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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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TÊNIS

Divórcio

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

"A presença de um treinador é fundamental para a progressão de um tenista."
"É um relacionamento complicado. (...) Comemos juntos praticamente em todas as refeições. Quase sempre ele te acompanha nas tuas horas de lazer, além de estar com você o tempo todo no clube. Logo, os dois precisam estar numa sintonia excelente para se aguentarem. Porque, se aparece qualquer tipo de estresse, a coisa fica complicada."
"(...) Um treinador não pode ser só seu empregado. Ele tem também a função de amigo, guru ou mesmo pai. E, às vezes, é difícil para o tenista diferenciar entre esses papéis."
André Sá já sabia, há quase dois anos e meio, da importância de um treinador em sua carreira. À época, quando deixou claro essas suas idéias em um artigo no site "Tenisnet", ele estava se separando do ex-tenista Fernando Roese.
Dizia ter tido com Roese uma proveitosa experiência e uma idéia de como uma relação entre tenista e treinador deveria ser. Naquele início de temporada, 2001, Sá optava, porém, por viajar o circuito desacompanhado, para se conhecer melhor e adquirir uma maturidade que, dizia, você só consegue quando está sozinho.
Não demorou muitos meses para que o mineiro descobrisse em outro ex-tenista o seu parceiro ideal, que o motivasse e o acompanhasse pelo circuito profissional em busca de bons resultados.
Marcos Vinícius Barbosa, o Bocão, não brilhou no ranking mundial e teve sua carreira abreviada lamentavelmente por uma contusão. Mas, como treinador, conseguiu ajudar Sá a dar bons e largos passos à frente.
Os resultados ficaram registrados: títulos de challengers, boas participações em ATP Tours e quartas-de-final de Wimbledon. Na equipe da Copa Davis, uma boa dose de confiança, uma vaga de titular nas duplas, uma vaga cada dia mais certa nas simples.
Mas nem só isso: uma outra atitude na hora de jogar, mais confiança, uma versatilidade e a segurança para atuar em pisos dos mais diversos, da grama londrina ao carpete europeu, passando pelo saibro nacional, além, óbvio, do amadurecimento, que finalmente chegou.
Bocão mostrou um bom caminho para Sá, e Sá seguiu com eficiência esse bom caminho. No início de dezembro, porém, a parceria se desfez. Segundo Sá, os objetivos de cada um já não eram mais os mesmos a partir daquele ponto. O ex-treinador deixou o mineiro em uma linha ascendente, mas, desde então, o tenista não conseguiu mais vencer.
Só neste início de temporada, foram zero vitória e nove derrotas. Derrotas na Austrália, na Itália, na Suécia, na Argentina, nos EUA e no Marrocos, entre outros lugares. Derrotas para bons tenistas e derrotas para tenistas apenas regulares. Derrotas para dinamarquês, romeno, belga, peruano e até para sul-coreano.
A relação tenista-treinador é, na verdade, um casamento. E, como em qualquer divórcio, a separação pode ser triste, dolorosa, com efeitos terríveis. Parece ser o caso. Mas uma hora o luto passa. No caso, esperamos que logo.

Garotos em ação
Londrina recebe nesta semana cerca de 350 tenistas, de 19 Estados, na primeira etapa do circuito infanto-juvenil da CBT. O circuito tem oito etapas e um Masters, nas categorias 12, 14, 16 e 18 anos.

Equipe de verdade
Roger Federer levou a Suíça às semifinais da Davis. Mas Espanha, Argentina e Austrália mostram que, sem um time forte, dois ou mais tenistas de altíssimo nível, fica quase impossível ganhar. Cada time teve três jogadores que já ganharam ao menos um título de ATP Tour.

Em cadeira de roda
Brasília recebe até o domingo o quarto Brasil Open em cadeira de rodas. O torneio tem entrada franca, na Academia de Tênis de Brasília.

E-mail reandaku@uol.com.br


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