São Paulo, terça, 10 de fevereiro de 1998

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FUTEBOL
Contrato de exploração da marca do clube com banco irá até 2008
Vasco fechará acordo para faturar R$ 150 mi por ano

MÁRIO MAGALHÃES
e SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

Contrato a ser assinado até o dia 20 entre o NationsBank e o Vasco da Gama prevê aumentar, em três anos, o faturamento com a marca Vasco de R$ 15 milhões para R$ 150 milhões anuais.
É o maior contrato da história do futebol brasileiro, considerando o dinheiro envolvido.
O acordo cede por dez anos a exploração da marca do clube.
O NationsBank, representado no negócio pelo banco Liberal, passará a vender o espaço publicitário na camisa do Vasco, intermediar os direitos de transmissão por TV dos jogos e receber os royalties pelo uso da marca em produtos como chaveiros, bonés etc.
Na assinatura do acordo, o Vasco receberá US$ 30 milhões como adiantamento.
A partir daí, o clube e o banco serão sócios nos negócios da marca, com 50% da receita para cada um, segundo o Vasco.
O NationsBank, com valor de mercado estimado em US$ 60 bilhões, administra US$ 290 bilhões (mais do que o dobro da dívida externa brasileira) e tem investimentos nos grandes esportes dos EUA -basquete, futebol americano, beisebol e hóquei.
No Brasil, controla, com 51% de participação, o banco Liberal, um banco de investimentos, que não atua no varejo.
Nunca um clube recebeu tanto de uma empresa no Brasil.
Em 1997, o Excel investiu R$ 40 milhões no Corinthians -R$ 25 milhões na contratação de jogadores, cujos passes, contudo, ficaram com a empresa, e não com o clube. Em 1998, o Excel está pagando R$ 7 milhões ao Corinthians pelo espaço publicitário na camisa, mais metade dos salários do técnico e do supervisor (o salário total de Wanderley Luxemburgo -não divulgado oficialmente- é de R$ 220 mil mensais).
Outro negócio, a compra do departamento de futebol do Bahia pelo banco Opportunity, está sendo discutido com valores próximos a RÏ 10 milhões.
O NationsBank não vai interferir no futebol do Vasco. Não tratará de compra de atletas.
Curiosamente, o contrato está sendo fechado com a agremiação que tem como dirigente Eurico Miranda, adversário da proposta do projeto Pelé de transformação dos clubes em empresas.
"Não estou vendendo o clube. Eles (o banco) botam dinheiro e a capacidade de administrar a marca", afirmou Miranda.
Segundo ele, a marca Vasco rendeu R$ 15 milhões em 1997. ""Em três anos, prevemos tornar dez vezes maior o número."
""Vamos profissionalizar a administração do Vasco. Qualquer receita com publicidade está incluída no contrato", disse Bruno Paes, gerente do banco Liberal.
O empresário Jorge Salgado, candidato derrotado na eleição à presidência do Vasco em 1997, criticou a forma como a negociação foi feita, mas aprovou o acordo. "O correto seria uma discussão com o conselho deliberativo, mas é um bom contrato", disse.



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