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FUTEBOL
A casa cai
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Depois da alegada inviabilidade do Estatuto do Torcedor, fico feliz ao ver os clubes competindo entre si para ver quem
implementa mais mudanças para
beneficiar o público.
O Santos merece elogios por ter
descentralizado - há tempos, na
verdade- a venda de ingressos
para os jogos na Vila Belmiro,
mas a TV mostrou que algumas
pessoas ficaram mais de três horas na fila de uma bilheteria do
estádio anteontem. Ou seja, precisa melhorar.
O teste do sistema de câmeras
também foi positivo. Mas algumas pessoas que estiveram no jogo contra o São Paulo estranharam o público anunciado, de
13.032 pagantes. No olhômetro, a
impressão era que o estádio estava "quase cheio". Se a capacidade
do Urbano Caldeira for mesmo de
20.120 espectadores, como dizem
os bombeiros, faz sentido: 70%
disso (quase cheio...) equivalem a
14.084. Seria aceitável. Mas, se
couberem mesmo 25.160 pessoas,
como o Santos defendia em 2002,
fica difícil acreditar que só havia
13 mil. Além disso, o borderô no
site oficial só informa o total das
despesas, mas não as especifica.
Por isso, insisto: precisa melhorar.
Aliás, a reportagem do Fernando Mello e do Marcelo Sakate na
Folha de sexta-feira foi um primor, mostrando o quanto os borderôs são misteriosos, mesmo
quando são mais detalhados. O
Corinthians inclui nas despesas
com o "Quadro Móvel" os orientadores de público, o aluguel de catracas, a confecção de ingressos e
muito mais. Mesmo assim, o total
dessas despesas na partida contra
o Juventude (R$ 9.385 ) foi menor
do que o pago pelo São Paulo só
aos bilheteiros na jogo contra o
Paraná (R$ 9.550 ). Será possível?
Sinceramente, eu duvido que
haja um controle superclaro desses gastos. Os clubes dizem "pagamos tanto, vendemos tanto" e
pronto, só nos resta acreditar. Ou
não? Alguém precisa insistir na
investigação: quantas pessoas trabalharam, quanto lhes foi pago,
cadê os comprovantes? Quantos
ingressos foram vendidos de verdade? (Não venham me dizer que
contaram os que sobraram, porque podem ser clonados...) Quem
fabrica bilhetes e catracas, quem
confere os números? Como os ingressos chegam até os cambistas?
Os clubes reclamam do excesso
de despesas e têm razão em alguns
pontos. Segundo o estatuto, quem
tem de pagar a arbitragem é a entidade organizadora do evento,
não o mandante (faz sentido). E
eles estão certíssimos em reclamar
dos 5% pagos à federação estadual, que não tem despesa com os
jogos! Um clube do Sul reclamou,
mas não quis se identificar, com
medo de represálias. É o cúmulo.
Os clubes continuam reféns de parasitas, por medo, omissão ou conivência com as maracutaias.
Às vezes me pergunto se alguém
vai abrir o bico, como o ex-diretor
do Sindicato dos Transportes que
fez denúncias importantes para a
investigação de irregularidades
escandalosas. No futebol, muitos
já ouviram ou souberam de coisas
que só comentam em conversas
com amigos. Um dia algum ex-funcionário há de ter coragem de
contar o que viu, e aí a casa cai.
Seleção B?
Mais uma vez, a convocação da
seleção brasileira vem cheia de
ressalvas e descontos. Uns não
vão porque estão de férias, outros não podem porque estão
na Libertadores... Na Copa das
Confederações há mais tempo
para treinos e observações do
que em um amistoso, mas sobram motivos para invalidar as
conclusões. Mesmo que os novatos brilhem, pode-se dizer
que os mais experientes também jogariam melhor em um
torneio para valer (ou que os
adversários, também desfalcados, eram fracos). Como sempre, houve surpresas, como
Dudu Cearense, que poderia
disputar a Copa Ouro com a seleção olímpica. Questiono os
critérios, mas espero não estragar a alegria do garoto, genuína
e gostosa de ver.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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