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FUTEBOL NO MUNDO
Blefe
RODRIGO BUENO
Quem joga truco sabe o que é
estar de mãos vazias e ludibriar
o oponente com um alto pedido.
Pois bem. Joseph Blatter, o presidente da Fifa, mostrou-se nos
últimos dias um grande jogador.
No domingo passado, escrevi
que o mandato dele parecia bem
aberto a mudanças. Mas jamais
esperava que no mesmo dia o dirigente soltasse a maior bomba
do futebol nos últimos anos.
Após ser ameaçado pela criação de uma Superliga de clubes e
de ser acuado pelo Comitê Olímpico Internacional, descarta sobre o planeta a idéia da Copa do
Mundo a cada dois anos. Truco!
Em meio ano, Blatter gerou
mais polêmica do que Havelange
em quase duas décadas. E para
isso bastou uma cartada. Seis!
O resultado não poderia ter sido melhor. Brecou o futebol
olímpico, não cedeu no doping e,
acima de tudo, encostou os grandes clubes na parede.
Era muita coisa em jogo.
A proposta de revirar o calendário do futebol mundial e, por
consequência, do esporte em geral aparece como a preciosa carta escondida na manga. Mas,
diante da situação em que Blatter estava, a grande jogada pode
não ter base em um naipe de valor. Tudo soa como blefe. Nove!
A Olimpíada, está claro, não é
o alvo da Fifa, tanto que foi preservada na reunião de quarta.
Dinheiro é bom, todo mundo
gosta, mas lucro com mais Mundiais também não parece ser, no
momento, o objetivo maior da
entidade máxima do futebol.
A questão principal, ao que tudo indica, é mesmo a disputa de
poder, a crescente força dos clubes, que são capazes hoje de
adiar um torneio oficial da Fifa,
como a Copa das Confederações,
e querem abocanhar cada vez
mais a "fatia" da bola.
Copa em ano ímpar? Dois árbitros em campo? Na primeira semana útil de 99, a jogada mais
simples da Fifa foi suspender Camarões (e depois cancelar a suspensão) por "traficar" ingressos.
Se a vida é um jogo e vencer é o
objetivo principal, o blefe pode
ser a saída para ficar vivo. Doze!
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