São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Ele é diferente

Com o maior salário da F-1, patrocinadores de peso e único a correr 2 vezes em casa, Alonso exibe força dentro e fora da pista

Danilo Verpa/Folhapress
Fernando Alonso, líder do Mundial com 231 pontos

DE SÃO PAULO

Foram três anos de aposentadoria. O suficiente para que Michael Schumacher perdesse seu trono. Quem manda na F-1 agora é outro piloto de vermelho: o espanhol Fernando Alonso, 29.
Dono de uma polpuda conta bancária, um currículo recheado de títulos e de reconhecido talento, Alonso sabe, como poucos, usar sua influência fora das pistas.
Hoje, no GP Brasil, tem a chance de conquistar o tricampeonato e mostrar seu poder também no cockpit.
A matemática para isso acontecer nesta tarde é complicada, especialmente por ele largar atrás das Red Bull.
Mas o cenário é um antigo conhecido do espanhol. Foi em Interlagos que o agora ferrarista amealhou seus dois títulos, em 2005 e 2006, quando ainda era uma estrela emergente da Renault.
A fase é boa. O próprio Alonso não se cansa de repetir que a sorte tem lhe acompanhado nas últimas provas.
Além da sorte, no entanto, o espanhol tem trabalhado duro desde que chegou à Ferrari. Nas palavras de seu próprio chefe, Stefano Domenicali, Alonso, assim como Schumacher, está deixando a escuderia com sua cara.
Talvez reflexo disso, é a única equipe que tem apenas um piloto na disputa pelo título -as duplas de Red Bull e McLaren ainda têm chances.
Outro indicativo do poder de Alonso está em seu contracheque. Estima-se que o espanhol tenha o maior salário da F-1: 30 milhões (cerca de R$ 70,7 milhões) por ano, quase o dobro do segundo colocado, Lewis Hamilton, com 16 milhões.
O piloto da Ferrari ainda é o queridinho de Emilio Botín, presidente do Santander, um dos principais patrocinadores da F-1, que dá nome aos GPs da Inglaterra e da Itália.
O banco acompanha o espanhol onde quer que ele vá. Primeiro, foi na McLaren. Depois da briga com Ron Dennis e Hamilton, o bicampeão voltou para a Renault, numa espécie de período sabático.
Ao final do contrato com o time inglês, o Santander anunciou que passaria a patrocinar a equipe de Maranello. Menos de um mês depois, a Ferrari anunciou a contratação do piloto espanhol.
Apesar de não confirmar, o Santander teria pago a milionária multa rescisória de Kimi Raikkonen para que Alonso pudesse correr na Ferrari.
O espanhol também conta com certa complacência da FIA, a entidade que comanda o automobilismo mundial.
Apesar de todas as provas e de ter julgado a Renault culpada pelo escândalo no GP de Cingapura em 2008, Alonso escapou ileso -o acidente proposital de Nelsinho Piquet beneficiou o espanhol, que ficou com a vitória.
Também passou incólume de críticas dos dirigentes da FIA após o GP da Alemanha, em julho. Durante a corrida, Felipe Massa, então líder da prova, abriu passagem para Alonso vencer a disputa.
Antes praticamente ignorada na Espanha, a F-1 também ganhou status no país graças ao "efeito Alonso".
A diferença é sentida no paddock. Atualmente, três redes de TV aberta espanholas transmitem o Mundial.
Outro privilégio concedido à Espanha atualmente é o de ser o único país a receber duas etapas: o GP da Espanha, em Barcelona, e o GP da Europa, em Valencia. (CAROLINA ARAÚJO, PAULO COBOS, SANDRO MACEDO E TATIANA CUNHA)


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