|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estadual coroa pequenos abusados em sua decisão
Depois de atropelarem grandes, Paulista e São Caetano são os primeiros finalistas "acanhados" com média igual ou maior a dois gols por partida
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nada de retrancas e medo dos
grandes. Paulista e São Caetano
são finalistas do Estadual de São
Paulo sem seguir a receita de outros pequenos que já tiveram o
gosto de decidir a competição.
Isso a começar pela vocação
ofensiva. Em nenhuma das nove
vezes anteriores que um time do
interior foi à final em uma edição
com todos os grandes na disputa
(em 2002 eles ficaram de fora e o
Ituano foi campeão), esse clube
igualou ou superou a média de
dois gols marcados por jogo no
seu caminho até a final.
Agora, o time do ABC tem a
exata marca de dois gols por partida. Bem mais longe vai o Paulista. Mesmo colocado no grupo
mais difícil da primeira fase, a
equipe de Jundiaí tem simplesmente o ataque mais goleador do
certame -marca, em média, 2,46
vezes por confronto.
Antes de Paulista x São Caetano,
o campeonato só havia sido decidido uma vez por dois pequenos
-ambos bem poucos ofensivos.
Em 1990, o Bragantino de Wanderley Luxemburgo tinha média
de 1,17 gol por jogo até a decisão,
enquanto o Novorizontino de
Nelsinho Baptista marcava apenas 1,09 vez por partida.
Os números do Datafolha ajudam a explicar o grande poderio
ofensivo dos finalistas.
O São Caetano tem a melhor
pontaria e o terceiro maior número de chances criadas.
Já o Paulista é letal nas conclusões. Marcou, em média, um gol a
cada seis finalizações.
Como comparação, o poderoso
Santos de Robinho e Diego precisou, em média, chutar dez vezes,
também em média, para balançar
as redes uma vez.
"O São Caetano está praticando
um futebol equilibrado. Antes
aqui a defesa era o mais importante aqui. Hoje, também atacamos. Assim, podemos chegar na
final com perfil de grande", diz o
técnico Muricy Ramalho, do São
Caetano. Realmente sua equipe
parece ter aprendido a atacar.
No Campeonato Brasileiro do
ano passado, por exemplo, o clube registrou a modesta média de
1,15 gol por jogo.
Enquanto seu rival dos dois
próximos domingos finalmente
consegue equilibrar seu poderio
defensivo com o ofensivo, o time
de Jundiaí é o recordista de gols
do campeonato sem depender de
um só jogador, como aconteceu
com o Palmeiras de Vágner e o
São Paulo de Luis Fabiano.
Os 32 gols marcados pelo Paulista tiveram 11 autores diferentes,
sendo que o artilheiro da equipe,
o atacante João Paulo, marcou
apenas seis vezes.
O Palmeiras, eliminado pelo time de Jundiaí, balançou as redes
31 vezes, com só oito atletas -só
Vágner foi o responsável por 12.
"A força do nosso time está na
distribuição das responsabilidades. Aqui todos têm liberdade para tentar uma jogada individual",
afirma o meia Canindé.
Carrasco dos grandes
Em suas vitoriosas campanhas,
Paulista e São Caetano deixaram
os grandes para trás. Nesse ponto,
foi a agremiação da região do
ABC que se destacou mais.
Foram três jogos contra Santos
(uma vitória e dois empates), um
contra o Palmeiras (vitória) e um
diante do São Paulo (vitória).
Dessa forma, registrou um aproveitamento de 73%. Nenhum outro time pequeno que já disputou
um mata-mata de final no Estadual teve desempenho tão avassalador contra os grandes.
Como ambos os finalistas são
fortes no ataque e têm bons resultados diante de clubes mais tradicionais, quem levar a melhor na
decisão será o melhor "pequeno
campeão" do Paulista.
Na pior das hipóteses (o campeão sair na disputa de pênaltis
depois de dois empates), o Paulista terá um aproveitamento de
64% e o São Caetano, de 62%.
Considerando três pontos por vitória, tanto a Inter de Limeira, em
1986, quanto o Bragantino, em
1990, foram campeões ganhando
61% dos pontos em jogo.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Finalistas estão acima da média nas estatísticas Índice
|