UOL


São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Continente com mais títulos mundiais espaça disputa por quase três anos, consegue vitórias políticas e inicia qualificatório antes de a Fifa sortear confrontos das outras confederações

Sul-americanos abrem as maiores eliminatórias

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A América do Sul assumiu a hegemonia da Copa do Mundo no ano passado e dá início hoje, solitariamente, ao mais importante evento do futebol internacional.
As eliminatórias no continente, que largam com cinco jogos no fim de semana, marcam uma posição da região mais vencedora da modalidade. Com o título do Brasil em 2002, são nove títulos sul-americanos contra oito europeus.
O calendário das eliminatórias sul-americanas é quase o mesmo da disputa passada. O que muda é que ele foi bem mais espaçado. Além disso, serão comuns duas rodadas seguidas para evitar os transtornos de viagens seguidas dos atletas que atuam na Europa.
Pela primeira vez o detentor do título terá que jogar as eliminatórias. Mas, como no qualificatório passado, 50% dos membros da Conmebol, a Confederação Sul-Americana, podem se classificar.
Nos bastidores, os dirigentes sul-americanos conseguiram recuperar uma meia vaga que havia sido perdida para a Oceania. Também impuseram seu sistema único de eliminatórias -pontos corridos e todos contra todos.
Rompendo uma tradição das Copas, a região abrirá o Mundial. E com uma antecedência recorde, pois faltam quase três anos para o início da Copa na Alemanha.
Serão 18 rodadas e 90 jogos. O primeiro deles acontecerá em Buenos Aires, onde a Argentina, bicampeã mundial, receberá o Chile. A disputa acabará na América do Sul só em outubro de 2005.
As demais confederações esperam pelo dia 5 de dezembro por um sorteio em Frankfurt que definirá grupos e confrontos -os africanos já verão seus primeiros jogos neste ano. A Europa, mais influente centro futebolístico, dará início às suas eliminatórias apenas no segundo semestre de 2004, após a Eurocopa.
Desde já, porém, os principais jogadores sul-americanos estarão se apresentando ao seu continente de origem para tentar revalidar a hegemonia da região na Copa.
O Brasil, pentacampeão mundial, foi o único país não-europeu que conseguiu vencer uma Copa disputada no chamado Velho Continente (em 1958, na Suécia).
Se a tradição do torneio não tivesse sido quebrada, o Brasil faria o jogo inaugural do segundo Mundial na Alemanha no dia 9 de junho de 2006, em Munique. A seleção do técnico Carlos Alberto Parreira, porém, fechará amanhã na Colômbia a primeira rodada das eliminatórias sul-americanas.
O Brasil, que jamais ficou de fora de uma Copa do Mundo, pode ser assim o primeiro campeão que não defendeu o título por motivos técnicos -o Uruguai, o campeão de 1930, não atuou em 1934, na Itália, porque não quis.
A América do Sul, mais especialmente o Brasil, comemora uma importante vitória política. O Mundial de 2014 está garantido para o continente -desde 1978, quando a Argentina foi sede, a região não tem o torneio. Após a realização da primeira Copa na África em 2010, o Brasil voltará a abrigar o maior evento do futebol -a última vez que isso ocorreu foi em 1950- e não precisará jogar assim as eliminatórias.
Em busca de uma vaga para a Copa de 2006, mais de 200 seleções deverão entrar em campo. Apenas há uma equipe classificada por antecipação, a anfitriã Alemanha, tricampeã mundial.
Os sul-americanos chegaram a oferecer uma proposta de Copa com 36 times, mas o número ficou mesmo em 32 participantes -o balão de ensaio da Conmebol deu resultado na medida em que a meia vaga que o continente havia perdido acabou sendo resgatada.
O 18º Mundial, nos moldes das últimas duas Copas, terá sua final no dia 9 de julho, em Berlim. Uma história que começou em 1930 (sem eliminatórias porque todos os inscritos participaram) dá início hoje a mais um capítulo. E a América do Sul é quem o assina.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Saiba mais: Disputa repete regras, mas mexe na TV e na bola
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.