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Técnico da seleção passou raspando no vestibular e foi professor "paizão"
Scolari, aluno e mestre
FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A CAXIAS DO SUL
O surrado epíteto "professor",
usado pelos jogadores para se referirem aos técnicos de futebol,
um dia caiu como uma luva para
Luiz Felipe Scolari.
Muito antes de virar treinador
da seleção brasileira e liderar craques milionários, o gaúcho de
Passo Fundo ensinou educação física a crianças e adolescentes de
primeiro e segundo graus e de
magistério no interior do RS.
Scolari foi professor durante
seis anos, de 1974 a 1980, no colégio estadual Cristóvão de Mendoza, em Caxias do Sul.
Deixou uma imagem muito
próxima da que hoje ainda carrega: a de um profissional disciplinador, "paizão" e temperamental.
Para chegar à condição de mestre, cursou por quatro anos a Escola de Educação Física do IPA
(Instituto Porto Alegre), na capital gaúcha, na qual se formou em
74. A entrada na faculdade foi sofrida como as decisões que marcaram a carreira do técnico.
Scolari, que na época tinha que
dividir os estudos com as atividades de zagueiro do Aimoré, teve
notas baixas nas provas teóricas
(3 em matemática e em física, 3,4
em português) e entrou no IPA
raspando, graças às provas práticas, obrigatórias no curso.
E a força, espécie de carimbo de
suas equipes, foi decisiva para que
conseguisse a vaga. A maior nota
obtida por ele no vestibular foi em
arremesso de peso, um 9 -no
teste com bola, o objeto que lhe levaria à fama, obteve 8,5.
Foi 43º entre os 50 que entraram
na turma de Educação Física e
Técnica Desportiva em 1971. Nos
quatro anos de curso, teve notas
sempre boas. Conseguiu um 9 em
psicologia da educação 1. Teve
ainda 9,1 em recreação 2 e em socorros urgentes e 9 em voleibol.
Na cadeira futebol, alvo de seu
trabalho de graduação, conseguiu
8,9 (terceiro semestre), dois conceitos A (quarto e quinto semestres) e um B (último semestre).
No IPA, onde recebeu homenagem recentemente, foi um aluno
reservado, mas de boas lembranças. "Estou bem faceira em poder
dizer que ele foi meu aluno. Sofri
para provar para os guris que minha cadeira não era brincadeira,
mas ele sempre foi quieto e sério",
conta Vera Campos, 65, que ensinou recreação a Scolari.
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