São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2002

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ZIZINHO

Zezé, o plagiador

Conversando um dia com um amigo comum do Zezé Moreira, ele me confiou o segredo de como o saudoso treinador plagiou o moderníssimo sistema tático 3-5-2 que é a grande vedete dos dias de hoje.
O campeonato carioca de 1951 terminou empatado entre o Bangu e o Fluminense. O tricolor venceu a primeira partida da melhor de três, e nós ficamos sem a nossa linha de quatro zagueiros para a segunda partida. Perdemos o Mendonça em um lance com Didi, "o magro Telê" tirou o grande Rafanelli do campo, o Mirim saiu expulso com o Carlyle, e Sula não disputou as finais. Era uma boa linha de quatro zagueiros.
Nas vésperas da segunda, o Zezé estava sentado em um banco na praia de Copacabana procurando nas estrelas uma forma de liquidar com o Bangu na segunda partida quando adormeceu.
Foram dois viajantes do espaço trajando-se como o povo da terra que o apagaram com um suave gás sem que ele percebesse. O colocaram em um carro com destino a uma pequena e gostosa cidade do velho Estado do Rio que responde pelo nome do poeta Casimiro de Abreu e que convive maravilhosamente com os viajantes do espaço.
Colocaram Zezé em uma nave ainda adormecido, atravessaram o "buraco do ozônio" e se encontraram em uma outra dimensão, no ano 2000.
Zezé acordou e já não estava mais em um banco na praia de Copacabana e sim em uma bela nave e sentado em uma confortável poltrona.
O comandante da nave dirigiu-se ao Zezé delicadamente e lhe fez a seguinte pergunta:
- Senhor, que batalha é aquela que estão travando naquela linda arena em seu país?
- Não é uma batalha nem tampouco uma arena, e sim uma partida de futebol entre o São Paulo e a Portuguesa. Só não conheço o estádio em que está sendo disputada a partida.
Zezé voltou a adormecer e quando acordou se encontrava no mesmo local de onde fora levado, no mesmo banco da praia de Copacabana. Para ele não passou de um sonho, o que o intrigava era a formação tática em que estava sendo disputada a partida, muito parecida com o W-3-2 que ele usava no Fluminense.
Zezé encontrou nas estrelas a formação para liquidar com o Bangu que não era mais uma parada difícil com as contusões que tivera. A segunda partida foi disputada no Maracanã, no dia 20 de janeiro de 1952, com a vitória da equipe tricolor por 2 a 0.
Foi assim que o saudoso treinador plagiou o moderníssimo 3-5-2 com o seu W-3-2.


Este texto é uma das últimas crônicas de um livro sobre futebol que Zizinho estava escrevendo. Zezé Moreira provocou uma das maiores mágoas da carreira de Zizinho ao não convocá-lo para a Copa de 1954.



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