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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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MÁQUINA DO TEMPO

Atletas visitavam cruzeirense; "goalkeeper" era ídolo de palmeirense

Saudosismo marca palestrinos

DA REPORTAGEM LOCAL

Paixão, fidelidade, sofrimento, alegria, rivalidade e, principalmente, muito saudosismo.
Tudo isso é visto nos torcedores que seguem a trajetória de Palmeiras e Cruzeiro desde o tempo em que os clubes, de origem italiana, atendiam pelo nome de Palestra Itália -até 1942, quando as agremiações foram obrigadas a trocar de nome por causa da Segunda Guerra.
Muita coisa mudou de lá para cá, mas até hoje os torcedores palestrinos guardam na alma o prazer de torcer pelo Palestra, fosse em Minas ou São Paulo.
Plínio Barreto, 81, sabe de cor e salteado a vida do Cruzeiro e fala com orgulho do time do coração. "O Cruzeiro foi fundado em 1921. Eu nasci em 1922 e digo que só esperei o meu time ser criado para chegar ao mundo."
Os tempos românticos e a proximidade com os jogadores fazem Barreto voltar ao tempo em que ainda usava calças curtas. "Acompanho o time desde 1931. Tive muitos ídolos, e alguns até frequentaram a minha casa. Quando era garoto, ficava atrás do gol nos treinos do Cruzeiro no Barro Preto e ajudava a pegar as bolas que eram chutadas para longe", afirma o cruzeirense, que tem os ex-ídolos na ponta da língua: Piorra, Bengala, Alcides, Nogueirinha.
Se a saudade aperta quando se fala em Palestra Mineiro, a história se repete quando o assunto é o Palestra de São Paulo.
Waldomiro de Aquino, 75, lembra até como ia vestido aos jogos do seu Palestra.
"O pessoal ia de sapato, calça de linho e tudo mais. Não existia calça jeans. Não é como hoje, que o pessoal vai de qualquer jeito", comenta ele, que era chamado de "Comandante" pelos demais torcedores do time.
Aquino não esconde sua origem italiana para falar de sua preferência pelo Palestra, porém confessa que, nos tempos românticos, o futebol era muito mais bem jogado.
Na memória, ele ainda guarda o nome que os locutores usavam para falar de cada jogador.
"Antes era centro-médio, beque direito e esquerdo, em vez dos usuais laterais de hoje. O camisa 9 era chamado de centerforward, e o goleiro era goalkeeper ou guardião".
Entre os seus ídolos, ganha destaque Oberdan. "Ele pegava a bola com uma mão só. E como era humilde. Uma vez veio jogar na várzea, bem perto da minha casa, e ficou na maior conversa comigo. Ele foi muito melhor que o Marcos." (RBU E TA)



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