São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 2000


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F-1
Piloto tenta ficar perto de Schumacher no grid de largada da Austrália para não perder força na Ferrari
Barrichello tem sua 1ª prova de fogo

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Melbourne

Passadas as negociações, a festa pela contratação, os testes pré-temporada e o treino livre em Melbourne, Rubens Barrichello enfrenta hoje, enfim, a sua primeira prova de fogo pela Ferrari.
A partir das 23h (de Brasília), o brasileiro participa da sessão oficial para o GP da Austrália, seu primeiro treino classificatório com um carro da escuderia mais tradicional da F-1.
Ontem à noite, ele fez sua estréia pela equipe, nos primeiros treinos livres da temporada.
A corrida, etapa de abertura do Mundial, acontece na madrugada de domingo, a partir da 0h.
Mais do que obter um bom tempo, Barrichello tem hoje outra preocupação: conseguir ficar próximo do seu companheiro, o alemão Michael Schumacher, no grid de largada.
A posição do brasileiro, ao menos neste início de ano, é bem delicada. Hoje à noite, na pista de Melbourne, começa a ser traçado o seu destino na Ferrari.
Caso o alemão dê uma "lavada", classificando-se muito à frente de Barrichello, ganhará ainda mais força na equipe, justamente em um momento em que todas as expectativas estão voltadas para o piloto brasileiro.
Já a situação contrária não abalaria em nada o prestígio de Schumacher na Ferrari.
Bicampeão do mundo, começando sua quinta temporada pelo time, o alemão tem crédito de sobra para classificar-se na última posição do grid e, mesmo assim, manter todas as suas regalias.
Um exemplo claro da situação complicada do brasileiro aconteceu na mesma pista de Melbourne, na temporada de 1996, quando Schumacher e Eddie Irvine estreavam pela Ferrari.
Surpreendendo, o irlandês bateu Schumacher no treino oficial, mas a façanha foi inútil.
O alemão continuou com seus privilégios e, pelo resto do Mundial daquele ano, bateu Irvine em todos os treinos.
Schumacher foi, em média, 0s879 mais rápido, uma diferença bastante grande quando se fala de F-1. Em outro tipo de comparação, Schumacher largou 5,25 posições no grid à frente de seu antigo companheiro.
Assim, o bicampeão aumentou ainda mais sua influência na equipe e, pelos três anos seguintes, relegou Irvine a um segundo plano na hierarquia interna.
Ontem, Barrichello evitou dar muita importância a este primeiro treino oficial.
Na opinião dele, as duas primeiras corridas do campeonato não são grandes referências para o resto do ano.
"Acho que os primeiros dois GPs não respondem a muitas perguntas. Posso ganhar as duas primeiras provas e depois só ter problemas até o fim do campeonato, como também posso ir muito mal no começo e melhorar no meio da temporada", afirmou.
Segundo ele, os GPs da Austrália e do Brasil (segunda etapa, no dia 26) têm uma característica comum. "Sempre existem muitas dúvidas sobre durabilidade, enquanto no resto do ano os carros já estão resistentes, e a disputa fica mais próxima da verdade".
"A minha posição na equipe não se define pelo que vai acontecer neste começo de ano", completou o piloto brasileiro.
Uma das figuras mais assediadas pela imprensa em Melbourne, Barrichello disse que seu principal objetivo neste final de semana é controlar a expectativa pela estréia na Ferrari.
"A ansiedade é o sentimento predominante neste momento. A ansiedade de guiar o carro numa pista onde a gente vai correr, de ver os tifosi nas arquibancadas... Não posso deixar a emoção tomar conta de mim, para que isso não me atrapalhe", afirmou.

Macacão
Pela primeira vez, o brasileiro circulou pelo paddock de um circuito de F-1 às vésperas de um GP envergando o tradicional macacão vermelho da Ferrari.
De capacete em punho, participou, com os outros 21 colegas, da pesagem oficial, que tradicionalmente acontece na quinta-feira anterior ao primeiro GP -estranhamente, a FIA (entidade máxima do automobilismo) não divulgou os pesos dos pilotos.
Na caminhada pelo paddock, parou para falar com repórteres e fez brincadeiras com mecânicos da Jaguar, com os quais trabalhou até o último Mundial.
Aproveitou, também, para lembrar das outras vezes em que esteve em Melbourne, com perspectivas muito mais modestas.
"Com a Jordan e com a Stewart, acabar em quinto aqui já era uma vitória. Agora, com a Ferrari, é diferente. Você quer chegar aos pontos e até ganhar."
Com carros medíocres, o melhor resultado que o brasileiro conseguiu na Austrália foi um quarto lugar, há seis anos, quando a prova ainda era disputada no circuito de Adelaide.
Em uma situação como a de agora, em início de temporada, o máximo que conseguiu foi uma quinta colocação, em Melbourne, no ano passado.
A dúvida sobre o que ele pode conseguir ao volante de um carro de ponta começa a ser respondida hoje. A partir das 23h.


NA TV - A Globo divulga a transmissão ao vivo do treino oficial a partir das 23h45



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