São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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Após triunfo na Inglaterra, ferrarista pode conquistar seu quinto título na F-1 no próximo GP, na França

Vitória deixa Schumacher perto do penta

DO ENVIADO A SILVERSTONE

Michael Schumacher quebrou mais um recorde ontem. Encostou no pentacampeonato. Viu seu companheiro de equipe assumir o segundo lugar no Mundial.
Nada disso mereceu tanta comemoração como o fato de ter vencido no campo do adversário.
"Foi uma vitória especial para mim. Nunca tive sorte na Inglaterra, mas, de repente, consegui aqui minha 60ª vitória. Foi incrível, fantástico", disse o piloto alemão, ensopado de champanhe.
Silverstone é a casa da McLaren e da Williams, times que venceram a corrida 15 vezes nos últimos 20 anos. Schumacher, até ontem, só havia conseguido uma vitória no circuito, em 1998. E foi nessa pista que ele sofreu o acidente mais grave de sua carreira, em 1999 -fraturou a perna direita, passou por uma cirurgia e perdeu mais seis etapas daquele Mundial.
Só na entrevista coletiva oficial da FIA (entidade máxima do automobilismo) é que o alemão se deu conta de suas outras façanhas na corrida de ontem. Foram três.
A principal delas: ter aberto a possibilidade de fechar o Mundial já na próxima etapa, na França.
Para que isso aconteça, Schumacher precisa vencer em Magny-Cours, desde que Rubens Barrichello ou Juan Pablo Montoya não terminem em segundo.
O alemão pode ser campeão até com a segunda posição, dependendo de uma combinação de resultados. Entre outros fatores, Barrichello teria que ficar fora da zona de pontos e Montoya não poderia ir além do sexto lugar.
"É verdade? Não somei meus pontos ainda. Preciso fazer o cálculo", declarou Schumacher.
"O que importa é que, agora, estamos em uma situação ideal no campeonato", afirmou, referindo-se a seu companheiro de equipe, Barrichello, que assumiu a vice-liderança da temporada.

Recorde
Schumacher conseguiu outros dois feitos importantes ontem.
Mantendo a rotina, o tetracampeão bateu um recorde. Superou Alain Prost e tornou-se o piloto com mais pódios em toda a história da categoria: 107 -60 vitórias, 31 segundos lugares e 16 terceiros.
De quebra, chegou aos pontos pela 15ª corrida seguida, igualando uma marca do argentino Carlos Reutemann entre 1980 e 1981.
A última corrida em que não pontuou foi o GP da Alemanha do ano passado, que abandonou com problemas mecânicos.
Largando em terceiro lugar, o alemão contou ontem com a chuva para chegar à vitória.
Alçado ao segundo posto antes mesmo da largada com o problema de Barrichello (leia nesta página), Schumacher se lançou em uma perseguição ao Williams de Montoya nas primeiras voltas.
Seu trabalho ficou mais fácil a partir da 10ª volta, quando passou a garoar em Silverstone.
Com a pista molhada apenas em alguns trechos, as equipes optaram por pneus intermediários. É esse, exatamente, o ponto fraco da Michelin, que desde 2001 fornece compostos para a Williams.
Sem conseguir impor um ritmo forte, Montoya não teve como segurar Schumacher. Sem enfrentar resistência, o alemão ultrapassou o colombiano na 16ª das 60 voltas e disparou para a vitória.
"Sabíamos que tínhamos pneus muito bons. Trabalhamos muito duro com a Bridgestone para chegar a esse estágio", disse. "Mas tenho que agradecer ao Ross [Brawn, estrategista da Ferrari". Ele soube me chamar para trocar pneus nas horas certas."
Na parte final da corrida, já com asfalto seco, Schumacher se deu ao luxo de tirar o pé e controlar seu ritmo de corrida. Mesmo assim, venceu com mais de 14 segundos de folga para Barrichello.
Candidato a rival do alemão no início do campeonato, Montoya, terceiro no Mundial, jogou a toalha ontem. "Michael não precisa ficar fazendo contas. Ele sabe que já ganhou o título", disse o colombiano ontem, sorriso amarelo no rosto. (FÁBIO SEIXAS)


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