São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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ENZO PALLADINI

O anão terrível


O pedaço mais importante que sobrou da Itália na Copa está na Holanda e se chama Sneijder


APARENTEMENTE, O TIME mais "italiano" entre os quatro semifinalistas é o Uruguai, com o goleiro Muslera, da Lazio, o meio-campista Gargano, do Napoli, o atacante Cavani, do Palermo, o zagueiro Cáceres, que jogou na Juventus, e Oscar Washington Tabárez, que foi técnico do Milan. Mas a atenção dos italianos está concentrada na Holanda. O pedaço mais importante da Itália está no time laranja e se chama Wesley Sneijder, o anão terrível que castigou o Brasil nas quartas de final.
A história de Sneijder é muito estranha. Há um ano, ninguém o queria. Mourinho queria Deco e sempre dizia "não" quando Massimo Moratti, presidente da Inter, propunha outros camisas 10. Mas o Chelsea pedia muito por Deco. Já o Real Madrid queria mandar Sneijder embora a qualquer custo.
O técnico Manuel Pellegrini queria mantê-lo, mas Jorge Valdano o forçou a se reunir com o holandês e a lhe dizer: "Não há mais lugar para você".
Depois, Mourinho viu que Sneijder era um grande jogador. Disse "sim" à sua chegada e o mandou a campo contra o Milan poucas horas depois de seu desembarque em Milão.
Hoje Sneijder é candidato a vencer a "Bola de Ouro". Se a Holanda vencer a Copa, o troféu individual mais importante será dele, um pouco baixinho, mas grandíssimo. Ele tem uma vantagem sobre os outros holandeses e sobre todos os outros jogadores que estão nas semifinais desta Copa: venceu o Campeonato Italiano e a Copa dos Campeões, jogando sempre muito bem.
A semifinal entre Alemanha e Espanha não tem nada de italiana. Os jogadores dessas duas seleções são sonhos proibidos para os times da Série A, pois são muito caros. Os italianos torcerão pela Holanda porque sentem muito a rivalidade com a Alemanha e também com a Espanha. Não há ódio, como ocorre com os franceses, mas sim rivalidade.
Os comentaristas de futebol escrevem grandes coisas sobre a Alemanha, e todos esperavam ver o Brasil na final devido à grande simpatia que os italianos sentem pela seleção verde e amarela. Agora pensam em uma final entre Holanda e Alemanha, mas, na verdade, os italianos leem os jornais para saber quais serão os reforços da Inter e da Juventus. A Copa do Mundo está muito, muito distante.

ENZO PALLADINI é redator-chefe de Esporte da rede de TV italiana Mediaset

Tradução de ANASTASIA CAMPANERUT



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