São Paulo, domingo, 10 de março de 2002

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FUTEBOL

Comportamento emocional

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

A Islândia é tão ruim e esquisita, que o treino serviu para confundir ainda mais. Nada mais chato para um jogador do que atuar contra esse tipo de adversário.
A Islândia jogou com dez na defesa. Geralmente, essas equipes atrapalham e resistem somente um tempo. Ainda mais com aquele calor. Na segunda etapa, taticamente Scolari escalou o time para jogar contra a Islândia e não para disputar a Copa. A equipe ficou com três atacantes, dois meias-ofensivos, apenas um volante e com os ótimos cruzamentos do Kléber.
No primeiro tempo, Paulo César, como sempre, só avançava pelo meio. Esse foi o principal motivo de a equipe afunilar tanto o jogo, como reclamou o treinador.
Há bons jogadores que brilham quando enfrentam uma "vaca atolada", depois somem contra fortes equipes. Isso é devido principalmente às características do atleta. Parecem craques, mas não são. Existem os que não brilham contra fracos nem contra fortes times. Esses são ruins mesmos.
Há ainda os que jogam da mesma maneira, contra qualquer adversário. Kaká é um deles. Contra a Islândia, fez o que faz sempre e o que poderá fazer na Copa. Quando a seleção brasileira de juniores enfrentava fracas equipes, Kaká era o que menos se destacava. Os outros aproveitavam e deitavam e rolavam.
França não brilhou, mas jogou como no São Paulo: errou vários lances, o que é habitual, mas deixou o Belletti e o Kaká na cara do gol, o que também é comum. Quase fez um belíssimo gol ao seu estilo. Porém, como atacante, não aproveitou a galinha-morta para dar show e fazer gols. Provavelmente faria um ou dois gols no segundo tempo, quando a partida ficou muito fácil.
Falta ao França a ambição dos grandes jogadores. Ao contrário do Kaká, não se empolgou com a oportunidade. O comportamento emocional fez a diferença.
França perdeu a chance. Veremos alguns bons jogadores no Mundial, como Washington, Marcelinho Paraíba, Élber e Edílson, mas não veremos um jogador excepcional e especial como França. São os imprevistos do futebol e da vida.

Evolução nas convocações
Depois do jogo com a Islândia, é hora de dar palpites. De psicólogo, médico, louco e técnico da seleção, todo mundo tem um pouco.
Tentarei adivinhar os jogadores que irão ao Mundial. Para o gol devem ir Marcos, Dida e Rogério. Júlio César ficará para 2006. Na zaga, há seis jogadores para cinco vagas. Anderson Polga e Edmilson, que também podem jogar de volantes, Lúcio, Roque Júnior e Juan são os mais prováveis. Cris deve sobrar.
Roberto Carlos e Cafu são os alas titulares. Scolari vai levar um reserva para cada lado (Belletti, Serginho ou Júnior) ou o Paulo César para as duas posições? Aposto em Belletti e Júnior.
Os volantes seriam Emerson, Gilberto Silva, Kleberson e Vampeta. Como Anderson Polga e Edmilson podem atuar no meio-de-campo, não será surpresa se sair um dos volantes. Vampeta é o que corre mais riscos.
Kaká conquistou o seu lugar. Rivaldo é o titular. Juninho, Alex e Djalminha lutam por uma ou duas vagas, já que em alguns jogos o time poderá atuar com dois meias ofensivos.
Na frente, tudo vai depender da dupla Romário e Ronaldo. Depois da última entrevista, fiquei mais em dúvida se o Romário será chamado. Edílson e Denílson também são certos. Élber, Washington, Luizão, Ronaldinho e Marcelinho Paraíba disputam uma ou duas vagas. Luizão (se voltar a jogar) e Marcelinho Paraíba são os mais cotados.
O time titular, hoje, seria: Marcos; Lúcio, Anderson Polga e Roque Júnior; Cafu, Emerson, Kleberson e Roberto Carlos; Rivaldo, Edílson e mais um. Ronaldo, Romário e Luizão são dúvidas. Sobraria o Élber. Provavelmente, até o Mundial, Kaká vai ganhar um lugar na equipe. Rivaldo passaria a jogar mais adiantado.
Por causa dos amistosos sem os titulares "estrangeiros", houve uma evolução na qualidade das convocações do Felipão. Sem essas partidas, Anderson Polga, Gilberto Silva, Kleberson e Kaká não teriam oportunidade de mostrar, na seleção, o ótimo futebol que praticam em seus clubes.
Penso que no grupo ainda faltam alguns jogadores como Juninho Pernambucano, Ricardinho e França. Rogério seria também o meu goleiro titular. Essa é só minha opinião. Dê também a sua. Não vale clubismo, regionalismo nem questões pessoais.
E-mail - tostao.folha@uol.com.br



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