São Paulo, sexta-feira, 08 de outubro de 2004

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BOXE

Déjà vu

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Jose Sulaiman , presidente do Conselho Mundial de Boxe, foi reeleito. O mexicano permanecerá na presidência da entidade por (pelo menos) mais quatro anos.
O episódio não deixou de ter certo toque de dramaticidade.
Na abertura da convenção anual do CMB, teve início zunzunzum dando conta de que Sulaiman, na presidência desde 1975, abandonaria seu posto.
Fiquei impressionado e perguntei ao presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Luis Claudio Boselli, se acreditava que aquela promessa era possível.
O dirigente respondeu, categoricamente, que não. Afirmou, sem titubear, que aquilo não passava de teatralidades de Sulaiman.
E prosseguiu: "Quer ver como ele ficou choramingando, lamentando como sofre no papel de presidente e que vai cair fora, só para ser eleito por aclamação?".
Não acreditei. Afinal, aquele era o assunto em todas as "rodinhas". Além disso, Sulaiman havia dito com tanta convicção...
Fui falar com John Brister, assessor de imprensa do CMB (leia-se Sulaiman). Aconselhou-me, sem fazer muito alarde, a não prestar atenção naquele papo.
Levei o conselho de Brister em consideração, no entanto restava ainda uma certa expectativa.
Aí foi anunciado que Sulaiman faria "relevante declaração".
Antes que o mexicano pudesse tomar a palavra, um dos presidentes de confederação, espontaneamente, pediu o microfone e desfiou todas as realizações de Sulaiman desde 1975, quando assumiu a presidência do CMB.
Comovido, Sulaiman afirmou que "se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico [durante mais quatro anos]". Ou algo nessa linha.
Seguiu-se um aplauso geral.
Pois é, nesta semana, na convenção do CMB, que neste ano é realizada na Tailândia, Sulaiman ameaçou deixar a presidência. Ficou comovido com o discurso de um de seus subordinados e pela reação geral. Decidiu permanecer. E foi eleito por aclamação.
Mas sabe o que é bem curioso?
O fato de o relato com que abri esta coluna se referir à edição de quatro anos atrás da convenção do CMB, que aconteceu no México, e não à desta semana.
Parece que Sulaiman está ficando sem imaginação, não é?
Neste ano, porém, o dirigente mexicano teria mais motivos do que nunca para pedir água.
Afinal, virou o vilão do ano do pugilismo depois que o CMB quase foi obrigado de fechar as portas: conseqüência da decisão da Justiça dos EUA que deu ganho da causa de US$ 31 milhões para o alemão Graciano Rocchigiani.
Até partiu da direção do CMB a orientação para a liquidação dos bens para o pagamento da indenização a Rocchigiani. O Conselho foi salvo pelo gongo, graças a acordo que fez com o alemão.
Após a reeleição, Sulaiman afirmou que acabara de presenciar uma demonstração de lealdade.
E a seguir acrescentou: "Esta será a base de um novo começo".
Levando em conta o que ocorreu antes e durante a convenção, resta só questionar se este é realmente um começo. E se for mesmo, o quão novo ele realmente é.

Ranking 1
Popó aparece em primeiro no último ranking dos leves da OMB.

Ranking 2
Pelo CMB, ele não figura entre os dez melhores leves. É o 11º.

Ranking 3
O CMB aumentou de 30 para 40 o número de pugilistas ranqueados mensalmente em cada uma das categorias de peso.

Ranking 4
A "The Ring" deixou de publicar os rankings das três principais entidades do boxe -CMB, AMB e FIB. Há tempos a publicação especializada faz campanha contra as três e também contra a OMB.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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