São Paulo, domingo, 08 de setembro de 2002

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POR QUÊ?

Era mais seguro e barato reagir pelo esporte

DA REPORTAGEM LOCAL

O boicote liderado pelos EUA aos Jogos de Moscou não foi um sucesso absoluto por uma razão fundamental: o presidente Jimmy Carter e seus assessores do Departamento de Estado não sabiam como funcionavam as instituições e as federações esportivas internacionais.
Essa é a opinião de Derick Hulme, professor de ciência política do Alma College, nos EUA, e autor do livro ""Political Olympics: Moscow, Afghanistan and the 1980 U.S. Boycott" (""Olimpíadas políticas: Moscou, Afeganistão e o boicote dos EUA em 1980"). Segundo Hulme, Carter se sentiu traído pelos soviéticos após a invasão. Ele havia ficado ao lado de pessoas no governo que pensavam que a URSS já não era mais uma ameaça.
"Ele tentou então encontrar uma maneira de baixo risco e baixo custo para responder àquela situação. Não havia nenhuma alternativa viável em termos de resposta militar. Os EUA não estavam preparados para defender o Afeganistão contra 100 mil soldados soviéticos", diz.
O governo americano logo percebeu que a URSS tinha investido grande quantidade de dinheiro e prestígio político para conseguir os Jogos -era uma forma de validar a posição de superpotência equivalente aos EUA.
"Carter entendia que um boicote, se bem-feito, prejudicaria os soviéticos. Era uma opção política atraente", afirma o professor. Mas os americanos esbarraram numa série de problemas, o pior deles na Europa Ocidental, onde os comitês não estavam sob controle direto dos governos. "Os EUA dependiam dos países com regimes autoritários."
Mas a tentativa de ampliar o protesto esbarrou na inabilidade do Departamento de Estado, que não tinha especialistas em esporte. "Carter tentou convencer a África do Sul sem saber que o país havia sido expulso do COI décadas antes." (MS)


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