São Paulo, sábado, 7 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI
Demagogia barata

Se o Corinthians perder mais uma vez para o Palmeiras, a cabeça de Wanderley Luxemburgo passa a correr riscos -verdadeiro absurdo, mas apenas mais um. Ainda mais porque, parece óbvio, o Corinthians está montando um bom time. Se ganhar, é claro, tudo será esquecido e não se fala mais em crise.
O Corinthians perdeu quatro jogos que poderia perfeitamente ter empatado e, com um pouco de sorte, até ter vencido neste pálido Rio-São Paulo sem torcedor.
Mas, é sabido, futebol é paixão e não reserva espaço para a racionalidade.
Além do mais, de fato, contra o Botafogo, a atuação de jogadores como Souza e Mirandinha, por exemplo, foi simplesmente exasperante.
Não, no entanto, a ponto de justificar a demagógica atuação de Luxemburgo nos últimos minutos da partida.
De repente, ele se lembrou que a Globo estava mostrando o jogo para São Paulo e tratou de ficar bem com a massa. Gritou como se fosse final de Copa e desabafou solidário com o sofrimento da fiel.
Ora, que o Corinthians tem em sua direção uma porção de topeiras é mais que conhecido. Responsabilizá-las, porém, naquela hora e daquele jeito soou como pura demagogia, somada à reles deslealdade. A mesma, aliás, com que brindou a direção do Santos -que lhe dava quase tudo que queria.
Portanto, e por paradoxal que pareça, se não faz o menor sentido sequer pensar em demitir Wanderley Luxemburgo (até porque nem a multa de Joel Santana foi paga ainda), será bom que ele se dê conta que a torcida corintiana não é composta por bobões que se deixam levar pela encenação da última quarta-feira, no estádio do Maracanã.

Por falar em bobões, menos mal que a cada dia se saiba que foram poucos os trouxas que participaram do Disque-Marcelinho -um embuste vergonhoso engendrado pela FPF e com a inexplicável cumplicidade da Rede Bandeirantes, com direito à manipulação de números e outras barbaridades que põem em risco a credibilidade de uma emissora reconhecida por seu bom jornalismo.
E a FPF, que agora quer se fazer passar por Pilatos no Credo, deve estar cada vez mais feliz com o aumento do seu ""prejuízo", que virá bem a calhar em seu balanço de 1998 -talvez no item das despesas com lavanderia, porque, afinal, roupa suja se lava em casa.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.