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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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Equipe chega a Santo Domingo, rejeita uniforme oficial e vai usar fast-skin de concorrentes

Natação diz que não pula de sunga

Antônio Gaudério/Folha Imagem
De sunga, Gabriel Mangabeira treina pela primeira vez no Pan


DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO

A tradicional sunga já foi aposentado pelos nadadores da seleção brasileira. Só que eles não avisaram a fornecedora oficial do Comitê Olímpico Brasileiro, e os uniformes viraram novamente motivo de celeuma neste Pan.
Gabriel Mangabeira e Paulo Maurício Machado, os primeiros atletas que treinaram nas piscinas do Centro Olímpico, deram ontem o recado: a peça que a Olympikus entregou aos competidores está defasada em relação ao padrão internacional do esporte.
"Ninguém usa mais maiô para competir. Hoje em dia, todos os nadadores de ponta utilizam o fast-skin. Nós não podemos abrir mão, porque faz diferença no resultado", contou Mangabeira. As provas de natação começam a ser disputadas na segunda.
O fast-skin (pele rápida, em inglês) ocupa uma área do corpo bem maior do que as sungas tradicionais. Ele é feito de um tecido que produz menos atrito com a água e ajuda no desempenho.
As produtoras de material esportivo Adidas, Speedo e Arena já possuem tecnologia para produzi-lo. Já a Olympikus não tem a peça no mercado, mas alegou que poderia disponibilizá-la.
"No último Mundial, em Barcelona, não me lembro de ter visto nenhum brasileiro de sunga. Aliás, acho que ninguém que participou da competição lá usava sunga", disse Machado.
Procurada pela Folha, a Olympikus disse que irá conversar com os atletas e dirigentes da modalidade antes de emitir um parecer oficial. Mas alegou que não recebeu nenhuma especificação sobre o fast-skin no pedido feito pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
O presidente da CBDA, porém, afirmou que já tem um acordo com o COB e vai pedir aos nadadores que raspem a marca das concorrentes do fast-skin que escolherem. "Os atletas é que mandam. Eles tem o direito de escolher o que é melhor", disse Nunes.
Não é a primeira vez que os atletas se recusam a utilizar o uniforme oficial da delegação, que este ano foi desenhado pelo estilista Alexandre Herchcovitch.
Na semana passada, o time feminino de pólo aquático rejeitou a peça por causa de um decote nas costas que poderia ser segurado facilmente pelas adversárias. Para jogar, a equipe recebeu maiôs da Speedo, adaptados ao esporte.
Em outras modalidades, os dirigentes precisaram agir antes dos Jogos para prevenir problemas com as vestimentas. É o caso da ginástica rítmica desportiva.
A chefe de equipe, Barbara Laffranchi, resolveu ela mesma desenhar o collant do conjunto. "A roupa precisa ajudar a contar a história da coreografia. É importante e merece ser feito por quem está envolvido no processo."
A peça foi confeccionada em Londrina, no Paraná, e a Olympikus pagou a conta.

Colaborou Mariana Lajolo, da Reportagem Local


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