surfe.
Lixão
Desde 1950, o Everest tem sido usado como depósito de lixo. São garrafas de oxigênio, latas de comida e até corpos. Nesta temporada, três
times fizeram faxina anual . Saldo: 2,5 toneladas.
Raid Gauloises - Quirguistão
A equipe brasileira de corrida de aventura, Atenah, predominantemente feminina, foi a única sul-americana convidada entre as 39 escolhidas para a prova, que terá 950 km e ocorre entre os dias 10 e 19.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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