São Paulo, sábado, 7 de fevereiro de 1998

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STOP & GO
O desafio de Newey

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Sem Spices Girls e com poucos holofotes, a McLaren optou pelo sóbrio no lançamento do MP4/13, o primeiro da família sob a tutela de Adrian Newey.
O carro, como no ano passado, ainda laranja, à espera das cores definitivas do patrocinador, não apresenta nada de muito inovador.
Nem poderia ser diferente no pasteurizado mundo da F-1, onde os detalhes são cada vez mais imperceptíveis e as cópias, quase necessárias.
No caso da McLaren, nem copiar adiantava mais. Depois do advento da Mercedes, da troca de patrocinador (o antigo era por demais exigente), faltava um projeto de verdade.
E como dinheiro é o que não falta, compraram o passe do mais competente projetista da atualidade, Newey, um sujeito, como certa vez descreveu Gugelmin, que trabalhou com ele, pouco preocupado com os pilotos, "quase" descartáveis -esse comentário do brasileiro, registre-se, foi feito pouco depois da morte de Senna.
Não à toa, Newey se deu tão bem com Head e Williams, para os quais pilotos também parecem ser apenas uma questão de regulamento.
Mas é justamente aí, nesse quesito, piloto, que o favoritismo da McLaren (real, desde que assinou com a Bridgestone) pode patinar.
Nada contra a dupla atual, com contratos renovados às pressas apenas para calar a boca de Hill naquele cômico episódio de Spa, no ano passado.
Mas nem Hakkinen nem Coulthard demonstraram até aqui estofo para serem campeões, apenas o que falta à escuderia de Ron Dennis.
Sintomático, Newey declarou anteontem em Woking, sede do time: "Será uma decepção se esse carro não for campeão."
Um pouco de soberba do projetista, claro, mas também uma declaração para eximir-se da responsabilidade de um eventual fracasso que, acredita, não será por sua culpa.

NOTAS

Como a Williams?
E Vasser foi o mais rápido do Spring Training. Mais um ano da Ganassi na Indy? É cedo para dizer. Nota positiva, o desempenho da molecada vinda da Lights, Kanaan em 7º, e Castro Neves, em 11º.

Bagunça?
Atenção organizadores do GP Brasil de F-1: leitores reclamam da ineficácia do telefone de informações sobre o evento. É bom lembrar que esse deve ser o único telefone de informações no mundo que é cobrado. Por quase R$ 3 o minuto, o serviço tem de ser, no mínimo, impecável.

Sugestão
Ao contrário da Ferrari, que saiu cedo e não funcionou, o anuário ""AutoMotor ", com a cobertura do automobilismo em 1997, editado por Reginaldo Leme, chegou com inédita antecedência e com grande qualidade. Por R$ 35, em bancas, livrarias ou direto com a editora, pelo (011) 820-2722.



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