São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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Estadual coroa pequenos abusados em sua decisão

Depois de atropelarem grandes, Paulista e São Caetano são os primeiros finalistas "acanhados" com média igual ou maior a dois gols por partida

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nada de retrancas e medo dos grandes. Paulista e São Caetano são finalistas do Estadual de São Paulo sem seguir a receita de outros pequenos que já tiveram o gosto de decidir a competição.
Isso a começar pela vocação ofensiva. Em nenhuma das nove vezes anteriores que um time do interior foi à final em uma edição com todos os grandes na disputa (em 2002 eles ficaram de fora e o Ituano foi campeão), esse clube igualou ou superou a média de dois gols marcados por jogo no seu caminho até a final.
Agora, o time do ABC tem a exata marca de dois gols por partida. Bem mais longe vai o Paulista. Mesmo colocado no grupo mais difícil da primeira fase, a equipe de Jundiaí tem simplesmente o ataque mais goleador do certame -marca, em média, 2,46 vezes por confronto.
Antes de Paulista x São Caetano, o campeonato só havia sido decidido uma vez por dois pequenos -ambos bem poucos ofensivos.
Em 1990, o Bragantino de Wanderley Luxemburgo tinha média de 1,17 gol por jogo até a decisão, enquanto o Novorizontino de Nelsinho Baptista marcava apenas 1,09 vez por partida.
Os números do Datafolha ajudam a explicar o grande poderio ofensivo dos finalistas.
O São Caetano tem a melhor pontaria e o terceiro maior número de chances criadas.
Já o Paulista é letal nas conclusões. Marcou, em média, um gol a cada seis finalizações.
Como comparação, o poderoso Santos de Robinho e Diego precisou, em média, chutar dez vezes, também em média, para balançar as redes uma vez.
"O São Caetano está praticando um futebol equilibrado. Antes aqui a defesa era o mais importante aqui. Hoje, também atacamos. Assim, podemos chegar na final com perfil de grande", diz o técnico Muricy Ramalho, do São Caetano. Realmente sua equipe parece ter aprendido a atacar.
No Campeonato Brasileiro do ano passado, por exemplo, o clube registrou a modesta média de 1,15 gol por jogo.
Enquanto seu rival dos dois próximos domingos finalmente consegue equilibrar seu poderio defensivo com o ofensivo, o time de Jundiaí é o recordista de gols do campeonato sem depender de um só jogador, como aconteceu com o Palmeiras de Vágner e o São Paulo de Luis Fabiano.
Os 32 gols marcados pelo Paulista tiveram 11 autores diferentes, sendo que o artilheiro da equipe, o atacante João Paulo, marcou apenas seis vezes.
O Palmeiras, eliminado pelo time de Jundiaí, balançou as redes 31 vezes, com só oito atletas -só Vágner foi o responsável por 12.
"A força do nosso time está na distribuição das responsabilidades. Aqui todos têm liberdade para tentar uma jogada individual", afirma o meia Canindé.

Carrasco dos grandes
Em suas vitoriosas campanhas, Paulista e São Caetano deixaram os grandes para trás. Nesse ponto, foi a agremiação da região do ABC que se destacou mais.
Foram três jogos contra Santos (uma vitória e dois empates), um contra o Palmeiras (vitória) e um diante do São Paulo (vitória). Dessa forma, registrou um aproveitamento de 73%. Nenhum outro time pequeno que já disputou um mata-mata de final no Estadual teve desempenho tão avassalador contra os grandes.
Como ambos os finalistas são fortes no ataque e têm bons resultados diante de clubes mais tradicionais, quem levar a melhor na decisão será o melhor "pequeno campeão" do Paulista.
Na pior das hipóteses (o campeão sair na disputa de pênaltis depois de dois empates), o Paulista terá um aproveitamento de 64% e o São Caetano, de 62%. Considerando três pontos por vitória, tanto a Inter de Limeira, em 1986, quanto o Bragantino, em 1990, foram campeões ganhando 61% dos pontos em jogo.


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