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FUTEBOL
Dois velhos rivais
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Foi contra o Corinthians
que o Santos conquistou seu
primeiro Campeonato Paulista,
em 1935. Foi contra o Corinthians
que manteve o legendário tabu
nos anos 60, tempos de Pelé, Pepe
e companhia. Foi contra o Corinthians que obteve seu último título de expressão: o Paulista-84,
com um gol de Serginho Chulapa
aos 27min do segundo tempo.
Foi contra o Santos que o Corinthians aplicou uma das maiores
goleadas de sua história: 11 a 0.
Foi contra o Santos que devolveu
o tabu nos anos 80, tempos de Sócrates, Zenon e companhia. Foi
contra o Santos que, numa semifinal do Campeonato Paulista, o
Corinthians conseguiu aquela
inacreditável vitória com um gol
de Ricardinho aos 47min48s do
segundo tempo.
Acho que os deuses do futebol
escreveram certo por linhas retas
ao escolherem Santos e Corinthians para a final que começa
domingo. Uma decisão com Santos x Flu ou Corinthians x Grêmio
não teria, nem de longe, o mesmo
apelo e a mesma vibração.
O Corinthians caminha para
um ano que, antes de terminar, já
é inesquecível, pois contabilizou
os títulos do Rio-São Paulo e da
Copa do Brasil. É um time racional, que impõe o ritmo e vai minando a resistência psicológica do
adversário, lembrando muito
(perdoem a heresia) o Palmeiras
de Luís Pereira, Ademir da Guia,
Leivinha e César, time que vencia
com resultados econômicos, mas
chegava na ponta de todas as
competições que disputava.
Kléber e Gil são o lado criativo,
vistoso e envolvente do time. A seleção brasileira seria incompleta
sem eles, que formam a melhor
ala esquerda do nosso futebol.
Os demais estão todos num nível parecido, sempre eficientes e
executando suas funções com serenidade e competência. É um
conjunto mais equilibrado e menos sujeito a pressões. Por outro
lado, às vezes demonstra uma
preocupante inapetência.
Já o Santos vive uma situação
oposta: tem fome e sede de títulos.
Essa gulodice pode exercer influência negativa sobre o time jovem e ainda pouco experimentado na batalha. Felizmente, nos últimos jogos, o time tem sabido
controlar o apetite e usar a cabeça. Marcando como nunca, o
Santos tem conseguido expressivas vitórias nessa fase de mata-matas, vitórias, diga-se, contra
oponentes tidos como mais qualificados e mais experientes.
Paulo Almeida e Renato têm
feito um trabalho extraordinário
de redução dos espaços, desarmes
e início seguro do contra-ataque.
Isto tem dado tranquilidade à zaga e criado as condições favoráveis para que Diego e Robinho desenvolvam seu talento.
E há também a superstição. Se
ela merece ser levada em conta,
nesse campeonato o Santos já
conseguiu algumas interessantes
reparações: o Botafogo, algoz de
1995, foi rebaixado para a segunda divisão. O São Paulo, algoz da
última disputa do Paulista pelo
Santos, foi eliminado juntamente
com Ricardinho, o algoz de 2001.
Neste rol de vinganças, falta justamente o time de Parque São
Jorge. Se o Santos vencer, não será
apenas o fim de um longo jejum
de títulos. Será um banquete.
Serão duas grandes partidas.
Um duelo entre o frio time de Parreira e o adolescente time de
Leão. Uma disputa entre neurônios e hormônios. Desde a primeira disputa, há 67 anos, há uma
enorme carga de tensão no ar
quando as duas camisas entram
em campo. Nos próximos dois domingos, não será diferente.
Azarados
Oswaldo Queiroz Junior enviou uma seleção zicada, uma
equipe formada apenas por
jogadores que perderam pênaltis: Chilavert (que errou
pela seleção paraguaia); Carlos Alberto Torres (errou pelo Fluminense no Brasileiro
de 1976), Julio César (pela seleção brasileira na Copa de
86), Baresi (pela Itália em
1994) e Rodrigues Neto (pelo
Fluminense, no Brasileiro de
1976); Vampeta (Corinthians, na Libertadores de
1999), Sócrates (pela seleção,
na Copa de 86) e Zico (idem);
Marcelinho (Corinthians, na
Taça Libertadores de 2000),
Edmundo (pelo Vasco no
Mundial de Clubes da Fifa) e
Roberto Baggio (aquele maravilhoso chute por cima da
trave pela seleção italiana na
disputa de pênaltis na Copa
de 94). O consultor técnico
seria o inigualável argentino
Palermo, que conseguiu o feito de perder três pênaltis
num mesmo jogo.
E-mail torero@uol.com.br
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