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BOXE
Déjà vu
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Jose Sulaiman , presidente do
Conselho Mundial de Boxe, foi
reeleito. O mexicano permanecerá na presidência da entidade por
(pelo menos) mais quatro anos.
O episódio não deixou de ter
certo toque de dramaticidade.
Na abertura da convenção
anual do CMB, teve início zunzunzum dando conta de que Sulaiman, na presidência desde
1975, abandonaria seu posto.
Fiquei impressionado e perguntei ao presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Luis Claudio Boselli, se acreditava que
aquela promessa era possível.
O dirigente respondeu, categoricamente, que não. Afirmou, sem
titubear, que aquilo não passava
de teatralidades de Sulaiman.
E prosseguiu: "Quer ver como
ele ficou choramingando, lamentando como sofre no papel de presidente e que vai cair fora, só para
ser eleito por aclamação?".
Não acreditei. Afinal, aquele
era o assunto em todas as "rodinhas". Além disso, Sulaiman havia dito com tanta convicção...
Fui falar com John Brister, assessor de imprensa do CMB (leia-se Sulaiman). Aconselhou-me,
sem fazer muito alarde, a não
prestar atenção naquele papo.
Levei o conselho de Brister em
consideração, no entanto restava
ainda uma certa expectativa.
Aí foi anunciado que Sulaiman
faria "relevante declaração".
Antes que o mexicano pudesse
tomar a palavra, um dos presidentes de confederação, espontaneamente, pediu o microfone e
desfiou todas as realizações de
Sulaiman desde 1975, quando assumiu a presidência do CMB.
Comovido, Sulaiman afirmou
que "se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao
povo que fico [durante mais quatro anos]". Ou algo nessa linha.
Seguiu-se um aplauso geral.
Pois é, nesta semana, na convenção do CMB, que neste ano é
realizada na Tailândia, Sulaiman ameaçou deixar a presidência. Ficou comovido com o discurso de um de seus subordinados e
pela reação geral. Decidiu permanecer. E foi eleito por aclamação.
Mas sabe o que é bem curioso?
O fato de o relato com que abri
esta coluna se referir à edição de
quatro anos atrás da convenção
do CMB, que aconteceu no México, e não à desta semana.
Parece que Sulaiman está ficando sem imaginação, não é?
Neste ano, porém, o dirigente
mexicano teria mais motivos do
que nunca para pedir água.
Afinal, virou o vilão do ano do
pugilismo depois que o CMB quase foi obrigado de fechar as portas: conseqüência da decisão da
Justiça dos EUA que deu ganho
da causa de US$ 31 milhões para
o alemão Graciano Rocchigiani.
Até partiu da direção do CMB a
orientação para a liquidação dos
bens para o pagamento da indenização a Rocchigiani. O Conselho foi salvo pelo gongo, graças a
acordo que fez com o alemão.
Após a reeleição, Sulaiman afirmou que acabara de presenciar
uma demonstração de lealdade.
E a seguir acrescentou: "Esta será a base de um novo começo".
Levando em conta o que ocorreu antes e durante a convenção,
resta só questionar se este é realmente um começo. E se for mesmo, o quão novo ele realmente é.
Ranking 1
Popó aparece em primeiro no último ranking dos leves da OMB.
Ranking 2
Pelo CMB, ele não figura entre os dez melhores leves. É o 11º.
Ranking 3
O CMB aumentou de 30 para 40 o número de pugilistas ranqueados
mensalmente em cada uma das categorias de peso.
Ranking 4
A "The Ring" deixou de publicar os rankings das três principais entidades do boxe -CMB, AMB e FIB. Há tempos a publicação especializada faz campanha contra as três e também contra a OMB.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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