São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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Felicidades, Zagallo!

JUCA KFOURI
No fim destas linhas haverá um presente para Zagallo, que hoje comemora 67 anos bem vividos e repletos de glórias.
Tantas que elle mesmo não se cansa de enumerar -agora, já que o pentacampeonato não veio, sob nova embalagem: "Estive em cinco finais de Copas".
É a pura verdade.
Duas delas no papel de competente ponta-esquerda, ao lado de Pelé, Mané, Didi, Nílton e Djalma Santos, gênios do futebol.
Sorte dele, pois Pepe sempre se machucava na hora H.
Outra como treinador de um time que, por mais que elle negue, teve a base e o espírito de João Saldanha, com gênios como Carlos Alberto Torres, Gérson, Tostão, Pelé e Rivellino.
Sorte, e coragem delle, que aceitou o cargo recusado por Dino.
Mais uma como auxiliar de Carlos Alberto Parreira e, finalmente, com um time inteiramente saído de sua cabeça, em Paris.
Em clubes brasileiros, limitou-se a quatro títulos cariocas, dois pelo Botafogo, um pelo Fluminense e outro pelo Flamengo.
Campeonato Brasileiro não ganhou nenhum.
Como não ganhou a Olimpíada, desdenhando de Dunga e de Romário.
Como não ganhara a Copa de 1974, esnobando Ademir da Guia, e como acaba de perder a de 1998, desprezando Júlio César, Mauro Galvão, Raí, Muller, para ficar só nesses.
Sim, Zagallo ganhou uma Copa América na Bolívia e perdeu outra no Uruguai, a primeira com o time titular do Brasil enfrentando apenas os reservas de outros países, exceção feita aos bolivianos.
A que perdeu no Uruguai foi disputada pelos times principais de cada país e se a arbitragem prejudicou o Brasil na final, em Montevidéu, ajudou em La Paz, dois anos depois.
Mas não importa.
Nesta data querida, diferentemente de tantos outros críticos de Zagallo que, generosos, fazem questão de reconhecer seus méritos, mantenho a opinião de vê-lo muito mais como um homem de estrela invejável do que como um grande treinador -razão pela qual não vejo nenhuma serventia em seu reaproveitamento na nova comissão técnica.
E aqui está o presente: certamente contará pontos a favor delle semelhante opinião neste espaço...
Vida longa, seu Zagallo.



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