São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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MOTOR

Mundial de equipes

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Q uem já escreveu para a coluna deve ter percebido uma certa leniência do autor para respostas. Existem razões ou desculpas para o fenômeno. A principal delas é a uma certa descrença no diálogo eletrônico. Uma coisa é ler um comentário sobre seu comentário (garanto que todos são lidos e analisados). Outra, bem diferente, é retrucar por retrucar.
Enfim, os fóruns estão aí para isso -há dezenas sobre o assunto. Espero sinceramente que os leitores entendam essa posição. Muitos, aliás, já o demonstram.
Talvez efeito das últimas colunas, bastante ácidas em relação à situação atual da F-1, venho recebendo não perguntas ou simples opiniões, mas verdadeiras teses sobre os problemas da categoria. Algumas, é preciso reconhecer, não se sustentam. Outras, pelo contrário, são interessantes.
Como a do leitor Caco Bocchi, de São Paulo, que desenvolve uma teoria sobre o fato de a F-1 não ser mais um esporte individual. "Deixou de ser quando Piquet e a Brabham adotaram a estratégia de largar com meio tanque e pneus macios e depois parar para reabastecer e trocar pneus". Antes, segundo ele, "o piloto dependia de sua sensibilidade para ajustar o carro, escolher pneus. E, na hora em que estivesse pronto para a largada, era só com ele". Caco continua: "O máximo que a equipe podia fazer era mandar informações com as placas e procurar ser eficiente em casos de emergência". E completa: "Não existe mais isso. Hoje a F-1 é um campeonato de equipes disfarçado sob o nome de pilotos."
Tenho certeza de que muita gente não concordará com tudo isso, principalmente em um momento em que a categoria celebra um grande campeão, aliás, hexacampeão, Michael Schumacher.
O pensamento comum, e a coluna concorda com ele, é que a Ferrari continuaria quase igual a nada sem o alemão. Mas o que Caco propõe, o pensamento inverso, é igualmente válido: Schumacher não faria muita coisa sem a megaestrutura de Maranello.
Basta lembrar o quanto ele amargou em seu primeiro ano na Itália. A coisa começou a andar apenas quando o clubinho da Benetton -Brawn, Byrne e outros tantos- se juntou novamente.
Schumacher é excepcional também por esse manejo político, um dos poucos pontos de semelhança que tem com Senna. Mas precisou da ajuda de muita gente, como o tricampeão, para chegar lá.
É exatamente nesse ponto, acredito, que a teoria faz sentido, nem tanto pelas conclusões mais pelo ponto de vista adotado. É quase um clichê afirmar que a F-1 deteriorou sua competição por causa da eletrônica, do auxílio à pilotagem. Responsabilizamos o piloto, de certa forma corrompido pelos computadores. E esquecemos o corruptor, no caso, a equipe.
Esquecemos que os times ratificam as regras, que concordaram, entre outras coisas, com a volta do reabastecimento para forçar a alternância das posições, em 1994, que exigiram, mais recentemente, a manutenção da telemetria, o controle sobre a condução.
Esquecemos o que já disse um dia sir Frank Williams. Que piloto é piloto, um mero detalhe.

Nunca mais
O tradicional ingresso para três dias não estará mais disponível no GP Brasil. É que os promotores avaliam que o novo formato de treinos, que privilegia o sábado e transforma a sexta-feira em puro teste, não vai atrair mais os aficionados. Deverão ser vendidos bilhetes específicos para cada dia e passes para sábado e domingo apenas.

Primeira vez
Rubens Barrichello finalmente experimenta hoje a nova Ferrari. A quatro semanas da estréia no Mundial, a três de embarcar para Melbourne, fará o primeiro ensaio com a F2004 no circuito de Mugello.

Hakkinen fala
Disse que Raikkonen ganha neste ano e que Alonso é fogo de palha.

E-mail mariante@uol.com.br


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