São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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"Lado B" do Pan vê obras que não saíram do papel

Em locais que receberão esportes menos badalados, como tiro com arco e hóquei, mato e lama evidenciam abandono

Isolado em rua esburacada e sem iluminação, cenário que deverá abrigar provas de pentatlo moderno é retrato desolador do evento


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A pouco menos de um ano do início dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, há locais indicados no cronograma para receber provas praticamente intocados, sem que as obras tenham começado.
A situação mais crítica é a do complexo esportivo da Vila Militar (zona oeste), área de propriedade do Exército que terá cinco modalidades -hipismo, hóquei, pentatlo moderno, tiro esportivo e tiro com arco.
Em março, o então ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, lançou a pedra fundamental do complexo. No entanto nada foi construído até agora.
No local onde estão previstas as provas de hipismo, por exemplo, operários de uma construtora começaram na última semana a colocar tapumes de madeira no entorno. E só.
A pista que já existe está abandonada e cheia de poças d'água. Os obstáculos estão quebrados. As instalações já existentes -banheiros e ranchos- são pequenas e não poderão ser aproveitadas. Quem circula pelo local tem que pisar em terra batida e lama.
Segundo a organização, será construído um centro hípico para 3.000 pessoas.
Em outro ponto da Vila Militar, onde serão disputadas as provas de tiro e de pentatlo moderno, o que há é um matagal.
Ali, está prevista a construção de uma pista e de piscina para o pentatlo, um setor para as provas de tiro, além de estacionamento e arquibancadas.
A localização é outro problema: fica num lugar isolado próximo da avenida Brasil. A rua que dá acesso é toda esburacada e não possui iluminação.
Em Jacarepaguá (zona oeste), a antiga Cidade do Rock, que abrigou as edições do Rock in Rio em 1985 e 2001, está programada para receber o beisebol e o softbol do Pan, mas não teve até agora qualquer investimento dos organizadores.
O terreno de 250 mil metros quadrados está abandonado.
Dentro dele, muito mato, lixo e lama. Do Rock in Rio mesmo, só sobrou a estrutura metálica que se assemelha a um globo terrestre, onde ficava o palco.
Segundo o cronograma, serão construídos no local dois estádios e um campo de treinamento. O do beisebol terá capacidade para 3.000 pessoas, e o do softbol, para 1.000.
Perto dali, o morro do Outeiro, local de intensa vegetação, abrigará uma pista para provas de ciclismo (mountain bike) com uma estrutura para receber 2.000 pessoas. Uma vistoria foi feita em outubro, mas desde então não houve qualquer intervenção.
Outras sedes para o Pan também não tiveram as obras iniciadas, como na praia de Copacabana (zona sul), que receberá o vôlei de praia, e o Riocentro (zona oeste), que terá boxe, esgrima, ginástica, handebol, judô, levantamento de peso, tênis de mesa e taekwondo.
O estádio Olímpico João Havelange (zona norte) e o autódromo de Jacarepaguá (zona oeste) estão com as obras em andamento, sendo que o segundo apresenta atrasos principalmente no caso da arena que abrigará a prova de ciclismo.
A Vila-Panamericana, que hospedará os atletas, teve todos seus prédios erguidos, mas nem metade está pintada ou recebeu revestimento final.
O Pan acontece entre os dias 13 e 29 de julho de 2007. Cerca de 5.500 mil atletas de 48 países participarão da competição.


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