São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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FUTEBOL

Fim do suspense

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Chegou o dia. Hoje finalmente saberemos quem vai representar o Brasil na Copa.
Alimentada pelo próprio treinador da seleção nacional -que até o último momento disse ter uma única dúvida em sua convocação-, uma onda de especulações percorreu nos últimos dias a imprensa, a internet e as conversas de bar.
Quem seria o 23º homem de Scolari? Muitos ainda apostam em Romário, com base no argumento de que a Fifa e os patrocinadores da Copa estariam pressionando para que haja o maior número de estrelas nesse Mundial economicamente tão incerto.
Faz sentido ou é pura teoria conspiratória?
O fato é que uma eventual convocação de Romário, hoje, deixaria Scolari numa situação muito desconfortável, para dizer o mínimo. Como justificar não tê-lo chamado antes?
Entretanto, além do craque vascaíno, outros nomes surgiram nos palpites dos últimos dias. Do lateral-direito Rogério, do Corinthians, ao atacante Amoroso, do Borussia Dortmund, passando pelo meia Alex, do Palmeiras, inúmeros foram os lembrados.
A aposta aparentemente mais esdrúxula, vinda de um leitor por e-mail, é a volta de Taffarel ao gol brasileiro. Sua base seria uma suposta falta de confiança de Scolari nos goleiros de que dispõe.
O fato é que sonhar e palpitar não custa nada. Hoje termina o suspense, que funcionou também como fator extra de promoção da seleção e da própria Copa Coréia/Japão. E o que começa? A esperança ou a angústia?
O Corinthians e o Cruzeiro deram passos importantes para conquistar, respectivamente, o Rio-São Paulo e a Copa Sul-Minas. Como a vantagem obtida é estreita, tudo pode acontecer no segundo jogo, em ambos os casos.
Os dois tempos do jogo de ontem no Morumbi pareceram duas partidas distintas. No primeiro, o São Paulo dominou e, embora não tenha criado muitas chances de gol, ditou o ritmo e impediu que o Corinthians impusesse seu toque de bola.
As únicas chances alvinegras na primeira etapa surgiram de bolas alçadas na área, lance pouco característico da equipe de Parreira. As duas principais jogadas da equipe -a triangulação pela esquerda e a entrada de Deivid em diagonal pela direita- não saíram, e os corintianos perdiam facilmente a bola, por erros de passe ou desatenção.
O São Paulo, mais aplicado na marcação e com um toque de bola surpreendente para uma equipe desfalcada de seus principais titulares (França e Kaká), perdeu a oportunidade de fazer um placar elástico e "matar" a partida.
No segundo tempo, tudo mudou. O Corinthians voltou com mais empenho e agressividade, fez um gol no início, mas abriu espaço para os contra-ataques. O jogo ficou franco e indefinido, com chances de parte a parte.
O primeiro gol do Corinthians, de Deivid, e o segundo do São Paulo, de Belletti, mostraram o que os dois times têm de melhor: um futebol ao mesmo tempo solidário e criativo.
O Corinthians reencontrou seu envolvente toque de bola, Ricardinho e Kléber apareceram mais para o jogo, Gil desencantou fazendo um gol inspiradíssimo. Por isso -e pelas chances perdidas pelo São Paulo-, o alvinegro ganhou a batalha. Mas a guerra ainda não acabou.

Com quem andas
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, acusado de corrupção pelo próprio secretário-geral da entidade, recorre ao apoio de Ricardo Teixeira, da CBF, para ficar no cargo em que foi colocado pelo sogro deste, João Havelange. Teixeira aproveita para se fortalecer internacionalmente e fazer um contrapeso ao descrédito em que caiu no Brasil. Uma mão lava a outra. Em suma: "Tutti buona gente".

Brazucas campeões
Ronaldo não conseguiu ser campeão com a Inter de Milão, mas em compensação dois brasileiros -Amoroso e Ewerthon- brilharam na conquista do Campeonato Alemão pelo Borussia Dortmund. Amoroso foi o artilheiro da competição, e Ewerthon, que tinha acabado de entrar em campo, fez o gol da vitória na partida decisiva de anteontem, contra o Werder Bremen.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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