São Paulo, segunda-feira, 06 de dezembro de 2010

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Sem título, com poder

No centenário, Corinthians vive ano de avanços extracampo, com novo CT e plano de estádio , mas, apesar de investir alto, não ganha nenhum título

DO ENVIADO A GOIÂNIA

O ano do centenário do Corinthians não poderia ter sido mais feliz para o clube. E não poderia ter sido mais triste para o time. Foi grande o contraste entre as conquistas fora de campo e os fracassos nos gramados.
O clube conseguiu bater recordes de arrecadação, com bilheteria e patrocínios, reinaugurou um moderno CT e finalmente anunciou a construção de um estádio. Mas as dívidas cresceram.
"Campeonatos se perdem e se ganham. A nossa missão era organizar o clube. Ganhar títulos é uma consequência, mas nem sempre é possível", disse o presidente corintiano, Andres Sanchez.
O time, porém, ficou devendo. Apesar de ter gastado dinheiro demais, como admitiu Sanchez no início do ano, o Corinthians perdeu o Paulista, a Libertadores e o Campeonato Brasileiro.
O melhor do ano do centenário, disse o presidente à Folha, foi a reforma do CT do Parque Ecológico do Tietê.
Graças a investimentos de R$ 19 milhões, o Corinthians agora tem um lugar para treinar, longe do Parque São Jorge (e, portanto, da política do clube), com quatro campos e equipamentos modernos. Falta construir hotel, refeitório e alojamento para as categorias de base -as obras continuarão até 2012.
Por isso, a dívida aumentará no próximo balancete. Hoje na casa dos R$ 100 milhões, segundo contas do clube, deve aumentar em cerca de R$ 30 milhões.
Nada que preocupe o diretor financeiro Raul Corrêa da Silva. "É investimento. Vamos recuperar isso lá na frente", afirmou o dirigente.
Ao mesmo tempo em que fez crescer sua dívida, o Corinthians bateu recordes de arrecadação. Foram R$ 45 milhões só de patrocínio no uniforme -deste total, cerca de R$ 10 milhões foram para os bolsos de Ronaldo.
O clube aumentou o preço dos ingressos e conseguiu somar R$ 31,6 milhões com bilheterias ao longo do ano, o primeiro em que não mandou jogos no Morumbi.
A partir de abril, está previsto o início das obras do novo estádio, em Itaquera, indicado para a abertura da Copa de 2014. A arena será construída pela Odebrecht.
De acordo com os planos otimistas da diretoria corintiana, será possível pagar a obra só com a renda gerada pelo próprio estádio -exploração de "namimg rights", bilheteria, produtos.
Inicialmente orçado em R$ 335 milhões, segundo nota oficial divulgada pelo Corinthians em 1º de setembro, o custo do estádio agora já é estimado em R$ 600 milhões -com a capacidade ampliada dos iniciais 48 mil lugares para os 65 mil exigidos pela Fifa para sediar a abertura do Mundial-2014.
Quem vai pagar essa diferença? Andres responde: "Quando estiver tudo acertado e assinado, eu explico. Antes, é tudo especulação". (MARTÍN FERNANDEZ)


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