|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TÊNIS
Divórcio
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
"A presença de um treinador é fundamental para a
progressão de um tenista."
"É um relacionamento complicado. (...) Comemos juntos praticamente em todas as refeições.
Quase sempre ele te acompanha
nas tuas horas de lazer, além de
estar com você o tempo todo no
clube. Logo, os dois precisam estar
numa sintonia excelente para se
aguentarem. Porque, se aparece
qualquer tipo de estresse, a coisa
fica complicada."
"(...) Um treinador não pode ser
só seu empregado. Ele tem também a função de amigo, guru ou
mesmo pai. E, às vezes, é difícil
para o tenista diferenciar entre
esses papéis."
André Sá já sabia, há quase dois
anos e meio, da importância de
um treinador em sua carreira. À
época, quando deixou claro essas
suas idéias em um artigo no site
"Tenisnet", ele estava se separando do ex-tenista Fernando Roese.
Dizia ter tido com Roese uma
proveitosa experiência e uma
idéia de como uma relação entre
tenista e treinador deveria ser.
Naquele início de temporada,
2001, Sá optava, porém, por viajar
o circuito desacompanhado, para
se conhecer melhor e adquirir
uma maturidade que, dizia, você
só consegue quando está sozinho.
Não demorou muitos meses para que o mineiro descobrisse em
outro ex-tenista o seu parceiro
ideal, que o motivasse e o acompanhasse pelo circuito profissional em busca de bons resultados.
Marcos Vinícius Barbosa, o Bocão, não brilhou no ranking
mundial e teve sua carreira abreviada lamentavelmente por uma
contusão. Mas, como treinador,
conseguiu ajudar Sá a dar bons e
largos passos à frente.
Os resultados ficaram registrados: títulos de challengers, boas
participações em ATP Tours e
quartas-de-final de Wimbledon.
Na equipe da Copa Davis, uma
boa dose de confiança, uma vaga
de titular nas duplas, uma vaga
cada dia mais certa nas simples.
Mas nem só isso: uma outra atitude na hora de jogar, mais confiança, uma versatilidade e a segurança para atuar em pisos dos
mais diversos, da grama londrina
ao carpete europeu, passando pelo saibro nacional, além, óbvio,
do amadurecimento, que finalmente chegou.
Bocão mostrou um bom caminho para Sá, e Sá seguiu com eficiência esse bom caminho. No início de dezembro, porém, a parceria se desfez. Segundo Sá, os objetivos de cada um já não eram
mais os mesmos a partir daquele
ponto. O ex-treinador deixou o
mineiro em uma linha ascendente, mas, desde então, o tenista não
conseguiu mais vencer.
Só neste início de temporada,
foram zero vitória e nove derrotas. Derrotas na Austrália, na Itália, na Suécia, na Argentina, nos
EUA e no Marrocos, entre outros
lugares. Derrotas para bons tenistas e derrotas para tenistas apenas regulares. Derrotas para dinamarquês, romeno, belga, peruano e até para sul-coreano.
A relação tenista-treinador é,
na verdade, um casamento. E, como em qualquer divórcio, a separação pode ser triste, dolorosa, com efeitos terríveis. Parece ser o
caso. Mas uma hora o luto passa.
No caso, esperamos que logo.
Garotos em ação
Londrina recebe nesta semana cerca de 350 tenistas, de 19 Estados, na
primeira etapa do circuito infanto-juvenil da CBT. O circuito tem oito etapas e um Masters, nas categorias 12, 14, 16 e 18 anos.
Equipe de verdade
Roger Federer levou a Suíça às semifinais da Davis. Mas Espanha, Argentina e Austrália mostram que, sem um time forte, dois ou mais tenistas de altíssimo nível, fica quase impossível ganhar. Cada time teve três jogadores que já ganharam ao menos um título de ATP Tour.
Em cadeira de roda
Brasília recebe até o domingo o quarto Brasil Open em cadeira de rodas. O torneio tem entrada franca, na Academia de Tênis de Brasília.
E-mail reandaku@uol.com.br
Texto Anterior: Contra Paysandu, Santos luta por 1ª vitória e para apagar briga com PM Próximo Texto: Futebol - Tostão: A discussão ética continua Índice
|