São Paulo, quarta, 6 de maio de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Rebaixada, equipe pode retornar à divisão principal do futebol paranaense por meio de manobras políticas
Londrina vive "síndrome do Fluminense'

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

Com o time rebaixado à segunda divisão do Paranaense, os torcedores do Londrina vivem a "síndrome Fluminense": torcem para uma virada de mesa na Federação Paranaense, mas sentem vergonha de defender a idéia publicamente.
Na pior campanha em seus 42 anos, o Londrina terminou o campeonato em penúltimo lugar, sendo rebaixado automaticamente.
O único consolo dos torcedores é que o último lugar ficou com o representante da cidade vizinha Maringá, maior rival dos londrinenses no futebol.
"O pior é que em Maringá o rebaixado foi um time sem tradição, não o Grêmio de Maringá (time de maior torcida da cidade e licenciado), enquanto aqui não tem desculpa", afirma o torcedor Alípio Alves, 52.
A queda do Londrina foi um "rebaixamento anunciado".
A má campanha do time se arrasta desde o ano passado, quando teve que disputar o Torneio da Morte, escapando do rebaixamento nas últimas rodadas.
Embora ninguém admita publicamente uma virada de mesa, a expectativa da diretoria e da imprensa local é a fuga da segunda divisão no tapetão.
"Estamos acompanhando a situação do Francisco Beltrão e do Matsubara e podemos permanecer na primeira", afirma Marcos Alexandre Domingues, presidente da Sal (Sociedade Amigos do Londrina), empresa que terceiriza o futebol do Londrina.
Matsubara e Francisco Beltrão teriam disputado o Paranaense irregularmente (com dívidas junto à CBF) e poderiam ser penalizados com perdas de pontos no torneio.
Domingues é acusado pela crônica esportiva como responsável pelo desastre do Londrina.
Ele chuta a bola de volta para a imprensa: "O problema do Londrina é que tem muita crônica esportiva para pouco time", afirma.
Ele disse que, apesar das pressões, irá continuar à frente do futebol profissional do clube até o ano 2000, como prevê o contrato de parceira entre a Sal e o clube.
Vice-presidente na gestão 84/85, o locutor Nelson "Fiori Luiz" Malaguido, 56, critica uma possível virada de mesa.
"O país todo criticou o Fluminense quando ele disputou o Brasileiro na virada de mesa, seria incoerência defender o mesmo para o Londrina".
A queda do Londrina provocou reação até de ex-jogadores. O atacante Élber, atualmente no Bayern de Munique, enviou e-mail da Alemanha protestando.
Segundo Élber, "estava claro que o time iria chegar a essa situação". Para ele, "colocaram pessoas que nada sabem de futebol para dirigir o time". Em seu e-mail o atacante afirma estar "triste e envergonhado" com a situação.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.