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MOTOR
Mundial de equipes
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Q uem já escreveu para a coluna deve ter percebido uma
certa leniência do autor para respostas. Existem razões ou desculpas para o fenômeno. A principal
delas é a uma certa descrença no
diálogo eletrônico. Uma coisa é
ler um comentário sobre seu comentário (garanto que todos são
lidos e analisados). Outra, bem
diferente, é retrucar por retrucar.
Enfim, os fóruns estão aí para
isso -há dezenas sobre o assunto. Espero sinceramente que os
leitores entendam essa posição.
Muitos, aliás, já o demonstram.
Talvez efeito das últimas colunas, bastante ácidas em relação à
situação atual da F-1, venho recebendo não perguntas ou simples
opiniões, mas verdadeiras teses
sobre os problemas da categoria.
Algumas, é preciso reconhecer,
não se sustentam. Outras, pelo
contrário, são interessantes.
Como a do leitor Caco Bocchi,
de São Paulo, que desenvolve
uma teoria sobre o fato de a F-1
não ser mais um esporte individual. "Deixou de ser quando Piquet e a Brabham adotaram a estratégia de largar com meio tanque e pneus macios e depois parar
para reabastecer e trocar pneus".
Antes, segundo ele, "o piloto dependia de sua sensibilidade para
ajustar o carro, escolher pneus. E,
na hora em que estivesse pronto
para a largada, era só com ele".
Caco continua: "O máximo que a
equipe podia fazer era mandar
informações com as placas e procurar ser eficiente em casos de
emergência". E completa: "Não
existe mais isso. Hoje a F-1 é um
campeonato de equipes disfarçado sob o nome de pilotos."
Tenho certeza de que muita
gente não concordará com tudo
isso, principalmente em um momento em que a categoria celebra
um grande campeão, aliás, hexacampeão, Michael Schumacher.
O pensamento comum, e a coluna concorda com ele, é que a Ferrari continuaria quase igual a nada sem o alemão. Mas o que Caco
propõe, o pensamento inverso, é
igualmente válido: Schumacher
não faria muita coisa sem a megaestrutura de Maranello.
Basta lembrar o quanto ele
amargou em seu primeiro ano na
Itália. A coisa começou a andar
apenas quando o clubinho da Benetton -Brawn, Byrne e outros
tantos- se juntou novamente.
Schumacher é excepcional também por esse manejo político, um
dos poucos pontos de semelhança
que tem com Senna. Mas precisou
da ajuda de muita gente, como o
tricampeão, para chegar lá.
É exatamente nesse ponto, acredito, que a teoria faz sentido, nem
tanto pelas conclusões mais pelo
ponto de vista adotado. É quase
um clichê afirmar que a F-1 deteriorou sua competição por causa
da eletrônica, do auxílio à pilotagem. Responsabilizamos o piloto,
de certa forma corrompido pelos
computadores. E esquecemos o
corruptor, no caso, a equipe.
Esquecemos que os times ratificam as regras, que concordaram,
entre outras coisas, com a volta
do reabastecimento para forçar a
alternância das posições, em 1994,
que exigiram, mais recentemente,
a manutenção da telemetria, o
controle sobre a condução.
Esquecemos o que já disse um
dia sir Frank Williams. Que piloto é piloto, um mero detalhe.
Nunca mais
O tradicional ingresso para três dias não estará mais disponível no
GP Brasil. É que os promotores avaliam que o novo formato de treinos, que privilegia o sábado e transforma a sexta-feira em puro teste,
não vai atrair mais os aficionados. Deverão ser vendidos bilhetes específicos para cada dia e passes para sábado e domingo apenas.
Primeira vez
Rubens Barrichello finalmente experimenta hoje a nova Ferrari. A
quatro semanas da estréia no Mundial, a três de embarcar para Melbourne, fará o primeiro ensaio com a F2004 no circuito de Mugello.
Hakkinen fala
Disse que Raikkonen ganha neste ano e que Alonso é fogo de palha.
E-mail mariante@uol.com.br
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