São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2000


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ADMINISTRAÇÃO
Subaproveitado, o estádio municipal troca, a partir de amanhã, bola por torneio de snowboarding
Pacaembu, sem futebol, congela abaixo de zero grau

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto Santos e São Paulo esquentarão o clima no saturado estádio do Morumbi, sábado à tarde, no primeiro jogo das finais do Paulista, estará nevando, literalmente, no subaproveitado e sexagenário Pacaembu.
A mais charmosa "casa" do futebol paulista, ausente do Estadual deste ano, abriga de amanhã até domingo um festival de snowboarding, que é praticado com pranchas sobre a neve (feita artificialmente, no caso do Pacaembu).
O estádio municipal, oficialmente Paulo Machado de Carvalho, localizado na área central da cidade e com capacidade para cerca de 40 mil torcedores, palco da Copa de 50, abrigou neste ano apenas sete jogos de futebol profissional envolvendo pelo menos uma grande equipe de São Paulo.
No segundo semestre, o estádio poderá permanecer subaproveitado, vítima de uma licitação mal conduzida pela Prefeitura de São Paulo e fora da nova ordem econômica do futebol, já que qualquer atividade publicitária no local requer concorrência pública.
Para tentar tirar o Pacaembu da ociosidade futebolística, o novo secretário de Esportes de São Paulo, o ex-goleiro Gilmar dos Santos Neves, anunciou ontem que pretende "arrendar" o estádio para a FPF (Federação Paulista de Futebol) ou para o Corinthians, clube que mais utiliza o local.
O estádio está praticamente fechado desde o final do ano passado, quando a Prefeitura de São Paulo cancelou o contrato com a agência Target, que havia vencido licitação para controlar as placas de publicidade no Pacaembu.
Havia suspeita de fraude na licitação, conforme revelou a Folha. Sem a publicidade, as TVs e os clubes se afastaram, carregando com eles os jogos de futebol.
A situação piorou neste ano, pois a Rede Globo comprou os direitos de publicidade do Campeonato Paulista e anunciou que não tinha interesse em participar de uma licitação para colocar a marca de seus anunciantes no estádio.
Para o Campeonato Nacional, a Globo deverá repetir a fórmula do Campeonato Paulista, já que a emissora, por meio da Globo Esportes, já acertou o controle sobre as placas do torneio.
Descontado o aspecto histórico, o Pacaembu vem fazendo falta nesta temporada do futebol brasileiro. Só nas últimas duas semanas, o Morumbi abrigou sete jogos, de dois campeonatos -uma partida a cada dois dias.
Prefeitura, Corinthians, Rede Globo e FPF esboçaram uma iniciativa para inserir o Pacaembu no Paulista, mas esbarraram em uma ação movida pela Target contra a administração municipal, que, em setembro último, cancelou a licitação vencida pela agência meses antes.
Para o campeonato de snowboarding, entretanto, a solução foi encontrada. A prefeitura "alugou" o estádio para os produtores do evento, que poderão, inclusive, expor a marca de seus patrocinadores no Pacaembu.
Os produtores do torneio tiveram também direito à uma sala, onde trabalham há cerca de um mês, no próprio estádio.
Para as provas, uma pista será instalada, ligando o tobogã (arquibancadas que ficam atrás de um dos gols) ao gramado.
"O fato de o futebol estar meio parado no Pacaembu favoreceu o evento, mas tudo foi feito com a maior clareza e o gramado não será prejudicado", disse Theodoro Eggers, responsável pela organização do torneio.
Segundo a administração do Pacaembu, a "brecha" jurídica encontrada foi a de que o estádio pode ser cedido, sem licitação, para eventos internacionais, já que a competição de snowboarding faz parte de um festival sobre a Suíça.
O ex-secretário de Esportes de São Paulo Fausto Camunha, à frente do cargo quando o evento foi acertado, disse que não há irregularidades na cessão do espaço e afirma que o Pacaembu não é destinado apenas ao futebol.
"Tentei de todas as formas reabilitar o estádio, um patrimônio da cidade. Encaminhei o caso para a Secretaria dos Negócios Jurídicos e espero uma solução", afirmou Camunha ontem.



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