São Paulo, terça, 10 de fevereiro de 1998

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JUCA KFOURI
O raio Élber

Foram apenas dez minutos em campo, seis participações no jogo, precisos 14 toques na bola. E dois gols!
Da meia dúzia de vezes que interveio, Élber errou três vezes: ao tentar dar de primeira para Flávio Conceição, ao ser desarmado depois de receber de Sérgio Manoel e dar três toques na bola e ao tentar, de cabeça, servir Romário na boca do gol. Deu uma boa arrancada que, após quatro toques, acabou em falta para a seleção brasileira e, fabuloso, marcou dois gols, com três toques no primeiro e dois no segundo, o derradeiro maravilhosamente de calcanhar.
É claro que quem faz tanto sucesso no competente futebol alemão não podia ser apenas mais um. Mas Élber superou as melhores expectativas.
É claro também que a defesa de El Salvador é uma brincadeira e que ninguém mantém média de dois gols a cada dez minutos -basta dizer que num jogo inteiro seriam nada menos que 18 gols!
Mas Élber tem tudo para se transformar em mais uma boa dor de cabeça para Zagallo, que demorou muito para convocá-lo e agora terá pouco tempo para decidir.
No mínimo, Élber mostrou uma qualidade rara em artilheiros: joga pensando muito mais na equipe do que em si mesmo. E não é mascarado.

Palmeirenses protestam com razão: só se fala nas cinco derrotas do Corinthians e não se destaca a belíssima campanha verde no Rio-São Paulo, quatro vitórias e um empate fora de casa.
É a pura verdade.
O grêmio esmeraldino parece se conhecer há milênios e, de fato, se conhece.
Mais que um time, o Palmeiras tem um elenco e mais que um técnico, o Parque Antarctica tem um comandante.

Na polêmica entre o colunista de "O Globo" Renato Maurício Prado e o presidente do Flamengo, Kleber Leite, não há por que ter dúvida: o Flamengo pode até receber tudo a que tem direito das placas no Maracanã (e seria um absurdo incomensurável se assim não fosse), mas que seu presidente também se beneficia é óbvio.
E por quê? Simplesmente porque, como sócio da empresa que comercializa as placas, recebe as comissões de praxe. É de lei.
Negá-lo é querer tapar o sol com a peneira, como é indiscutível que, ainda em seus tempos de repórter de rádio, Kleber Leite enriqueceu à custa do Flamengo.
Gol do ótimo colunista.



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