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São Paulo, domingo, 06 de abril de 2003

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Acerto aerodinâmico embala brasileiro em treino equilibrado

Barrichello faz supervolta e larga "à la Schumacher"

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Atrás de Barrichello no campeonato e no grid de hoje, Schumacher acena para a torcida em SP


DA REPORTAGEM LOCAL

Rubens Barrichello ainda não havia voltado para os boxes e, fato raríssimo, sua estratégia para o GP de hoje já era conhecida. Amigo do ferrarista e piloto de testes da escuderia italiana até fevereiro, Luciano Burti abriu o jogo.
"O Rubinho fez um excelente trabalho. Ainda mais porque ele está com boa quantidade de gasolina no tanque", disse. "Ao contrário de outros pilotos, ele não vai largar com tanque vazio."
Sem precisar reabastecer logo nas primeiras voltas, Barrichello partirá para a corrida com uma estratégia "à la Schumacher".
Ao longo da carreira, o alemão se notabilizou por se livrar de problemas na largada, disparar na frente e abrir a maior vantagem possível com algumas voltas voadoras. Assim, quando vai para os boxes, pode voltar à pista na ponta. Ou bem próximo do líder.
Para que o plano funcione, porém, é preciso largar na primeira fila. E Barrichello buscou isso ontem com uma volta impecável.
Com um acerto de muita pressão aerodinâmica no aerofólio traseiro, contemplando a possibilidade de chuva na parte final da prova, o brasileiro entrou na pista às 14h38 precisando bater o tempo do escocês David Coulthard, 1min13s818, o pole provisório.
Foi mais lento que o adversário no primeiro e no último trechos da pista, de altas velocidades. No miolo, travado, fez valer seu acerto aerodinâmico e descontou a diferença. Fechou a volta em 1min13s807, 0s011 mais veloz.
Restava, ainda esperar Mark Webber, a surpresa do treino de anteontem. E o australiano deixou a torcida de pé. Superou Barrichello nos dois primeiros trechos, mas perdeu tempo na subida para a Reta dos Boxes. Acabou em terceiro, atrás de Coulthard.
"Rubens deu uma supervolta. Estamos esperando que ele faça uma corrida excelente amanhã", afirmou Ross Brawn, diretor técnico e estrategista da Ferrari.
O treino de Interlagos foi o mais competitivo do ano, o melhor da nova F-1. Ao todo, 12 pilotos ficaram a menos de um segundo do tempo da pole. Na Austrália, apenas dois pilotos estiveram nessa margem. Na Malásia, foram sete.
Nada ilustra melhor a competitividade do treino do que os tempos de Heinz-Harald Frentzen (Sauber) e Olivier Panis (Toyota). Cravaram exatamente a mesma marca, empatando até no milésimo de segundo -por ter entrado antes, Frentzen largará na frente.
Além da pole caseira e do alto nível de disputa, o treino oficial produziu algumas surpresas.
Como a terceira posição de Webber, a melhor colocação no grid da história da Jaguar. Ou a décima posição de Fernando Alonso, pole na Malásia e de quem se esperava mais no Brasil.
Apesar do otimismo com Barrichello, as estatísticas são frias: sair na ponta em Interlagos não significa facilidades. Em 13 edições desde que a F-1 voltou a São Paulo, apenas seis vezes (46%) o pole venceu. A última foi há quatro anos, com Mika Hakkinen.

(FÁBIO SEIXAS E JOSÉ HENRIQUE MARIANTE)


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