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AÇÃO
O fundo dos sonhos
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
O anúncio da aproximação
de um novo ciclone no Sul
do país põe em polvorosa a população na rota dos ventos e, em especial, pescadores e surfistas. Esses últimos fazem comentários
que variam entre "Imbituba (SC)
vai quebrar com 15 pés", passando por "A Ilha dos Lobos (RS) vai
virar Teahupoo (Taiti)", até o
mais provável: "No auge do swell,
o mar vai ficar insurfável".
A utilização do jet ski para o
surfe tow-in facilitou a travessia
da rebentação e o acesso às ondas,
mas, mesmo assim, salvo raríssimas exceções, ondulações como
as que estão chegando à costa não
proporcionam mais do que uns
poucos segundos de pé sobre a
prancha antes que a onda se feche
por inteiro (ainda que estes possam ser os segundos mais intensos
e prazerosos da vida do surfista).
Imaginem, e este é outro comentário recorrente, se, nessas
condições climáticas, houvesse
um fundo artificial em Boiçucanga (SP). Seria a onda ideal, no lugar ideal, certo? Provavelmente,
mas a questão é que o sonho da
onda perfeita especialmente construída com a ajuda da mão do
homem ainda não saiu da planilha. O que se tem hoje são intervenções motivadas por proteções
portuárias, emissários submarinos, e os resultados já são muito
favoráveis. Ala Moana, no Havaí,
e Kirra, na Austrália, são bons
exemplos da contribuição humana na criação divina.
Estudos nessa área avançam
mundo afora, em especial na Nova Zelândia, Austrália e EUA.
Pesquisas sérias sobre o efeito dos
fundos nas ondulações e seu impacto ambiental são cada vez
mais analisadas e tabuladas nesses países. A novidade é que o
Brasil acaba de entrar no grupo.
Uma equipe da área de engenharia costeira e oceanográfica
da Universidade Federal do Rio
de Janeiro vem estudando a possibilidade de instalar um fundo
artificial na praia da Macumba
(RJ). A idéia é utilizar concreto
para alterar a geografia natural
da base oceânica e, assim, aperfeiçoar a dinâmica da onda, que
quebraria mais consistente e demoradamente.
E, falando em fundos especiais,
num dos mais rasos e afiados, onde quebram as mais desafiadoras
ondas do circuito mundial, começa hoje a terceira etapa do WCT.
Na verdade, o Billabong Pro Teahupoo entra hoje em seu período
de espera, que vai até o próximo
dia 16, e irá distribuir US$ 260 mil
em prêmios.
Incluída no calendário há seis
anos -quando, a pedido dos surfistas, o circuito priorizou as ondas em vez do público na praia-,
a etapa divide os competidores
entre os que adoram o desafio e os
que acreditam que não vale a pena arriscar a vida por um punhado de dólares. Certo é que todos
temem aquela onda.
O brasileiro Danilo Costa, patrocinado pela Billabong e que
havia conseguido um lugar nas
triagens, acabou fracassando em
sua tentativa de entrar na disputa principal, perdendo a vaga para um surfista local.
E Neco Padaratz, que desde
2000 não disputa a etapa, disse,
na semana passada em Maresias,
que neste ano voltaria. Seu nome
está na lista de inscritos.
Tocha Olímpica
O skatista Bob Burnquist será um dos 42 condutores da tocha no Rio,
no dia 13 de junho. Ele recebeu uma autorização inédita do comitê
olímpico para fazer o percurso de skate.
X-Games
A terceira edição dos Jogos Latino-Americanos começa amanhã e vai
até domingo na praia do Leme, no Rio de Janeiro. São 150 atletas
competindo no skate, na bike e nos patins in-line.
Montanhismo
Começou nesta semana a temporada no Rio de Janeiro, cidade que
oferece a melhor relação de quantidade e proximidade de vias num
centro urbano, sem falar da beleza.
E-mail sarli@trip.com.br
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