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BOXE
Vai trabalhar, vagabundo!
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O anúncio da aposentadoria de Félix Trinidad, divulgado nesta semana, deve ser recebido com certo ceticismo.
E com razão. Afinal, o porto-riquenho tem apenas 29 anos.
Muito poucos pugilistas cumprem a promessa de não retornar.
Marvin Hagler, Rocky Marciano
e Sean O'Grady são alguns desses.
O brasileiro Eder Jofre foi um
daqueles que não cumpriram a
promessa de pendurar as luvas.
Ainda bem! Assim, depois de conquistar o título dos galos, anexou
o cinturão dos penas também e
entrou para a história como um
dos maiores lutadores de todos os
tempos (não, não é exagero!).
E quem foi o principal responsável pela volta de Eder aos ringues, aos 30 e poucos anos?
Segundo a biografia ""O Galo de
Ouro", seu filho, Marcel, então
apenas uma pequena criança.
Um dia, após ter se aposentado,
Eder estava em casa e o filho perguntou o que ele fazia da vida.
Eder tentou explicar que um ex-atleta é como um artista, ou algo
parecido. Mas o menino prosseguiu: ""Mas você não trabalha,
pai?". E ficou olhando para Eder,
com um olhar acusador. Naquele
momento, Eder resolveu voltar. E
o resto, como dizem, é história.
Voltando a Trinidad, embora
sua aposentadoria pareça mais
sincera do que a ameaça de De la
Hoya de pendurar as luvas, só resta apostar quanto tempo vai durar sua aposentadoria.
A surpresa da volta do boxe internacional à Bandeirantes vem
sendo o comentarista Miguel de
Oliveira, 54, ex-campeão dos médios-ligeiros. Por quê?
Quando comentou para a Globo, na década passada, falava o
óbvio, de modo tímido, não acrescentava. Um exemplo de diálogo
entre ele e o narrador: ""E então,
Miguel, você acha que fulano vai
para o tudo ou nada? Mas aí ele
arriscaria tudo, não?", perguntou
o narrador. ""É, ele pode ir para o
tudo ou nada... Mas aí arriscaria
tudo mesmo", comentou Miguel.
Parecia que o ex-campeão estaria condenado a levar somente o
""nome" e nada mais nas ocasiões
em que trabalhasse em estúdios.
Posteriormente, na oportunidade em que conversei com ele
quando treinou o cruzador Ezequiel Paixão para lutar pelo título
com Fabrice Tiozzo, em 1998, minha opinião sobre ele pouco mudou. Foi monossilábico e mantinha ""cara de poucos amigos".
Quando reencontrei Miguel, no
início do ano, mostrou um outro
lado. Sorriu, ensaiou piadas, comentou detalhadamente a tática
empregada por Popó na unificação com o cubano Casamayor.
E até falou da vida em geral.
Mas qual não foi minha surpresa quando ouvi seus comentários,
agora relevantes e em bom som,
durante as lutas este mês (pode
melhorar, mas quem conheceu o
""velho" Miguel certamente ficou
surpreso). Sua explicação para a
evolução? ""Como em qualquer
atividade, a leitura, a observação
e a experiência influenciam a
qualidade do que fazemos."'
Ainda falando sobre TV, a
ESPN International, que mantém
o programa semanal ""Friday
Night Fights", às sextas-feiras,
passa a exibir outro programa de
boxe, às terças-feiras, o ""Tuesday
Night Fights", a exemplo do que
ocorreu em 2001 (além dos teipes
de clássicos). A novidade para o
Brasil é que, ao contrário do que
aconteceu no ano passado, esse
segundo programa já passou a ser
exibido por aqui também.
Brasil 1
O meio-médio-ligeiro Antonio Mesquita e o leve Edson do Nascimento, o Xuxa, assinaram com Don King e estão no centro de treinamento de Ohio do americano. O novo treinador de ambos é Al
Bonani. A equipe do campeão dos leves da OMB, Arthur Grigorian, procura inviabilizar desafio de Xuxa, primeiro do ranking,
alegando que o brasileiro nunca enfrentou ninguém ranqueado.
Brasil 2
O torneio amador Luvas de Ouro terminou na última terça-feira.
Os vencedores individuais: Rodrigo Oliveira (superpesado), José
Ricardo Rodrigues (peso-pesado), Washington Luís (meio-pesado), Carlos Nascimento (médio), Claucélio Abreu (médio-ligeiro),
Roberto Oliveira (meio-médio), Everton Caetano Silva (meio-médio-ligeiro), Wlademir Jesus (leve), Mike Carvalho (pena), Jeferson Loiola (galo), James Dean Pereira (mosca) e J. Anastácio (mosca-ligeiro). A academia campeã foi a AD São Caetano.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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