São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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FUTEBOL

Na formação do grupo, técnico diminui número de "queridinhos" e exclui 11 dos convocados em sua primeira lista

Scolari anuncia hoje "família" do Mundial

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A "família" de 23 jogadores que Luiz Felipe Scolari escala hoje no Rio, às 14h, para tentar o pentacampeonato mundial é bem diferente da lista que o técnico gaúcho anunciou em sua primeira convocação, em julho de 2001.
Nesses dez meses de convivência com atletas e amistosos, muitos dos velhos conhecidos e das apostas iniciais ficaram pelo caminho. Antigos desafetos e novos "amigos do peito", por outro lado, ganharam crédito para integrar a "família Scolari".
Dos 22 integrantes de sua primeira convocação, para o jogo contra o Uruguai pelas eliminatórias, metade não vai ao Mundial.
Boa parte dos esquecidos era considerada "de confiança" por Scolari, que não escondia que iria priorizar jogadores que já haviam trabalhado com ele em clubes. "Me deram a chance de estar na seleção. Vou dar a chance a eles de ir à Copa", disse.
Para sua estréia, o treinador chamou oito jogadores que foram seus atletas no Grêmio, no Palmeiras ou no Cruzeiro.
Da lista, apenas Marcos (Palmeiras), Roque Júnior (Milan), Emerson (Roma) e Júnior (Parma) podem ser considerados "queridinhos" do técnico. Se optar por seis atacantes, o número de amigos pode subir. Nesse caso, o vascaíno Euller tomaria a posição de Juan (Flamengo).
Os "queridinhos" que têm poucas chances de estar na lista sucumbiram por motivos diversos. O zagueiro Cris, por exemplo, irritou o treinador após ser expulso seguidas vezes no Cruzeiro.
Já Alex, seu xodó dos tempos de Palmeiras, não correspondeu em campo. Scolari chegou a reclamar que o fato de insistir no "amigo" o estava prejudicando.
Outro homem de confiança do gaúcho ficou de fora por questões táticas. Mesmo tendo sido o destaque do Português, Jardel não será chamado porque Scolari não vê nos laterais titulares -Cafu e Roberto Carlos- jogadores capazes de servir Jardel nas bolas aéreas.
A legião de jogadores gaúchos inicialmente testados e prestigiados também foi esquecida. Os volantes Fábio Rochemback (ex-Inter e agora no Barcelona), Eduardo Costa (ex-Grêmio e hoje no Bordeaux) e Tinga (Grêmio) não têm chances de ir para a Ásia.
Veteranos que estavam nos planos iniciais para ajudar Scolari com os mais novos são outros que foram descartados. Compõem a lista Romário, Mauro Silva e Leonardo, que já encerrou a carreira.
Se perdeu confiança nos amigos, o treinador da seleção brasileira não hesitou em mudar de opinião sobre ex-desafetos.
O comportamento fora de campo, aliás, foi o principal critério para Scolari montar sua família.
O maior exemplo disso aconteceu com o atacante Edílson. Em 1999, depois de uma briga generalizada entre jogadores corintianos e palmeirenses, o treinador chegou a dizer que nunca trabalharia com o jogador. Depois, não só mudou de opinião como colocou o atleta na lista dos nomes certos para a Copa do Mundo.
A interlocutores, o gaúcho chegou a dizer que "queimou a língua" com o cruzeirense. Por isso, resolveu não descartar publicamente o atacante Romário. "Vai que as coisas mudem e eu precise dele", disse a pessoas próximas.
Outros que conquistaram a simpatia de Scolari pelo comportamento extracampo foram Luizão e Rogério.
O gremista ganhou uma vaga na Copa quando, mesmo machucado, pediu para enfrentar a Venezuela. O atacante passou por tratamento intensivo, jogou em São Luís (MA) e carimbou a ida do Brasil ao Mundial com dois gols.
Já Rogério foi elogiado pela liderança e por não ter reclamado de ter ficado na reserva de Marcos.
Mas não é apenas entre os 23 atletas que Scolari terá uma nova família. O estafe burocrático da seleção está nas mãos de pessoas com pouca ligação com o treinador: o novo gerente, Américo Faria, e o assessor de imprensa, Rodrigo Paiva, ligado ao atacante Ronaldo, mantêm relações apenas cordiais com o técnico.



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