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"Nunca me liguei em cinema'
do enviado a Nazaré (BA)
Engana-se quem imagina que a
iniciativa de Vampeta tenha sido
motivada pela paixão por cinema.
O jogador jamais se interessou
pelo tema, exceto quando morou
na Holanda (entre 94 e 97, quando
defendeu o PSV) e valeu-se do hábito para aprender a língua local.
Ele justifica o investimento pelo
"amor" que tem pela cidade onde
viveu até os 12 anos -quando se
mudou para Salvador.
Desde então, passa sempre as férias de final de ano em Nazaré.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha em duas sessões -uma no terraço da mansão
do jogador na cidade e a outra na
platéia do cinema Rio Branco.
(FV)
Folha - Qual é a sua memória do
cinema Rio Branco?
Vampeta - Só vi um filme aqui em
toda a minha vida, era muito menino. Acho que era um filme de caratê, parece que do Van Damme...
Folha - Então o cinema jamais teve influência em sua vida, nunca
foi nem mesmo um hábito?
Vampeta - Nunca tive a influência desses negócios de cinema,
nunca me liguei. Aqui no Brasil,
em quase 24 anos, além de uma vez
em Nazaré, só voltei ao cinema para ver "Os Irmãos Kickboxer", em
Salvador. Na Holanda ia muito, foi
como aprendi a falar holandês.
Folha - Como foi que você resolveu comprar o cinema?
Vampeta - Passava férias aqui, e
seu Uriel me trouxe para ver o cinema. Entrei e vi que o teto estava
quase caindo. Aí me bateu aquela
psicose. Eu disse: "Não vou ajudar
com R$ 20,00, eu vou comprar".
Folha - A iniciativa foi sua ou teve
a influência de alguém?
Vampeta - Não, nada. Não me
aconselhei com ninguém. Eu sou
muito decisivo.
Folha - Se não foi paixão por cinema, qual motivo lhe levou a
comprar o cinema?
Vampeta - Foi pela cidade. Acho
que vai ajudar, abrir espaço para
restaurarem outras coisas.
Folha - Pelo valor histórico do
prédio, a iniciativa não deveria ter
partido de algum órgão público,
uma fundação...
Vampeta - Ninguém ligou. Só o
que chegou foi aquele negócio...
moção de aplauso (conferida pelo
Conselho Estadual de Cultura). Sei
lá o que porra é essa. Sei que mandaram um bocado de fax para
mim, agradecendo. O que a gente
recebe muito aqui é aplauso. Parece auditório de Sílvio Santos.
Folha - Você pensa em voltar a viver em Nazaré?
Vampeta - Não sei, é muito difícil
você falar isso agora.
Folha - Mas você pensa em fazer
mais coisas pela cidade? Pretende
concorrer a algum cargo público?
Vampeta - Não, depois que eu
terminar o cinema vou dar uma sacudida no esporte aqui. Eu já não
sou nada disso (político) e é uma
agonia danada, imagine eu sendo.
Folha - Nem num futuro distante,
depois que encerrar a carreira?
Vampeta - Secretário de Esportes
era um negócio até bom...
Folha - Já convidaram?
Vampeta - Não. Já comentaram,
mas não houve convite. Não sou
maluco de largar a carreira agora.
Folha - E, na inauguração, haverá
alguma festa, convidados?...
Vampeta - Aqui da região, eu
penso em chamar dona Canô (mãe
de Caetano Veloso), ali de Santo
Amaro. Ela faz muita coisa por sua
cidade. Se eu puder trazer o senador Antônio Carlos Magalhães...
Folha - Você é eleitor dele?
Vampeta - Sou. Eu gosto dele como político. Não sei se ele faz certo
ou errado, mas é aquele cara carismático, a gente vê na televisão.
Ainda mais sendo baiano.
Folha - E do futebol, o pessoal do
Corinthians...
Vampeta - Não é trazer o Corinthians, é trazer os amigos. O Edílson, se puder vir...
Folha - Qual foi o último filme
que você viu no cinema?
Vampeta - Assisto mais vídeo. No
cinema foi um com o Eddie
Murphy, na Holanda, não lembro.
Folha - Qual o seu filme favorito?
Vampeta - "Coração Valente".
Folha - Diretor favorito?
Vampeta - Um cara que eu gosto
é o Mel Gibson. Ele que produz tudo pra ele mesmo, dirige, e ele
mesmo atua. O Stallone também.
Folha - Ator favorito?
Vampeta - Stallone.
Folha - Atriz favorita?
Vampeta - Whoopi Goldberg.
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