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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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OLIMPÍADA

Atentados na vizinha Turquia fazem organização permitir agentes estrangeiros e gastar mais US$ 175 milhões

Atenas incentiva segurança "importada"

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cada um por si parece ser o lema de Atenas para garantir a segurança dos Jogos de 2004, que acontecem de 13 a 29 de agosto.
Apesar do investimento recorde na história das Olimpíadas -serão gastos US$ 775 milhões pelo governo grego-, os organizadores resolveram incentivar cada uma das delegações a levar equipe própria de segurança. Não descartam até autorizar a entrada de integrantes de Exércitos estrangeiros, que ajudariam a proteger os atletas na Vila Olímpica.
Agentes do FBI, a polícia federal dos EUA, da CIA, agência de inteligência norte-americana, e do Mossad, o serviço secreto israelense, já têm trabalhado com o governo grego e estarão em ação durante os Jogos, assim como a Scotland Yard, a polícia britânica.
O Brasil ainda não decidiu como tratará a questão -se levará equipe própria ou não. Segundo a assessoria de imprensa do Comitê Olímpico Brasileiro, nos próximos dias Carlos Arthur Nuzman terá reunião com o ministro Agnelo Queiroz e deverá discutir o assunto com o governo.
Para Denis Oswald, inspetor-chefe do COI em Atenas, a presença de agentes estrangeiros é imprescindível. Apesar de dizer que ""as operações antiterrorismo estão concentradas nas mãos do governo grego", ele diz que Atenas fechou 37 acordos de cooperação com 32 países, que mandarão policiais para a Olimpíada.
A preocupação com a segurança, que já era grande desde o 11 de Setembro, virou obsessão para os gregos após a recente onda de atentados que deixaram 57 mortos em Istambul (Turquia).
Devido à instabilidade na região, o comitê organizador aprovou o aumento dos gastos no setor, que passaram de US$ 600 milhões para US$ 775 milhões -em Atlanta-96 e Sydney-00 não chegaram a US$ 300 milhões. Já o número de agentes envolvidos na operação acabou sendo ampliado de 45 mil para 55 mil.
""Antes mesmo dos atentados contra as sinagogas, o consulado britânico e o [banco] HSBC, o esquema de segurança de Atenas já seria o maior da história. Mas, depois do ocorrido em Istambul, será ainda maior", disse Peter Ryan, diretor de segurança do Athoc, o comitê organizador dos Jogos.
""Sabemos que risco zero é uma coisa que não existe, mas quem for à Grécia pode ter certeza que todo cuidado terá sido tomado."
Segundo Ryan, alguns reparos na estratégia de defesa serão feitos nos próximos meses. Ele não quis entrar em detalhes, mas disse que será dada maior atenção aos navios usados como hotéis. O porto de Pireus, onde serão atracados, deverá ser fechado e cercado. No mar, ficará a guarda costeira.
""Nas últimas simulações, estávamos muito preocupados com a parte aérea [sequestro de aviões], mas agora iremos nos dedicar mais à parte marítima."
Apesar de admitir mudanças na rota, ele negou notícias veiculadas pela imprensa norte-americana, segundo a qual as simulações feitas em agosto em Atenas teriam mostrado uma série de fragilidades no esquema grego.
""Não é verdade. Chegaram até a inventar que Israel estaria pensando em boicotar os Jogos por não concordar com a estratégia adotada, quando são os israelenses, ao lado dos norte-americanos e dos ingleses, nossos principais consultores no assunto."
Mas o Comitê Olímpico Internacional reconhece que, apesar de não interferir na questão da segurança, ela é um dos pontos que mais preocupam. "Existe o perigo do terrorismo, e ele não está limitado a um certo número de países. Pode acontecer na Grécia, pode acontecer em qualquer lugar. Nós todos somos afetados", disse o presidente Jacques Rogge.



Com agências internacionais


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