São Paulo, domingo, 10 de março de 2002

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Técnico da seleção passou raspando no vestibular e foi professor "paizão"

Scolari, aluno e mestre

FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A CAXIAS DO SUL

O surrado epíteto "professor", usado pelos jogadores para se referirem aos técnicos de futebol, um dia caiu como uma luva para Luiz Felipe Scolari.
Muito antes de virar treinador da seleção brasileira e liderar craques milionários, o gaúcho de Passo Fundo ensinou educação física a crianças e adolescentes de primeiro e segundo graus e de magistério no interior do RS.
Scolari foi professor durante seis anos, de 1974 a 1980, no colégio estadual Cristóvão de Mendoza, em Caxias do Sul.
Deixou uma imagem muito próxima da que hoje ainda carrega: a de um profissional disciplinador, "paizão" e temperamental.
Para chegar à condição de mestre, cursou por quatro anos a Escola de Educação Física do IPA (Instituto Porto Alegre), na capital gaúcha, na qual se formou em 74. A entrada na faculdade foi sofrida como as decisões que marcaram a carreira do técnico.
Scolari, que na época tinha que dividir os estudos com as atividades de zagueiro do Aimoré, teve notas baixas nas provas teóricas (3 em matemática e em física, 3,4 em português) e entrou no IPA raspando, graças às provas práticas, obrigatórias no curso.
E a força, espécie de carimbo de suas equipes, foi decisiva para que conseguisse a vaga. A maior nota obtida por ele no vestibular foi em arremesso de peso, um 9 -no teste com bola, o objeto que lhe levaria à fama, obteve 8,5.
Foi 43º entre os 50 que entraram na turma de Educação Física e Técnica Desportiva em 1971. Nos quatro anos de curso, teve notas sempre boas. Conseguiu um 9 em psicologia da educação 1. Teve ainda 9,1 em recreação 2 e em socorros urgentes e 9 em voleibol.
Na cadeira futebol, alvo de seu trabalho de graduação, conseguiu 8,9 (terceiro semestre), dois conceitos A (quarto e quinto semestres) e um B (último semestre).
No IPA, onde recebeu homenagem recentemente, foi um aluno reservado, mas de boas lembranças. "Estou bem faceira em poder dizer que ele foi meu aluno. Sofri para provar para os guris que minha cadeira não era brincadeira, mas ele sempre foi quieto e sério", conta Vera Campos, 65, que ensinou recreação a Scolari.


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