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Festa fracassa na pracinha de Königstein
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A KÖNIGSTEIN
A solidão de Chrissa
Weintz, 20, é a maior prova
de que a festa "brasileira" na
pracinha de Königstein não
pegou. Em que lugar do Brasil uma loura bronzeada, de
minissaia, bota, cabelos longos, louros e olhos caprichadamente delineados reclamaria da falta de assédio
masculino? Sem namorado,
Chrissa se queixa.
"Não vejo animação. O
temperamento dos alemães
não ajuda", diz, enquanto faz
poses sentada na grama.
São 18h, e Chrissa diz que
espera anoitecer para ver se a
coisa engrena. "Mas acho difícil. Mesmo em Frankfurt
não acontece muita coisa."
Cada freqüentador da desanimada pracinha, cuja
tranquilidade lembra o centro de Águas de São Pedro, no
interior paulista, tem uma
explicação para a calmaria.
"Os alemães são muito
pontuais. Os brasileiros marcam as atrações e só aparecem muito depois", diz, rindo, a dona de agência de automóveis Sigi Stemel, 57,
uma senhora de cabelos muito louros, vestindo paletó
igual à calça verde-limão.
"Tem um grupo de brasileiros ali. Naquele pedaço com
certeza tem barulho."
Esse é o problema para o
professor Jürgen Eicheler,
43, que caminha com a mulher e a filha de um ano; ele é
o primeiro a reconhecer que
não é muito de batuque.
"Fico com pena dos ouvidos da minha criancinha. Eu
mesmo não tenho os meus
suficientemente educados
para ouvir esse som tão alto",
diz, enquanto o CD toca sambas de Bezerra da Silva, Clara
Nunes e João Bosco.
A brasileira Marina Witt,
22, que trabalha na organização do evento, diz que o problema foi a má divulgação. "A
idéia era atrair pessoas das
cidades vizinhas."
Na outra ponta da praça,
Jane Santos, 34, uma das cinco mulatas baianas que atendem num imenso quiosque
verde-e-amarelo, não se deixa contaminar pelo desânimo. Com um macacão de
malha superjusto, Jane apresenta seu namorado, Thomas Daubermann, 38.
O que ele faz? "É dono de
uma produtora de eventos
com dançarinas."
Acredita que você é a única
namorada? (Ela olha para
Thomas) "Sou só eu, né, meu
lindo?"
"Só", ele responde.
Risada geral (dos brasileiros).
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