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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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FUTEBOL

A casa cai

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Depois da alegada inviabilidade do Estatuto do Torcedor, fico feliz ao ver os clubes competindo entre si para ver quem implementa mais mudanças para beneficiar o público.
O Santos merece elogios por ter descentralizado - há tempos, na verdade- a venda de ingressos para os jogos na Vila Belmiro, mas a TV mostrou que algumas pessoas ficaram mais de três horas na fila de uma bilheteria do estádio anteontem. Ou seja, precisa melhorar.
O teste do sistema de câmeras também foi positivo. Mas algumas pessoas que estiveram no jogo contra o São Paulo estranharam o público anunciado, de 13.032 pagantes. No olhômetro, a impressão era que o estádio estava "quase cheio". Se a capacidade do Urbano Caldeira for mesmo de 20.120 espectadores, como dizem os bombeiros, faz sentido: 70% disso (quase cheio...) equivalem a 14.084. Seria aceitável. Mas, se couberem mesmo 25.160 pessoas, como o Santos defendia em 2002, fica difícil acreditar que só havia 13 mil. Além disso, o borderô no site oficial só informa o total das despesas, mas não as especifica. Por isso, insisto: precisa melhorar.
Aliás, a reportagem do Fernando Mello e do Marcelo Sakate na Folha de sexta-feira foi um primor, mostrando o quanto os borderôs são misteriosos, mesmo quando são mais detalhados. O Corinthians inclui nas despesas com o "Quadro Móvel" os orientadores de público, o aluguel de catracas, a confecção de ingressos e muito mais. Mesmo assim, o total dessas despesas na partida contra o Juventude (R$ 9.385 ) foi menor do que o pago pelo São Paulo só aos bilheteiros na jogo contra o Paraná (R$ 9.550 ). Será possível?
Sinceramente, eu duvido que haja um controle superclaro desses gastos. Os clubes dizem "pagamos tanto, vendemos tanto" e pronto, só nos resta acreditar. Ou não? Alguém precisa insistir na investigação: quantas pessoas trabalharam, quanto lhes foi pago, cadê os comprovantes? Quantos ingressos foram vendidos de verdade? (Não venham me dizer que contaram os que sobraram, porque podem ser clonados...) Quem fabrica bilhetes e catracas, quem confere os números? Como os ingressos chegam até os cambistas?
Os clubes reclamam do excesso de despesas e têm razão em alguns pontos. Segundo o estatuto, quem tem de pagar a arbitragem é a entidade organizadora do evento, não o mandante (faz sentido). E eles estão certíssimos em reclamar dos 5% pagos à federação estadual, que não tem despesa com os jogos! Um clube do Sul reclamou, mas não quis se identificar, com medo de represálias. É o cúmulo. Os clubes continuam reféns de parasitas, por medo, omissão ou conivência com as maracutaias.
Às vezes me pergunto se alguém vai abrir o bico, como o ex-diretor do Sindicato dos Transportes que fez denúncias importantes para a investigação de irregularidades escandalosas. No futebol, muitos já ouviram ou souberam de coisas que só comentam em conversas com amigos. Um dia algum ex-funcionário há de ter coragem de contar o que viu, e aí a casa cai.

Seleção B?
Mais uma vez, a convocação da seleção brasileira vem cheia de ressalvas e descontos. Uns não vão porque estão de férias, outros não podem porque estão na Libertadores... Na Copa das Confederações há mais tempo para treinos e observações do que em um amistoso, mas sobram motivos para invalidar as conclusões. Mesmo que os novatos brilhem, pode-se dizer que os mais experientes também jogariam melhor em um torneio para valer (ou que os adversários, também desfalcados, eram fracos). Como sempre, houve surpresas, como Dudu Cearense, que poderia disputar a Copa Ouro com a seleção olímpica. Questiono os critérios, mas espero não estragar a alegria do garoto, genuína e gostosa de ver.

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