São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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FUTEBOL
Edmundo é show!

SONINHA

Ainda não me acostumei muito com a história de escrever um texto por semana e às vezes me preocupo: sobre o que será o próximo? Bobagem eu me preocupar. Sempre tem um Edmundo dando sopa por aí; assunto não há de faltar...
Ele bem que disse algumas verdades. Uma: ""Se não tenho equilíbrio emocional para ser capitão, então errados são eles que me mantiveram como capitão esse tempo todo". Bingo! Outra: ""Quem manda lá é o Eurico Miranda". Ah, vá.
Também acho que foi provocação a escolha de Romário como capitão, mais ainda por isso não ter sido discutido ou comunicado antes. Não custava nada resolver esse assunto durante a semana. Se o Vasco se importasse com Edmundo, como na época em que proibiu o acesso da imprensa a São Januário para que ele não fosse incomodado com perguntas sobre sua condenação (pelo acidente de carro), a história teria sido outra, tenho certeza.
Mas bobo foi ele que passou recibo, aceitou a provocação. Se entrasse em campo e desse outro passe para Romário fazer um gol; se comesse a bola; se saísse do jogo tranquilamente, que doce vitória.
A pior coisa a fazer é aceitar provocação. Lembro uma tirinha do Charlie Brown em que ele perdia pela milésima vez uma partida de damas, e seu rival tentava tirar um sarro, mas ele não se abalava nem um pouco e topava jogar outra vez. O outro menino chutou o tabuleiro e foi embora: ""Detesto bons perdedores". É assim que você deixa um provocador maluco -fazendo com que suas tentativas não dêem certo. Mas Edmundo, como muitos outros, é uma presa fácil, em campo e fora dele. Prato cheio para um zagueiro irritante, por exemplo.
O ""animal" disse também que, se ele perdesse a faixa de capitão para Mauro Galvão ou Juninho, tudo bem, porque eles já passaram por muitas dificuldades juntos no time. E que ele não precisa ser amigo de Romário, mas em campo eles devem fazer tudo pelo Vasco. Então, por que largou o time daquele jeito? Por que virou as costas para a torcida e os companheiros? Se ele ama mesmo a camisa, não pode dizer: ""Só jogo se...". Bom, se disser, e o técnico concordar, é problema deles. Mas que a situação vai ficar cada vez mais difícil, vai, porque não há uma criatura que se considere totalmente satisfeita nesse mundo, e as exigências vão se tornar cada vez mais difíceis de ser cumpridas.
E que onda essa história de capitão! Pura vaidade, puro ego. Você pode ser líder em campo sem ser capitão; pode ser um ponto de referência além do capitão. É um caso típico de síndrome da pequena autoridade (tenho um roteiro sobre isso, um dia faço um filme): a sedução de um quepe, uma insígnia, um uniforme, um apito.
O erro de Edmundo é o erro básico de todo ser humano: colocar-se no centro do universo. O resto do mundo é sempre responsável por seu comportamento, seus erros, seus problemas: eles não me respeitam. Ele é mau amigo. Ele jurou amor ao Flamengo (essa história de ""amor ao time" sobra para a semana que vem).
Mas a frase lapidar, para encerrar o assunto: ""Meus filhos não vão morrer de fome. Posso estudar e trabalhar". Talvez a intenção era dizer ""trabalhar com outra coisa", mas a frase não saiu assim.
O possível ato falho é revelador: ""Posso trabalhar". Futebol para ele não é trabalho? Não é profissão, obrigação, compromisso diário? Então, está tudo explicado.
  A seleção vai fazer um amistoso contra a Tailândia?? E ainda tinha gente que reclamava de jogar contra o Barcelona.
Os jogadores são embaixadores da cultura brasileira, visitando o outro lado do mundo, promovendo a convivência entre nações, anunciando a boa vontade entre os povos, propondo a disputa esportiva como substituta para outros confrontos, levando nossas cores a toda parte e oferecendo o espetáculo de nosso talento, considerado o maior do mundo. Mas em termos de futebol...
Se é festa mesmo, tenho algumas sugestões: seleção principal x seleção olímpica. Ou seleção ""brasileira" x ""estrangeira". Podemos fazer um ""disque convocação" e formar uma delas pelo voto popular? Se saírem cinco atacantes e nenhum lateral-direito, beleza, vamos lá, é só alegria!

E-mail soninha.folha@uol.com.br


Sonia Francine, a Soninha, escreve às quintas-feiras

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