São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004 |
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ÁGUA BENTA "Tanque" nutre sonho palestino
Raad Aweisat improvisa piscina para ser o 1º de seu país nos Jogos DA ASSOCIATED PRESS O périplo é cumprido diariamente na hora do treino. Raad Aweisat sai de dentro de casa, passa pela garagem, desce três degraus, abre uma enferrujada portinhola de metal e dá de cara com a sua piscina de 25 m. O nadador palestino de 17 anos não é nenhum milionário. Também não vive em uma suntuosa mansão. Mas precisou improvisar um modesto espaço em seu quintal para manter viva a esperança de disputar uma edição das Olimpíadas. "Não é um lugar perfeito, mas vai realizar o sonho dele", contou a mãe, Amaal, sobre as condições de treinamento do atleta. A piscina está localizada nos arredores de Jerusalém. Para diminuir o impacto das variações climáticas, o local é coberto com uma extensa lona náilon. Não há ventilação. O cheiro do cloro, usado no tratamento da água, infesta o ambiente. "Isso aqui fica quente demais no verão e congelante no inverno", relata Aweisat. Ele pode se tornar na Grécia o primeiro nadador palestino a competir nos Jogos. Sua melhor marca nos 100 m borboleta, 58s95, é apenas 95 centésimos pior do que o índice mínimo exigido pela Federação Internacional de Natação. A chance é rara em uma região repleta de conflitos. A Palestina só conseguiu fundar seu comitê olímpico em 1993. Chegou aos Jogos pela primeira vez em Atlanta-1996 e nunca enviou mais do que cinco atletas para uma edição do evento. Aweisat começou a nadar aos quatro anos. Tocou boa parte de sua carreira em um clube de porte médio na parte leste de Jerusalém. Por causa dos conflitos com os israelenses, porém, precisou abandonar o local. Só que não tinha para onde ir. Hussein, seu pai, resolveu, então, tomar as rédeas da situação. Usou todas as suas economias -ele é cardiologista de um hospital em Jerusalém e tem salário mensal de US$ 1.000-, pediu ajuda a amigos e construiu a piscina semi-olímpica. "Nessa época é muito difícil treinar. Não há como manter a água quente", conta Hussein, ao ver o filho esfregar a mão nos braços antes de nadar. Aweisat não se lamenta. Acredita que tudo será compensado quando puder mergulhar no moderno parque aquático de Atenas. "A vitória é mais saborosa quando há obstáculos no caminho", afirma ele. Com a Reportagem Local Texto Anterior: Fênix olímpica Próximo Texto: Afeganistão busca força em exilados Índice |
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