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Estrela de Sydney-2000 admite ter usado doping
Marion Jones, dona de 5 pódios olímpicos, afirma que utilizou droga por 2 anos
Norte-americana, que deve se declarar culpada hoje em investigação federal, corre risco de ter cassada todas as suas conquistas olímpicas
DA REPORTAGEM LOCAL
A velocista Marion Jones, 31,
admitiu que usou doping como
forma de preparação para os
Jogos de Sydney-2000. A notícia foi divulgada ontem à tarde
pelo diário "Washington Post".
A atleta foi o destaque daquela Olimpíada ao conquistar três
ouros e dois bronzes -ela corre
o risco de perder as medalhas.
Marion pretende se declarar
culpada hoje, em depoimento a
agentes federais que investigam o uso de drogas no esporte.
Ela sempre negou, com veemência, haver trapaceado.
Em carta enviada a familiares e amigos, Marion contou
que utilizou um suplemento,
"clear" (limpo), durante dois
anos, a partir de 1999.
A substância ficou mais tarde
conhecida como THG, esteróide anabólico criado só para
burlar controles antidoping. A
droga promove aumento da
força e da potência musculares.
Trevor Graham, ex-treinador da velocista, está implicado
no maior escândalo de doping
do atletismo norte-americano.
Ele teria prescrito a droga para
seus atletas usarem. Contactado ontem, Graham disse que
não comentaria o assunto.
Na carta, Marion afirma que
não sabia que a droga era banida. "Confiava [no técnico] e
nunca pensei, um segundo sequer [que fazia uso de doping]."
Segundo a atleta, ela só foi
descobrir o problema quando
deixou a cidade de Raleigh (Carolina do Norte), onde era dirigida por Graham, em 2002.
"O sinal de alerta foi ligado
quando ele me falou para não
contar a ninguém sobre isso [os
suplementos que tomava]",
afirmou Marion, na carta.
A atleta também observou
mudanças em seu corpo devido
ao uso da droga. A principal foi
uma extraordinária capacidade
de recuperação, mesmo após
realizar treinamentos pesados.
Em Sydney, o forte da norte-americana foi justamente a superação: conquistou o título
olímpico nos 100 m, nos 200 m
e no revezamento 4 x 400 m.
Subiu ainda ao degrau mais baixo do pódio no salto em distância e no revezamento 4 x 100 m.
Nos anos que se seguiram
àquela Olimpíada, sua carreira
começou a degringolar. No
Mundial de Edmonton (Canadá), no ano seguinte, ganhou
apenas um ouro nos 200 m.
Nos 100 m, acabou derrotada, de forma surpreendente,
pela ucraniana Zhanna Pintusevich-Block. Daquele pódio,
que também teve a presença da
grega Ekaterini Thanou (bronze), todas as atletas enfrentariam acusações de doping.
Foram as últimas conquistas
significativas da carreira de
Marion. Suas glórias começaram a despertar suspeitas. Em
dezembro de 2004, o COI (Comitê Olímpico Internacional)
abriu investigação sobre doping após denúncia contra ela.
Pessoas próximas à norte-americana foram, uma a uma,
sendo flagradas em controles.
Seu primeiro marido, C.J.
Hunter foi punido em 2000
após seu exame detectar níveis
alarmantes de nandrolona, outro esteróide anabólico. Campeão mundial de arremesso de
peso em 1999, acabou banido.
Tim Montgomery, o segundo
marido, chegou a deter o recorde mundial dos 100 m. Contudo suas marcas a partir de 2001
foram anuladas, após ser considerado culpado por doping.
Ao saber da punição, Montgomery encerrou a carreira. Na
ocasião, o casamento entre os
dois, que tiveram um filho, Timothy, já havia acabado.
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