São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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Lista deve trazer final infeliz para Romário

DO PAINEL FC
E DA REPORTAGEM LOCAL

Acaba hoje uma das maiores polêmicas de todos os tempos envolvendo a convocação de um jogador para a disputa de uma Copa pela seleção brasileira.
E, ao que tudo indica, o desfecho irá decepcionar a maioria do país.
É quase certo que, quando anunciar hoje os 23 jogadores que vão viajar para a Ásia, Luiz Felipe Scolari não irá dizer o nome do atacante vascaíno Romário, 36.
Assim, vai contrariar, segundo pesquisa do Datafolha realizada em fevereiro, 69% dos brasileiros que se disseram favoráveis à convocação do veterano. Nesse grupo, estão incluídos personagens ilustres, como o presidente Fernando Henrique Cardoso.
A queda-de-braço entre Scolari e Romário e seus defensores começou ainda no ano passado e teve um de seus capítulos mais agitados na última sexta-feira, quando, depois de uma reunião na sede da CBF no Rio, o treinador teve até o seu carro cercado por entusiastas do atacante vascaíno.
Maior pesadelo da gestão de Scolari, Romário foi tratado, no começo do trabalho do treinador, como "salvador da pátria".
Na sua estréia no time nacional, contra o Uruguai, Scolari deu a faixa de capitão para o jogador carioca.
Um desempenho decepcionante em campo, o famoso caso que Romário teria tido com uma aeromoça em Montevidéu e uma insinuação do jogador de que empresários tinham interferência nas listas da seleção fizeram a situação mudar.
Apesar dos gols -o vascaíno foi artilheiro do Brasileiro-2001-, Scolari sempre ignorou seu novo desafeto.
Desde o início de 2002, o treinador teve que conviver com vaias e pedidos insistentes dos torcedores por Romário. Em um amistoso da seleção em Goiânia, o gaúcho teria até se descontrolado e agredido um torcedor que pedira o vascaíno.
Romário contou até com a ajuda de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. O dirigente disse a Scolari que gostaria de ver o tetracampeão na lista, mas informou ao técnico que não faria intervenções e que apoiaria qualquer que fosse sua decisão.
Em uma última medida para convencer o gaúcho, Romário convocou uma entrevista na sala do vascaíno Eurico Miranda, pediu desculpas e chorou.
Em Porto Alegre, Scolari achou que a atitude de Romário não foi sincera e, ao ver o deputado federal (PPB-RJ) dizendo que, com ele na CBF, a história seria diferente, teve certeza de que estava tomando a atitude correta.
Segundo interlocutores do treinador, nem a manifestação violenta da última sexta abalará a posição de Scolari.
Ao não incluir Romário na sua lista, Scolari, pelo menos, dificilmente voltará a sofrer protestos pessoais até o início do Mundial.
Ao contrário do que geralmente fez no resto da sua história nos Mundiais, a seleção não fará nenhuma parte da sua preparação no país.
No domingo, o time viaja para a Espanha, onde inicia os treinos e faz amistoso contra a seleção da Catalunha. Depois, antes de chegar a Ulsan, sua base na Coréia, o time joga na Malásia contra a seleção local. A estréia na Copa é dia 3 de junho, diante da Turquia. (FM e PC)



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