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FUTEBOL
Edmundo é show!
SONINHA
Ainda não me acostumei muito
com a história de escrever um texto por semana e às vezes me preocupo: sobre o que será o próximo?
Bobagem eu me preocupar. Sempre tem um Edmundo dando sopa
por aí; assunto não há de faltar...
Ele bem que disse algumas verdades. Uma: ""Se não tenho equilíbrio emocional para ser capitão,
então errados são eles que me
mantiveram como capitão esse
tempo todo". Bingo! Outra:
""Quem manda lá é o Eurico Miranda". Ah, vá.
Também acho que foi provocação a escolha de Romário como
capitão, mais ainda por isso não
ter sido discutido ou comunicado
antes. Não custava nada resolver
esse assunto durante a semana. Se
o Vasco se importasse com Edmundo, como na época em que
proibiu o acesso da imprensa a
São Januário para que ele não fosse incomodado com perguntas sobre sua condenação (pelo acidente de carro), a história teria sido
outra, tenho certeza.
Mas bobo foi ele que passou recibo, aceitou a provocação. Se entrasse em campo e desse outro
passe para Romário fazer um gol;
se comesse a bola; se saísse do jogo
tranquilamente, que doce vitória.
A pior coisa a fazer é aceitar
provocação. Lembro uma tirinha
do Charlie Brown em que ele perdia pela milésima vez uma partida de damas, e seu rival tentava
tirar um sarro, mas ele não se
abalava nem um pouco e topava
jogar outra vez. O outro menino
chutou o tabuleiro e foi embora:
""Detesto bons perdedores". É assim que você deixa um provocador maluco -fazendo com que
suas tentativas não dêem certo.
Mas Edmundo, como muitos outros, é uma presa fácil, em campo
e fora dele. Prato cheio para um
zagueiro irritante, por exemplo.
O ""animal" disse também que,
se ele perdesse a faixa de capitão
para Mauro Galvão ou Juninho,
tudo bem, porque eles já passaram por muitas dificuldades juntos no time. E que ele não precisa
ser amigo de Romário, mas em
campo eles devem fazer tudo pelo
Vasco. Então, por que largou o time daquele jeito? Por que virou as
costas para a torcida e os companheiros? Se ele ama mesmo a camisa, não pode dizer: ""Só jogo
se...". Bom, se disser, e o técnico
concordar, é problema deles. Mas
que a situação vai ficar cada vez
mais difícil, vai, porque não há
uma criatura que se considere totalmente satisfeita nesse mundo, e
as exigências vão se tornar cada
vez mais difíceis de ser cumpridas.
E que onda essa história de capitão! Pura vaidade, puro ego. Você
pode ser líder em campo sem ser
capitão; pode ser um ponto de referência além do capitão. É um
caso típico de síndrome da pequena autoridade (tenho um roteiro
sobre isso, um dia faço um filme):
a sedução de um quepe, uma insígnia, um uniforme, um apito.
O erro de Edmundo é o erro básico de todo ser humano: colocar-se no centro do universo. O resto
do mundo é sempre responsável
por seu comportamento, seus erros, seus problemas: eles não me
respeitam. Ele é mau amigo. Ele
jurou amor ao Flamengo (essa
história de ""amor ao time" sobra
para a semana que vem).
Mas a frase lapidar, para encerrar o assunto: ""Meus filhos não
vão morrer de fome. Posso estudar
e trabalhar". Talvez a intenção
era dizer ""trabalhar com outra
coisa", mas a frase não saiu assim.
O possível ato falho é revelador:
""Posso trabalhar". Futebol para
ele não é trabalho? Não é profissão, obrigação, compromisso diário? Então, está tudo explicado.
A seleção vai fazer um amistoso
contra a Tailândia?? E ainda tinha gente que reclamava de jogar
contra o Barcelona.
Os jogadores são embaixadores
da cultura brasileira, visitando o
outro lado do mundo, promovendo a convivência entre nações,
anunciando a boa vontade entre
os povos, propondo a disputa esportiva como substituta para outros confrontos, levando nossas
cores a toda parte e oferecendo o
espetáculo de nosso talento, considerado o maior do mundo. Mas
em termos de futebol...
Se é festa mesmo, tenho algumas sugestões: seleção principal x
seleção olímpica. Ou seleção ""brasileira" x ""estrangeira". Podemos
fazer um ""disque convocação" e
formar uma delas pelo voto popular? Se saírem cinco atacantes e
nenhum lateral-direito, beleza,
vamos lá, é só alegria!
E-mail soninha.folha@uol.com.br
Sonia Francine, a Soninha, escreve às quintas-feiras
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