São Paulo, Domingo, 05 de Setembro de 1999
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Ferrari tem o primeiro brasileiro

Paulo Giandália - 09.abr.99/Folha Imagem
O piloto faz sinal de positivo após treino para o GP do do Brasil



Mais tradicional equipe da F-1 confirma, em comunicado oficial, a contratação de Rubens Barrichello
FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local

"A Ferrari anuncia que Rubens Barrichello assinou para pilotar para a escuderia pelos próximos dois anos, em parceria com Michael Schumacher."
O comunicado, emitido ontem pela manhã em Maranello, Itália, sede da Ferrari, confirmou o que já se sabia há semanas: Barrichello, 27, a partir do ano que vem, será o primeiro brasileiro a disputar um Mundial de F-1 pela mais tradicional equipe do automobilismo.
Há sete anos na categoria, trocará de lugar com Eddie Irvine, seu antigo companheiro na equipe Jordan.
O atual vice-líder do campeonato irá para a Stewart, time pelo qual Barrichello corre desde 1997. E o brasileiro ficará com a vaga de segundo piloto ferrarista, desde 1996 ocupada pelo irlandês.
O comunicado, de dez linhas, é um pouco mais longo do que os usuais anúncios frios, curtos e sem muitos comentários da F-1.
A Ferrari aproveita para agradecer Irvine "por sua colaboração construtiva e por sua lealdade com o time nos últimos quatro anos".
A escuderia tem um bom motivo para isso: o irlandês é sua única esperança de conquistar o Mundial de Pilotos desta temporada, tirando a equipe de um jejum de 20 anos sem o título.
Por fim, o comunicado de Maranello destaca que "tanto o time como o piloto (Irvine) se esforçarão ao máximo nas quatro últimas corridas do ano".
A decisão de contratar o brasileiro priva a Ferrari de um luxo, um detalhe que costuma render bastante dinheiro no universo de supercomercialização da F-1.
Caso consiga o título da temporada, Irvine levará o número um, destinado ao piloto campeão, para seu carro na Stewart -atualmente, ele tem 59 pontos no Mundial, um a menos do que o líder, o finlandês Mika Hakkinen, da McLaren
Até hoje, apenas um brasileiro pilotou uma Ferrari na F-1: Chico Landi, pioneiro do automobilismo no país, que correu uma prova, o GP da Itália de 1951, usando um carro alugado.
Outra marca do anúncio de ontem: desde a morte de Ayrton Senna, no GP de San Marino de 1994, o Brasil não tinha um piloto em uma equipe de ponta da F-1.
A imprensa italiana, ontem, já dedicava espaço para a contratação de Barrichello. O "La Gazzetta dello Sport", que pertence ao grupo Fiat, proprietário da Ferrari, disse que o piloto brasileiro reagiu com uma risada denunciadora quando questionado anteontem sobre sua contratação.
Segundo a "Gazzetta", Barrichello receberá US$ 4,5 milhões por ano, menos da metade dos US$ 10 milhões estimados anteriormente pela mídia italiana.
O novo piloto da Ferrari não compareceu ao anúncio em Maranello. Estava longe dali, na Inglaterra, onde vive desde os tempos em que disputava as categorias de base na Europa.
E foi nesses campeonatos, correndo por equipes como a "Il Barone Rampante", na F-3.000, que Barrichello aperfeiçoou sua fluência em italiano, algo que pode lhe valer como um trunfo na Ferrari.
Schumacher não fala italiano e isso, em se tratando de Ferrari, conta muito. Nem o fato de ser o melhor piloto da atualidade o livro da fama de antipático e arrogante entre os "tifosi".
Caso Barrichello consiga ganhar a simpatia dos torcedores e da chefia da Ferrari, terá percorrido um bom caminho para seu objetivo, que é ter as mesmas condições de trabalho do alemão.
Apesar de o contrato de Barrichello lhe assegurar o mesmo número de testes de Schumacher e equipamentos iguais, na prática, o brasileiro precisará lutar por seu espaço na equipe.
Seu primeiro treino com a Ferrari acontecerá em dezembro.


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