São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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"Nunca me liguei em cinema'

do enviado a Nazaré (BA)

Engana-se quem imagina que a iniciativa de Vampeta tenha sido motivada pela paixão por cinema.
O jogador jamais se interessou pelo tema, exceto quando morou na Holanda (entre 94 e 97, quando defendeu o PSV) e valeu-se do hábito para aprender a língua local.
Ele justifica o investimento pelo "amor" que tem pela cidade onde viveu até os 12 anos -quando se mudou para Salvador.
Desde então, passa sempre as férias de final de ano em Nazaré.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha em duas sessões -uma no terraço da mansão do jogador na cidade e a outra na platéia do cinema Rio Branco. (FV)
Folha - Qual é a sua memória do cinema Rio Branco?
Vampeta -
Só vi um filme aqui em toda a minha vida, era muito menino. Acho que era um filme de caratê, parece que do Van Damme...
Folha - Então o cinema jamais teve influência em sua vida, nunca foi nem mesmo um hábito?
Vampeta -
Nunca tive a influência desses negócios de cinema, nunca me liguei. Aqui no Brasil, em quase 24 anos, além de uma vez em Nazaré, só voltei ao cinema para ver "Os Irmãos Kickboxer", em Salvador. Na Holanda ia muito, foi como aprendi a falar holandês.
Folha - Como foi que você resolveu comprar o cinema?
Vampeta -
Passava férias aqui, e seu Uriel me trouxe para ver o cinema. Entrei e vi que o teto estava quase caindo. Aí me bateu aquela psicose. Eu disse: "Não vou ajudar com R$ 20,00, eu vou comprar".
Folha - A iniciativa foi sua ou teve a influência de alguém?
Vampeta -
Não, nada. Não me aconselhei com ninguém. Eu sou muito decisivo.
Folha - Se não foi paixão por cinema, qual motivo lhe levou a comprar o cinema?
Vampeta -
Foi pela cidade. Acho que vai ajudar, abrir espaço para restaurarem outras coisas.
Folha - Pelo valor histórico do prédio, a iniciativa não deveria ter partido de algum órgão público, uma fundação...
Vampeta -
Ninguém ligou. Só o que chegou foi aquele negócio... moção de aplauso (conferida pelo Conselho Estadual de Cultura). Sei lá o que porra é essa. Sei que mandaram um bocado de fax para mim, agradecendo. O que a gente recebe muito aqui é aplauso. Parece auditório de Sílvio Santos.
Folha - Você pensa em voltar a viver em Nazaré?
Vampeta -
Não sei, é muito difícil você falar isso agora.
Folha - Mas você pensa em fazer mais coisas pela cidade? Pretende concorrer a algum cargo público?
Vampeta -
Não, depois que eu terminar o cinema vou dar uma sacudida no esporte aqui. Eu já não sou nada disso (político) e é uma agonia danada, imagine eu sendo.
Folha - Nem num futuro distante, depois que encerrar a carreira?
Vampeta -
Secretário de Esportes era um negócio até bom...
Folha - Já convidaram?
Vampeta -
Não. Já comentaram, mas não houve convite. Não sou maluco de largar a carreira agora.
Folha - E, na inauguração, haverá alguma festa, convidados?...
Vampeta -
Aqui da região, eu penso em chamar dona Canô (mãe de Caetano Veloso), ali de Santo Amaro. Ela faz muita coisa por sua cidade. Se eu puder trazer o senador Antônio Carlos Magalhães...
Folha - Você é eleitor dele?
Vampeta -
Sou. Eu gosto dele como político. Não sei se ele faz certo ou errado, mas é aquele cara carismático, a gente vê na televisão. Ainda mais sendo baiano.
Folha - E do futebol, o pessoal do Corinthians...
Vampeta -
Não é trazer o Corinthians, é trazer os amigos. O Edílson, se puder vir...
Folha - Qual foi o último filme que você viu no cinema?
Vampeta -
Assisto mais vídeo. No cinema foi um com o Eddie Murphy, na Holanda, não lembro.
Folha - Qual o seu filme favorito?
Vampeta -
"Coração Valente".
Folha - Diretor favorito?
Vampeta -
Um cara que eu gosto é o Mel Gibson. Ele que produz tudo pra ele mesmo, dirige, e ele mesmo atua. O Stallone também.
Folha - Ator favorito?
Vampeta -
Stallone.
Folha - Atriz favorita?
Vampeta -
Whoopi Goldberg.



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