|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Zagallo chefiou
"time" que fez
técnico assumir
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de almoçar anteontem na Barra da Tijuca (zona
oeste do Rio), numa conversa
na qual aceitou voltar a dirigir a
seleção, Carlos Alberto Parreira foi com Zagallo para o apartamento do novo coordenador.
No mesmo bairro, onde também ficam a casa de Parreira e a
sede da CBF (Confederação
Brasileira de Futebol).
Passava pouco das 17h. Ao
entrarem, anunciaram o "sim"
de Parreira e a volta de Zagallo
ao trabalho, depois de celebrar
a aposentadoria em novembro,
num jogo-despedida.
"Vocês estão malucos?", gritou a mulher do coordenador,
Alcina. "O que fizeram? Disseram que não queriam e agora
vão voltar!" Olhou para o marido e lembrou-lhe do adeus.
De bate-pronto, Zagallo respondeu: "Eu tinha me despedido só como treinador". Ontem,
quando ele e Parreira narraram
o episódio, o coordenador
acrescentou: "Ela [sua mulher]
teve que me engolir! O verde-amarelo está acima de tudo".
Parreira contou que, na segunda, esperava ser convidado
por Ricardo Teixeira para ser
coordenador. Afirmou que
nunca indicou ninguém para
técnico, nem Oswaldo Oliveira.
Surpreendeu-se com a proposta. Resistiu. "Em 24 horas, tudo
mudou", disse. Na segunda à
noite, uma operação baseada
no quartel-general da CBF foi
iniciada para convencer Parreira. Desde antes da Copa de 94
ele decidira não mais treinar a
seleção. "Nunca, em nenhum
período, um técnico da seleção
sofreu como nós de 91 a 94."
Teixeira conversou com ele.
Zagallo, idem. O supervisor
Américo Faria, também. "Zagallo foi o mais insistente",
contou Parreira. Os argumentos de Faria foram decisivos.
Mostrou como a estrutura da
seleção se profissionalizou desde 94. Acenou com o projeto de
transformar o Brasil numa referência mundial para formação de mão-de-obra e padrão de gestão de times. Poderia
mudar as divisões de base.
"O clima é muito mais light
hoje que em 94", disse Faria. O
técnico aponta a diferença da
pressão de mais de duas décadas sem título -o último fora
em 70- para a atual situação:
três finais consecutivas em Copa, duas vitórias. Ele pensou na
velha amizade com Zagallo, a
quem conheceu no final dos
anos 60. Parreira, então preparador físico, foi mostrar ao técnico do Botafogo slides sobre
táticas de seleções européias.
Parreira considerou a opinião da família: sem esquecer a
tensão dos anos 90, era contra.
Mas, após três anos, voltaria a
morar em casa, no Rio.
Na tarde de anteontem, ele,
Zagallo, Faria, Teixeira e Marco
Antônio Teixeira (secretário-geral da CBF) se levantaram da
mesa no restaurante e se abraçaram. Parreira dissera sim.
Ele telefonou para um dirigente do Corinthians, seu clube, e informou a decisão. Ao chegar em casa, após passar no
apartamento de Zagallo, encontrou sua mãe, Geni, que demonstrou contrariedade. "Como mãe, ela já sofre antecipadamente", diz Parreira.
(MM)
Texto Anterior: "Tops" se revezam na parte física Próximo Texto: Futebol: Parreira assume sem contrato nem salário Índice
|