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FUTEBOL
Depois de 12 anos na presidência do Palmeiras, dirigente continuará com dois cargos vitalícios no Parque Antarctica
Mustafá diz adeus para agir na sombra
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Doze anos depois de se sentar
pela primeira vez na cadeira mais
cobiçada do Parque Antarctica,
Mustafá Contursi sairá do cargo.
Mas não do Palmeiras.
A partir de segunda-feira, quando provavelmente verá Affonso
Della Monica -seu candidato à
sucessão- assumir a presidência
do clube, Mustafá, na condição de
ex-presidente, passará a ocupar
um lugar vitalício no Conselho de
Orientação Fiscal.
O COF é um dos três "poderes"
diretivos do clube segundo seu estatuto -o Conselho Deliberativo
e a Diretoria executiva completam o tripé que dita os rumos.
Além da nova função, o atual
mandatário palmeirense seguirá
como membro do Conselho, onde ocupa vaga vitalícia e tem
enorme grau de influência.
"Não pretendo interferir [nas
ações do novo presidente]. Não
seria ético de minha parte. Minhas manifestações ficarão por
conta dos cargos que terei no clube", disse Mustafá, que ontem
convocou uma entrevista coletiva
em seu gabinete presidencial.
Apesar da declaração, a transferência das decisões do dia-a-dia
palmeirense entre Mustafá e Del-la Monica deve ocorrer gradualmente. Pelo menos até que o novo
presidente indique nomes para a
diretoria -sobretudo para a de
futebol, que está vaga atualmente,
devido aos problemas de saúde
que teve Mario Giannini recentemente-, Mustafá seguirá opinando sobre os rumos a serem tomados pela diretoria. Agora, como membro do Conselho Gestor,
criado por ele próprio para a condução de renovações e contratações de jogadores durante o processo de eleição no clube.
Apesar de não dizer publicamente, o palmeirense teme que
um racha em seu grupo ainda
possa ocorrer. Ou, pior, que Affonso Della Monica faça uma
composição com os opositores,
que durante a campanha chegaram a acenar com a possibilidade
de candidatura única -Mustafá
considera essa possibilidade inconcebível, já que durante boa
parte de sua gestão fora atacado
pelo grupo contrário.
Além de seguir nos bastidores
do Palmeiras, Mustafá também
continuará orbitando a elite da
cartolagem brasileira com duas
funções: como um dos vice-presidentes do Clube dos 13 e como
um dos representantes dos clubes
sul-americanos na Fifa, onde foi
recentemente empossado.
Em seus últimos momentos como o mandatário do Palmeiras,
Mustafá se gaba de deixar o comando com o clube, conforme
suas próprias palavras, numa situação financeira "espetacular".
"Só não posso divulgar os números porque eles ainda estão sujeitos à aprovação. Mas a condição atual é muito boa."
Apesar de refutar a pecha de
"ditador", como é freqüentemente chamado por seus opositores,
Mustafá comandou com mãos-de-ferro o clube.
"Democracia? Não sei o que é
democracia. Não sei se é 51% superar 49%. Democracia está sujeita à demagogia", disse.
Quando questionado sobre as
acusações de que manipulou o
Conselho Deliberativo do clube
para perpetuar o seu grupo no poder -a atual situação tomou posse dois mandatos antes de Mustafá, com Carlos Facchina como
presidente- Mustafá, diz que, na
verdade, o que houve foi "muita
competência". "Você consegue ficar 16 anos enganando todo mundo?", rebateu em sua despedida.
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