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Continente com mais títulos mundiais espaça disputa por quase três anos, consegue vitórias políticas e inicia qualificatório antes de a Fifa sortear confrontos das outras confederações
Sul-americanos abrem as maiores eliminatórias
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
A América do Sul assumiu a hegemonia da Copa do Mundo no
ano passado e dá início hoje, solitariamente, ao mais importante
evento do futebol internacional.
As eliminatórias no continente,
que largam com cinco jogos no
fim de semana, marcam uma posição da região mais vencedora da
modalidade. Com o título do Brasil em 2002, são nove títulos sul-americanos contra oito europeus.
O calendário das eliminatórias
sul-americanas é quase o mesmo
da disputa passada. O que muda é
que ele foi bem mais espaçado.
Além disso, serão comuns duas
rodadas seguidas para evitar os
transtornos de viagens seguidas
dos atletas que atuam na Europa.
Pela primeira vez o detentor do
título terá que jogar as eliminatórias. Mas, como no qualificatório
passado, 50% dos membros da
Conmebol, a Confederação Sul-Americana, podem se classificar.
Nos bastidores, os dirigentes
sul-americanos conseguiram recuperar uma meia vaga que havia
sido perdida para a Oceania.
Também impuseram seu sistema
único de eliminatórias -pontos
corridos e todos contra todos.
Rompendo uma tradição das
Copas, a região abrirá o Mundial.
E com uma antecedência recorde,
pois faltam quase três anos para o
início da Copa na Alemanha.
Serão 18 rodadas e 90 jogos. O
primeiro deles acontecerá em
Buenos Aires, onde a Argentina,
bicampeã mundial, receberá o
Chile. A disputa acabará na América do Sul só em outubro de 2005.
As demais confederações esperam pelo dia 5 de dezembro por
um sorteio em Frankfurt que definirá grupos e confrontos -os
africanos já verão seus primeiros
jogos neste ano. A Europa, mais
influente centro futebolístico, dará início às suas eliminatórias
apenas no segundo semestre de
2004, após a Eurocopa.
Desde já, porém, os principais
jogadores sul-americanos estarão
se apresentando ao seu continente de origem para tentar revalidar
a hegemonia da região na Copa.
O Brasil, pentacampeão mundial, foi o único país não-europeu
que conseguiu vencer uma Copa
disputada no chamado Velho
Continente (em 1958, na Suécia).
Se a tradição do torneio não tivesse sido quebrada, o Brasil faria
o jogo inaugural do segundo
Mundial na Alemanha no dia 9 de
junho de 2006, em Munique. A seleção do técnico Carlos Alberto
Parreira, porém, fechará amanhã
na Colômbia a primeira rodada
das eliminatórias sul-americanas.
O Brasil, que jamais ficou de fora de uma Copa do Mundo, pode
ser assim o primeiro campeão
que não defendeu o título por motivos técnicos -o Uruguai, o
campeão de 1930, não atuou em
1934, na Itália, porque não quis.
A América do Sul, mais especialmente o Brasil, comemora
uma importante vitória política.
O Mundial de 2014 está garantido
para o continente -desde 1978,
quando a Argentina foi sede, a região não tem o torneio. Após a
realização da primeira Copa na
África em 2010, o Brasil voltará a
abrigar o maior evento do futebol
-a última vez que isso ocorreu
foi em 1950- e não precisará jogar assim as eliminatórias.
Em busca de uma vaga para a
Copa de 2006, mais de 200 seleções deverão entrar em campo.
Apenas há uma equipe classificada por antecipação, a anfitriã Alemanha, tricampeã mundial.
Os sul-americanos chegaram a
oferecer uma proposta de Copa
com 36 times, mas o número ficou mesmo em 32 participantes
-o balão de ensaio da Conmebol
deu resultado na medida em que a
meia vaga que o continente havia
perdido acabou sendo resgatada.
O 18º Mundial, nos moldes das
últimas duas Copas, terá sua final
no dia 9 de julho, em Berlim. Uma
história que começou em 1930
(sem eliminatórias porque todos
os inscritos participaram) dá início hoje a mais um capítulo. E a
América do Sul é quem o assina.
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